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Em função da falta de chuvas, há fazendas que projetam uma queda de 40% na safra de milho em algumas regiões do Paraná, segundo maior produtor brasileiro do cereal. A irregularidade climática afeta também as lavouras de café, que já renderiam menos este ano por causa da bienalidade negativa das plantas, além da cana-de-açúcar. A queda na produção tem impacto direto no preço de diversos alimentos, indicando uma forte chance de inflação, que pode demorar a passar.

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a prévia da inflação oficial do Banco Central, já acumula 7,27% de alta nos últimos 12 meses. Essa cifra deve ser ainda maior para os alimentos e deve continuar alta tanto por fatores climáticos quanto de mercado (dólar, exportações e oferta enxuta).

Efeitos da estiagem sobre o milho no Rio Grande do Sul em 2018 (Foto: Defesa Civil/RS)

 

As estimativas de quebra de safra no milho influenciadas pelo clima seco, por exemplo, têm efeito sobre o preço das carnes e do etanol de milho, produzido em especialmente em Mato Grosso. Para tentar limitar a alta dos custos e não repassá-los integralmente aos consumidores, frigoríficos passaram a abater aves e suínos mais leves. Fazem isso na tentativa de reduzir custos, porque a ração, cujo principal insumo é o milho, está muito cara. Com isso, esperam também que o valor nas gôndolas fique acessível para não perder o consumidor.

O peso médio dos frangos abatidos, que normalmente fica entre 3 quilos e 3,3 kg, caiu para 2,9kg. Segundo os especialistas, esse é o primeiro passo antes da redução de produção e aumento da ociosidade.

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Embora ambientalistas, como o ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, alertem para os possíveis desdobramentos negativos da emergência climática sobre a economia brasileira — com projeções de perda na casa de 17% do PIB até 2048 –, meteorologistas ouvidos pela Revista Globo Rural acrescentam outras razões para a situação do clima neste ano.

Para eles, as condições atuais serem mais secas do que o normal têm a ver com o fenômeno La Niña, conhecido por trazer irregularidades nas chuvas sobretudo no Centro-Sul do Brasil, e também com uma anomalia envolvendo os ciclones na costa do Atlântico. Via de regra, esses centros de baixa pressão se formam no oceano e levam umidade ao continente, porém, neste ano, se manifestaram em alto mar e não seguiram sua trajetória mais frequente de volta ao litoral brasileiro.

Há também quem atribua essa intensa estiagem ao aumento de desmatamento, de focos de incêndio, e defendem que tudo isso atrapalha a formação de chuva, em especial aquelas advindas da Amazônia.

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Source: Rural

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