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A primeira estimativa de safra 2021/22 de laranja do cinturão citrícola de São Paulo e do Triângulo-Sudoeste Mineiro decepcionou quem esperava um grande aumento em relação à safra passada, que teve o maior recuo da história, com queda de 30,4%.

A Pesquisa de Estimativa de Safra (PES) aponta uma produção de 294,17 milhões de caixas de 40,8 kg, um aumento de 9,5% na comparação com a safra passada, que foi de bienalidade negativa. Na comparação com a média das safras, no entanto, a queda é de cerca de 35 milhões de caixas ou 10,53%.

Apesar de maior do que a anterior, colheita em 2021/22 deve ser 10,53% menor na comparação com a média das safras (Foto: Ernesto de Souza/Ed. Globo)

 

No total, foram estimados 189 milhões de pés de laranja e uma produtividade 15% maior na comparação com a reduzida safra anterior. O tamanho da fruta deve ser menor, com 157,5 gramas ante uma média de 167 gramas.

Já o número de frutas por planta subiu de 568 para 639, um aumento de 12,5%, e o total por caixa deve ficar em 259. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (27/5) pelo Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus).

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Juliano Ayres, gerente-geral do Fundecitrus, diz que a produção menor se explica principalmente pelas condições climáticas adversas pelo segundo ano consecutivo. A previsão para toda a safra é de ter apenas 70% das chuvas da média histórica.

“Apenas 30% das áreas de plantio são irrigadas. O estresse hídrico na maioria das regiões produtoras e as altas temperaturas que chegaram a 42 ºC provocaram uma maior queda dos frutos", destaca.

Segundo Ayres, a falta de chuvas e as temperaturas muito elevadas registradas durante a floração e enchimento dos frutos causam o estresse das laranjeiras, provocando desequilíbrio hormonal da planta e maior queda de frutos na primeira florada, o que compromete a safra.

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A projeção de queda de frutos é de 20,5%, um pouco menor que a da última safra (21,6%), mas maior em relação à média de 17%. A atual safra já teve quatro floradas e, em algumas regiões, pode haver uma quinta, mas a primeira e a segunda são responsáveis por 75% da produção.

A queda no número de árvores produtivas também influencia na redução da produção. Nesta safra, foram estimadas 166,56 milhões de plantas produtivas ante as 174,32 milhões da safra anterior (-4,12%), e o número total de árvores, de 189,57 milhões, também caiu 4,12%.

A área plantada, 379,4 milhões de hectares, perdeu 16,2 milhões de hectares, uma redução de 5,5%, com erradicação de plantas e abandono.

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Ayres explica que o aumento da erradicação se deve a quatro fatores: morte de árvores pela seca, aumento da incidência do greening, especialmente na região sul de São Paulo, alta na mortalidade de árvores adultas por morte súbita e declínio e alta nos preços das commodities cana, soja e milho, que atraíram produtores de laranja.

Para o especialista, a tendência dos novos plantios é mais uso de irrigação, crescimento da variedade pêra-rio, que representa 43% nesta safra, e pomares menos adensados. Em 2021, a média é de 564 plantas por hectare. Há dois anos, a média era de 700.

Vinicius Trombini, coordenador executivo do Fundecitrus, diz que a PES já leva em conta um volume de chuvas abaixo da média histórica até outubro. Os números serão revisados em levantamento que será divulgado em setembro.

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Marcos Fava Neves, professor de economia da FEA-USP de Ribeirão, uma das entidades parceiras do Fundecitrus, avalia que, diante de oferta menor e consumo um pouco maior, os preços internacionais da laranja vão ficar em bons patamares neste ano.

Ele diz que a tendência é uma demanda mais alta no mercado interno e externo, com recuperação de economias e a entrada do suco de laranja nos países emergentes. Além do Brasil, os Estados Unidos também devem ter uma oferta menor. Os dois países são os maiores produtores mundiais de citros.

“A citricultura brasileira é um dos melhores negócios para a sociedade porque, em 380 mil hectares, rende R$ 10 bilhões para o país e é sustentável. O Brasil responde por 30% da produção mundial de citros e 50% da produção de suco. Além disso, 80% do suco importado pelo mundo vem do Brasil", observa.

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Source: Rural

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