Skip to main content

Amazônia tem uma das maiores biodiversidades do mundo (Foto: Getty Images)

 

Empresas e representantes do setor público debateram nesta terça-feira (27/04) a importância da conservação da biodiversidade sob responsabilidade do setor empresarial. O evento serviu para sinalizar uma robustez no compromisso do Brasil, tendo em vista a próxima conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade, entre os dias 11 e 24 de outubro, em Kunming, na China.

Elaborado pela Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) da ONU, o Marco Global da Biodiversidade tinha prazo para 2020 e não conseguiu atingir as metas previstas, segundo Braulio Dias, ex-secretário executivo da CDB e professor do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília (UnB).

saiba mais

Emissões de carbono são maiores do que países reportam, aponta estudo

 

“Houve muitos avanços em todo o mundo, mas falhamos em alcançar coletivamente todas as metas e a perda da biodiversidade, infelizmente, prossegue. Temos que reverter os padrões de produção e consumo que não são sustentáveis e ampliar incentivos econômicos positivos”, disse.

Leonardo Athayde, diretor de Meio Ambiente do Itamaraty, lembrou que a CDB é estruturada pelos pilares da conservação, uso sustentável de recursos e compartilhamento de benefícios, ao qual o Protocolo de Nagoya, recentemente ratificado pelo Brasil, diz respeito.

saiba mais

Brasil ratificou Protocolo de Nagoya, mas não está claro como vai cumprir

 

Para a biodiversidade se tornar um ativo mais valorizado no Brasil, a avaliação é de que estes pilares estejam alinhados ao fomento dos pagamentos por serviços ambientais (PSA). Por isso, Athayde revelou que a pasta pretende criar um fundo de repartição de benefícios combinado com o PSA, “podendo ser usado para preservação de recursos, desenvolvimento de projetos da bioeconomia e a devida remuneração a quem detém os conhecimentos associados à biodiversidade”, disse.

Andrea Alvares, vice-presidente de sustentabilidade da Natura, apontou que o Brasil tem menos de 10 anos para “entrar em uma dinâmica de reversão e depois regeneração da biodiversidade”, o que deve tornar esta uma ambição coletiva.

"Instituições financeiras têm papel muito importante, e a gente precisa assegurar que elas cumpram seu papel de entender, valorizar e avaliar a natureza, inclusive atribuindo valor intrínseco, o que inclui o pagamento por serviços ambientais”, defendeu. E ressaltou que estas instituições têm capacidade de condicionar a concessão de crédito e financiamento para modelos de negócios com impacto positivo.

saiba mais

Bolsonaro corta gastos com meio ambiente um dia após promessa em cúpula climática dos EUA

 

De acordo com Barbara Brakarz, especialista sênior em Clima e Sustentabilidade do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a biodiversidade tem sido colocada no centro das discussões do setor financeiro. “O Banco Central vai exigir que os bancos comerciais monitorem o risco climático nas suas carteiras de projeto e o BID anunciou que está trabalhando em conjunto com o BC para que a biodiversidade também entre neste monitoramento”, relatou.

Ainda que o PSA seja unanimidade entre o empresariado, Marcelo Britto, presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), ponderou que o setor financeiro ainda é muito responsável por financiar atividades do mercado de combustíveis fósseis, “alimentado por dinheiro público, na ordem de US$ 4 trilhões do Fundo Monetário Internacional (FMI)”.

saiba mais

Agro fica entre elogios e silêncio sobre o discurso de Bolsonaro

 

Para ele, esta cobrança precisa estar no horizonte das metas de preservação da biodiversidade, bem como a disponibilidade do que chamou de “capital paciente”. “Não há como fazer essas transformações necessárias do desenvolvimento em regiões como América Latina, África e boa parte da Ásia com venture capital ou com ações empresariais que precisam ser espelhadas no balanço do ano seguinte ou com capital que será investido em quatro anos”, comentou Britto.

Flávio Dino, governador do Maranhão e presidente do Consórcio de governadores da Amazônia Legal, defendeu que é preciso incluir a temática ambiental no caminho do desenvolvimento humano, e o PSA também é peça-chave. Neste sentido, ele citou o Plano de Recuperação Verde, que pretende abarcar projetos que contem com a mobilização regional, nacional e internacional para que possam ser viabilizados.

“Temos quatro eixos, de combate ao desmatamento legal, produção sustentável, tecnologia verde e capacitação e infraestrutura verde”, apresentou ao afirmar que esta estrutura possibilita “o elo entre o que está formulado em nível global com a realidade de 30 milhões de brasileiros amazônidas que precisam comer”, fazendo referência à discussão da Cúpula do Clima.

saiba mais

Coalizão internacional investirá US$ 1 bi contra desmatamento de florestas tropicais

 
Source: Rural

Leave a Reply