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Simone Dameto afirma que safrinha de girassol ajuda no fortalecimento de enxames em Goiás (Foto: Acervo pessoal/Simone Dameto)

 

Preocupada com a preservação dos polinizadores, a produtora e engenheira agrônoma Simone Dameto encontrou no girassol uma saída para fazer rotação de cultura e ainda fomentar a presença de abelhas na lavoura.

Em 145 hectares de sua fazenda em Bela Vista de Goiás (GO), Simone, que também é embaixadora do Prêmio Mulheres do Agro, fez uma parceria com a apicultora e empreendedora Nathany Guimarães para, juntas, provarem que é possível a coexistência entre lavoura e polinizadores de forma equilibrada.

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O período da safrinha é a entressafra do mel. Isso significa que, em maio, quando acontece a florada do girassol, é o momento em que as abelhas precisam de alimentação em abundância para reforçar os enxames.

Há um aumento de produtividade [na soja] de 18% quando existe maior presença de polinizadores

Nathany Guimarães, apicultora e empreendedora

Para que o consórcio com a flor e a apicultura desce certo, Simone conta que conhecer a gestão da lavoura com detalhes faz a diferença. Manejo integrado de pragas, redução no uso de químicos, adoção de biológicos e janela correta de aplicações são algumas das informações a se ter na palma da mão.

“A gente só pulveriza das 4h30 às 8h, porque acredita-se que as abelhas estão circulando das 8h às 17h. Por conta dos polinizadores, seja no girassol, seja na soja, não se faz aplicações”, detalha.

A partir destes cuidados, 30 apiários foram colocados nos 145 hectares, também seguindo recomendações da apicultora. “Um lugar que pegue sol pela manhã e esteja sombreado ao sol do meio-dia é ideal para alocar os apiários, já que o sol da manhã faz as abelhas saírem mais cedo para trabalhar”, ela explica.

Quando bem feito, Nathany conta que o manejo dos polinizadores traz benefícios inclusive para a soja, mesmo sendo uma cultura auto polinizadora, ou seja, que não depende de abelhas ou outros insetos para reprodução. “A soja não produz néctar, então não dá mel, mas para o produtor há um aumento de produtividade de 18% quando existe maior presença de polinizadores”, ela afirma.

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Em agosto, quando a florada do Cerrado se encerra, a colheita do mel é farta e a biodiversidade também fica enriquecida. Portanto, o girassol é bom para a produtora, pois promove um ecossistema mais diverso e outra fonte de renda, assim como é bom para a apicultora, que tem abelhas bem nutridas sem suplementação artificial e produz mel de qualidade.

“Nos últimos anos, percebemos aumento de outras espécies que nunca tínhamos visto antes. Isso está ligado ao fato de atrair, sentir que o ambiente é propício, seguro, inclusive nas regiões no meio da mata, durante a soja, a diferença é visível”, conta Simone.

Simone Dameto mostra o resultado da polinização (Foto: Acervo pessoal/Simone Dameto)

 

Além dos apiários com enxames, a produtora também possui um hotel de abelhas na propriedade. Voltado às espécies solitárias e viabilizado pela Bayer, a estrutura de madeira é a mesma que possibilitou a descoberta de uma espécie de abelha, a Ceratina (Ceratinula) fioreseana, a menos de 400 quilômetros dali, em Água Fria de Goiás.

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Diante de tantas possibilidades para o fomento de polinizadores, o girassol não é a única alternativa. Polinizadoras em maior potencial, as abelhas melíferas são simpáticas a outros cultivos, como laranja, melão, acerola e amêndoas, entre outros.

O que é preciso, na opinião de Simone, é a boa vontade do produtor na busca por retorno em preservação e sustentabilidade. “O agricultor que ainda não enxergou isso parou no tempo”, afirma. E ainda dá o recado de que o agro jovem é mais preocupado com inovação e sustentabilidade. “Quando a gente se abre ao diálogo, isso expande fronteiras.”

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Source: Rural

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