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(Foto: YouTube/Reprodução)

 

As melhores empresas para se trabalhar no agronegócio estão alinhadas com as práticas de sustentabilidade, social e governança (ESG) e buscando cada vez mais intensificar a comunicação com seus colaboradores e clientes.

Essa é a visão de três representantes das empresas classificadas no ranking GPTW (Great Places To Work), que contaram sobre suas práticas durante a live da Revista Globo Rural, nesta quarta-feira (5/5).

“O resultado a qualquer custo não importa mais, mas sim como estamos produzindo”, resumiu Álvaro Peixoto, diretor geral da Barenburg, campeã na categoria de Pequenas Empresas no GPTW deste ano.

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Atuando há sete anos no mercado brasileiro de sementes de forrageiras e há quatro com marca própria, a multinacional com sede holandesa já havia colocado como meta estar entre as cinco melhores empresas do agro para trabalhar.

Para alcançá-la em 2020, ano que desafiou o mercado impondo o distanciamento social, a empresa intensificou a aproximação com seus colaboradores, compartilhando ainda mais a decisão dos gestores e buscando o feedback dos funcionários.

“A pandemia trouxe um pouco afastamento, mas melhorou muito a comunicação, fazendo isso de maneira mais estruturada, com todos os líderes de equipe participando ativamente e passando a usar o feedback com principal ferramenta nesse processo (de governança)”, explicou o executivo.

Assista à live na íntegra

O ano de 2020 também foi de crescimento na governança para o Grupo Otávio Lage, que passou da sétima colocação na categoria de médias empresas na edição anterior para o quarto lugar neste ano.

“O grupo hoje está completando 72 anos de existência e tem o valor de estar próximo e de maneira simples com o colaborador. Com a pandemia, isso ficou mais distante, mas  organizamos reuniões e lives semanais com a participação ativa dos colaboradores”, contou o CEO do grupo, Rodrigo Pena.

Medidas como campanhas de vacinação para a H1N1, aumento da frota de transporte para os funcionários para evitar a aproximação, distribuição de máscaras e álcool em gel e cumprimento de todos os protocolos sanitários foram destacados pelas empresas como práticas efetivas para conter a disseminação do coronavírus ndo ambiente de trabalho.

 

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No oitavo lugar na categoria das grandes empresas no ranking GPTW deste ano, a Jalles Machado, do setor sucroalcooleiro, que conta com cerca de 3.800 funcionários, conseguiu ainda colher uma safra recorde em 2020 reforçando os protocolos de segurança.

O CEO da empresa, Otávio Lage, que ficou 21 dias hospitalizado por causa da Covid-19, diz que embora tenha sido um ano desafiador, os altos investimentos que fizeram para cuidar dos funcionários deram retorno positivo.

“Com o envolvimento e participação dos colaboradores, fizemos investimentos, gastamos muito e não nos arrependemos. Produzimos álcool em gel, não subimos o preço e fizemos doações. Com isso, crescemos, fizemos três turnos de operação para atender o mercado, fiscalizamos muito. Foram muitas ações que nos deram tranquilidade para fazer uma boa safra”, destacou Lage.

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Vacina

Os empresários foram unânimes em destacar a importância do setor privado em não concorrer com o governo na compra de vacinas contra a Covid-19. O executivo da Barenburg ressaltou que o papel da indústria é ajudar para que a campanha de vacinação cumpra os critérios de prioridade diante da escassez de doses.

“Havendo vacina disponível e a gente, como indústria, podendo ajudar, é uma questão de cidadania. Mas competir com o governo por doses é complicado e não priorizar aqueles que tem menos acesso é um problema. Esse é um trabalho que precisa ser coordenado”, afirmou Peixoto.

“O momento é de dar as mãos para que a vacinação aconteça de forma mais rápida. Não tem vacina suficiente, não cabe ao setor privado de competir com o governo. Sobrando vacina, o setor privado seria muito importante para ajudar a acelerar a vacinação, mas não para furar fila e ultrapassar os grupos prioritários”, acrescentou Pena.

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Sustentabilidade

Práticas voltadas para o social e o meio ambiente de longo prazo buscando a sustentabilidade também foram pontos cruciais para essas empresas atingirem boas colocações no ranking.

A Jalles Machado destina, todos os anos 1% do lucro bruto para questões sociais, dentre elas, a escola que financia para formar colaboradores, familiares e até mesmo futuros gestores. A empresa também reforça o comprometimento em valorizar os jovens aprendizes e estagiários de origem de Goianases, cidade onde fica a sede do grupo.

“Para a empresa crescer, o foco principal tem que ser educação, só assim teremos as grandes transformações. Aqui temos apoiado nossos colaboradores, principalmente o menor e os estagiários, para valorizar e formar a nossa mão de obra local”, salienta o CEO.

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Na área ambiental, a empresa tem investido na recuperação de matas ciliares e replantio de árvores – mais de 5 milhões , entre outras ações de preservação. Além disso, a Jalles Machado produz cana-de-açúcar orgânica dispensando o uso de adubos nitrogenados, que é destinada para a produção de açúcar orgânico.

Outra prática sustentável é a produção de vespas que, segundo o CEO, são muito mais eficientes no controle da broca-da-cana do que os produtos químicos. Além disso, a empresa usa etanol em 100% da sua frota de carros no Brasil e tem metas de ser carbono zero em todas as plantas até 2030 nas operações globais, além de produzir pelo menos 30% da própria energia.

“Estamos buscando fornecedores de embalagens recicladas. Hoje, todas as nossas embalagens são recicláveis, mas não conseguimos ainda encontrar no Brasil nem no mundo embalagens feitas de material reciclável. A logística reversa é muito complicada ainda”, comenta Peixoto.

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Por outro lado, a empresa, que busca ter tratamento de sementes 100% com produtos biológicos até 2030, se apresenta como a única atuante no Brasil que comercializa sementes de forrageiras tratadas com bionematicidas.

Já o CEO do Grupo Lage destacou uso de energia solar para geração própria em todos os setores da empresa – que trabalha com agricultura, pecuária e floresta. A interação das atividades contribui ainda mais para a sustentabilidade: os 3 mil hectares de seringueira são adubados com composto do confinamento dos animais e a empresa está ampliando o sistema de integração lavoura, pecuária e floresta (ILPF).

No âmbito social, a empresa se orgulha de promover, desde 2007, um concurso de redação para estudantes da nona série da rede municipal com a maior premiação do país (R$ 25 mil para o ganhador), o que contribuiu, segundo o grrupo, para elevar a qualidade da educação em Goianases.

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Comunicação

Outro ponto convergente entre as empresas ganhadoras foi a necessidade urgente do agro em comunicar melhor o cumprimento de suas responsabilidades ambientais e mostrar para os seus consumidores, dentro e fora do país, que o setor é sustentável e eficientes em seus processos produtivos.

“O Brasil tem feito um grande trabalho de entrar com produção orgânica, limpa e renovável.
Falta comunicação, diminuir os embates e comunicar melhor com o mundo, mostrando que o Brasil tem uma agricultura sustentável e que somos competitivos”, ressalta Lage.

“Não existe uma agricultura tão sustentável como a brasileira. Mas não trabalhamos muito com essa comunicação da imagem de sustentabilidade. Essa cadeia toda precisa se unir em prol da comunicação da nossa capacidade produtiva, mostrando o profissionalismo do produtor brasileiro, com a logística que conquistamos hoje, na qualidade de como produzimos. O Brasil é um grande player, mas a imagem que a gente tem não é a melhor, mesmo no mercado brasileiro”, completou Peixoto.
Source: Rural

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