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(Foto: Globo Rural)

 

 

 

 

A Cúpula do Clima mostrou um comprometimento maior de todos os países para mitigar as mudanças climáticas e ampliar as ações de preservação ambiental e conservação de biomas e ecossistemas pelo mundo. Os discursos e anúncios de uma agenda mais comprometida com o tema trouxeram uma expectativa positiva para as próximas décadas com a possibilidade de um desenvolvimento sustentável em seu amplo aspecto. Essa pode ser uma grande oportunidade para o Brasil, especialmente, para o agronegócio nacional.

Um exemplo desse engajamento é a retomada da agenda americana em prol da descarbonização do planeta que, entre outras estratégias, está elaborando um plano para mitigar riscos climáticos em ativos financeiros, tanto públicos quanto privados. O país pretende reduzir suas emissões pela metade até 2030 sem a necessidade de comprar créditos de carbono no mercado internacional. Uma meta ambiciosa que demandará um planejamento interno bastante minucioso.

E o Brasil tem, sem dúvida, uma chance de estar à frente desse movimento uma vez que conta com uma biodiversidade ímpar e um agronegócio que pode aliar proteção ambiental com produção segura e de qualidade. Contudo, os anúncios feitos durante a Cúpula do Clima precisam se tornar uma realidade por meio de uma agenda elaborada com a participação da cadeia do agro, garantindo assim, a neutralidade climática até 2050, e assegurando a transparência e progresso ao longo de todo o período.

No século XXI os mercados esperam que a conformidade legal seja um pré-requisito para se fazer negócios. Por isso, os principais compradores dos produtos brasileiros, bem como os grandes fundos de investimentos, pedem e esperam por ações de curto prazo e um empenho real para erradicação do desmatamento ilegal e da invasão de áreas protegidas. A taxa de desmatamento chegou em 2020 a 1,1 milhão de hectares e isso exige ações tangíveis que ampliem a fiscalização e punam os responsáveis.

De fato, o tom demonstrado na reunião é um indício de uma nova postura do país perante as questões ambientais. Além disso, o pagamento por serviços ambientais é uma medida importante que pode remunerar os produtores rurais e estimular a preservação ambiental daquilo que é conversado além do exigido por lei. Mas é preciso fazer mais! O país precisa completar a implementação do Código Florestal e agilizar a análise do CAR. Além disso, precisa utilizar os sistemas de informação e conjuntos de dados existentes a fim de agilizar processos e alcançar resultados com mais celeridade.

Os líderes mundiais demonstraram a seriedade em cumprir as metas estipuladas, em sintonia com os consumidores e investidores que estão pressionando empresas e mercados a realizarem ações efetivas para a conservação do planeta. Desse modo, o Brasil pode escolher entre retomar seu papel de líder nas questões ambientais ou ficar para trás e perder oportunidades de investimentos, crescimento, desenvolvimento e de conduzir novos mercados, como a bioeconomia.

Francisco Beduschi Neto é engenheiro agrônomo e executivo da National Wildlife Federation no Brasil (NWF).

As ideias e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do seu autor e não representam necessariamente o posicionamento editorial da revista Globo Rural.
Source: Rural

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