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Para o vice-presidente da indústria de máquinas agrícolas Case IH na América do Sul, Christian Gonzalez, a falta de matéria-prima e as dificuldades logísticas que afetam o setor e provocam atrasos generalizados na entrega de tratores, colheitadeiras e outras máquinas só terão uma solução em 2022.

“Em janeiro, eu pensava que tudo estaria resolvido em maio, mas agora só vejo solução no próximo ano", diz. A montadora, que faz parte do grupo CNH Industrial, está com a carteira de pedidos fechada para este ano, ou seja, qualquer máquina comprada agora só será entregue em 2022. Na outra empresa do grupo, a New Holland, a situação é a mesma.

 

Setor de máquinas enfrenta desafios como necessidade de importação de peças, aumento do preço do aço e valorização do dólar (Foto: André Schaun)

 

Gonzalez diz que, para tentar minimizar os atrasos de entrega de máquinas neste ano, o grupo passou a trazer de avião peças e até pneus do exterior. “Não é apenas falta de matéria-prima. A questão logística também tem impactado o setor. Faltam contêineres e navios, até porque alguns têm que ficar parados quando se detecta um caso de Covid.”

A necessidade de importação de componentes para as máquinas, que chega a 40% no caso do recém-lançado trator de alta potência Magnum AFS Connect da Case IH, o aumento do preço do aço, que só neste ano passou de 35%, e a valorização do dólar geraram, é claro, uma alta no valor das máquinas.

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Gonzalez não revela o percentual de aumento, mas observa que a demanda segue alta porque o produtor está capitalizado com a valorização das commodities. “As colheitadeiras conectadas que lançamos em 2020, por exemplo, custam menos hoje em sacas de soja. O produtor está com nível altíssimo de rentabilidade e, diante disso, investe em equipamentos.”

Segundo o executivo, atualmente a Case IH não tem nenhum trator para pronta-entrega nem estoque de componentes. “É tudo em 'real time' agora. Criou-se uma instabilidade muito grande com os clientes, mas estamos gerenciando os atrasos. Neste ano, não paramos a fábrica nem um dia, mas produzimos tratores sem pneus, por exemplo", afirma.

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Gonzalez ressalta que o setor viveu uma montanha russa inédita com a pandemia da Covid-19 no ano passado, com paralisação inicial em parte do primeiro semestre. A própria Case IH parou a fábrica por um mês para ajustar os protocolos de segurança visando proteger os funcionários.

“As siderúrgicas pararam os fornos, mas logo a demanda aumentou e a recuperação veio em uma velocidade brutal. O resultado disso foi que os estoques acabaram muito rápido", conta.

As fábricas da AGCO, grupo que reúne Valtra e Massey Ferguson, também estão com a carteira de pedidos fechada para este ano, segundo disse no início do mês o vice-presidente sênior da AGCO & head global da Massey Ferguson, Luis Felli.

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De acordo com o executivo, a falta de peças ocorre desde julho do ano passado e o prazo de entregas de máquinas, que era de 60 dias, chega a 150 dias para alguns equipamentos.

Para o presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA) da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Implementos (Abimaq), Pedro Estevão Bastos, apesar dos atrasos nas entregas, o mercado de máquinas vem registrando uma recuperação muito forte nos primeiros meses do ano em relação ao mesmo período de 2020 e deve fechar 2021 com um aumento de 20% no faturamento.
Source: Rural

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