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Uso de gaiolas de gestação estão entre práticas que prejudicam posição das empresas, cita relatório (Foto: Divulgação / HSI)

 

A nona edição do Business Benchmark on Farm Animal Welfare (BBFAW), uma das referências internacionais na avaliação dos padrões de bem-estar animal adotados pela indústria de alimentos e restaurantes, mostra que algumas empresas ainda são muito resistentes em melhorar os padrões de bem-estar animal.

Entre restaurantes de fast food com atuação no Brasil, Habib´s e Starbucks, que aparecem respectivamente nos níveis 6 e 5 do ranking (que vai de 1 a 6, conforme o nível de adoção de práticas), mantiveram a posição de 2020. Já o Subway caiu do nível 4, em 2019, para o nível 5 na avaliação atual.

Já no setor de supermercados, o grupo Cencosud é a única empresa de varejo que atua no Brasil que não evoluiu no ranking. O grupo está estagnado no nível 6 desde a primeira avaliação, em 2018, distante de concorrentes como Carrefour e Grupo Pão de Açúcar, que figuram no nível 3.

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As empresas brasileiras produtoras de proteína animal melhoraram seus níveis de boas práticas de manejo. O destaque foi para a Marfrig, que subiu dois degraus no ranking e hoje é a empresa nacional mais bem avaliada, no nível 2.

O gerente de Agropecuária Sustentável da Proteção Animal Mundial, José Rodolfo Ciocca, ressalta a importância de promover a evolução das ações de bem-estar animal já adotadas para as empresas subirem no ranking.

No caso da Marfrig, ele cita que, em setembro de 2020, a companhia se comprometeu a adotar práticas de manejo para melhorar a qualidade da vida animal. “O compromisso se apoia em metas claras, com acompanhamento de indicadores específicos e controle de resultados, além de envolver sua cadeia de fornecedores. Tudo isso ajudou a Marfrig a elevar sua avaliação”, avalia Ciocca.

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Evolução monitorada

Desde 2012, o BBFAW é realizado com o apoio da Proteção Animal Mundial e da Compassion in World Farming e classifica 150 empresas globais de alimentos em padrões de bem-estar de animais de produção em seis níveis.

O nível 1 está no topo, demonstrando liderança em bem-estar dos animais de produção, e o nível 6 está na base, indicando empresas que ainda não reconheceram o bem-estar animal dentro do seu modelo de negócios. 

“O sistema de produção industrial intensivo tem se tornado cada vez mais importante para os consumidores e investidores. A proposta do relatório é demonstrar como as empresas estão referentes ao tema e essa evolução, ano a ano, de ações que gerem impacto na produção de animais”, explica Ciocca.

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Segundo ele, a avaliação é feita com base no que a empresa diz sobre as suas ações e boas práticas nos relatórios anuais de sustentabilidade divulgados publicamente. O que mais pesa na metodologia, explica Ciocca, é o quanto a empresa relata desse progresso.

Neste ano, 59 das 150 empresas avaliadas aparecem nos nos níveis 5 e 6, os mais baixos da avaliação, indicando que elas fornecem pouca ou nenhuma informação sobre suas políticas de bem-estar dos animais de produção.  Além disso, uma em cada cinco (31) não tem nenhuma política de bem-estar animal. A boa notícia é que 23 empresas subiram pelo menos um nível na avaliação.

Brasil

Pela primeira vez no ranking, a performance do Brasil foi melhor do que de empresas dos EUA. No entanto, ainda há muito a ser feito para melhorar práticas como o uso indiscriminado de antibióticos na produção de aves (cerca de 70% dos antibióticos produzidos são usados pela agropecuária), a falta de ambiente adequado para a criação dos animais e práticas de mutilação.

Por outro lado, quando se trata de empresas globais varejistas e de fast food, elas tendem a assumir um compromisso muito maior na Europa do que no Brasil. A justificativa disso, conforme Ciocca, está na legislação mais severa desses países com relação às práticas de bem-estar animal e, principalmente, a demanda do consumidor com maior acesso à informação.

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“Quando o consumidor come um hambúrguer de determinada rede, ele acha que tem o mesmo padrão da Europa porque é uma empresa só. Mas o frango que ele vai comer na Europa foi criado muito melhor do que o frango criado no Brasil. A certificação de bem-estar animal é mais frequente, o consumidor tem mais informações no rótulo, a questão de rotulagem e certificação são mais constantes”, explica Ciocca, ressaltando que o Brasil está começando agora e tem apenas duas certificações de compromisso com bem-estar animal.

Para estimular o acesso à informação por parte dos consumidores, a Proteção Animal Mundial criou um Guia de Consumo Consciente. Num total de 37 critérios de avaliação, o estudo considera pontos como o uso de genéticas adequadas, o confinamento extremo e o uso profilático de antibióticos, por exemplo.

Além disso, as questões relacionadas com o ambiente que despertam comportamentos anormais dos animais também são analisadas. Apenas 22% das empresas relatam o fornecimento de enriquecimento ambiental, por exemplo, a fim de prover ao animal um ambiente mais adequado para expressar seus comportamentos naturais da espécie.
Source: Rural

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