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Fruta tropical mais consumida no Brasil, a banana pode ser produzida o ano todo (Foto: Maria Laura López)

 

O mês de março foi de aumento da oferta de bananas no mercado atacadista, o que pressionou os preços do produto na maioria das principais centrais de abastecimento do país. De acordo com o boletim Prohort, editado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), se a situação se mantiver, as cotações da fruta tendem a cair ainda mais neste mês e em parte de maio, ainda que os produtores possam ter controle sobre a produção.

Segundo o Prohort de abril, divulgado na semana passada, em março, a oferta da fruta foi influenciada, principalmente, pela colheita da banana na região do Vale do Ribeira, em São Paulo, uma das principais áreas de produção no país. Além da colheita da banana prata na região de Janaúba, em Minas Gerais. Ao mesmo tempo, o mercado já sentia os efeitos da queda na demanda, explicada, em parte, pelas restrições impostas em função da pandemia.

Na Ceagesp, em São Paulo (SP), a retração foi de 6%, de acordo com o Prohort de abril. Houve também redução na Ceasa Minas, em Belo Horizonte (-17,5%), na Ceasa-RJ, no Rio de Janeiro (-6,1%), Ceasa-PR, em Curitiba (-3,64%) e Ceasa-GO, em Goiânia (-3,52%). De outro lado, houve alta na Ceasa-DF, em Brasília (+4,82%), Ceasa-PE, em Recife (+17,65%) e Ceasa-CE, em Fortaleza (+12,61%).

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"O mês de março registrou elevação da oferta em quase todas as Ceasas e queda de preços na maioria delas", informa o relatório na Conab. "Na maior parte do mês, a oferta permaneceu controlada. Os produtores e os atacadistas que venderam bananas de melhor qualidade conseguiram auferir bons preços, isso não permitiu que a rentabilidade caísse tanto, em meio ao aumento dos custos dos insumos com a desvalorização do real", acrescenta.

Um mês atrás, no Boletim Prohort referente a março, a Companhia Nacional de Abastecimento destacava que a oferta da fruta ainda estava menor. Nas primeiras semanas de fevereiro, os preços subiram no atacado. E o varejo sentiu.

Anderson de Souza, feirante que trabalha para a distribuidora Benê, confirma que o cenário é de que queda nas vendas de banana. Ainda em março, ele conta, a caixa de bananas estava entre R$ 60 e R$ 80. Antes disso, era R$ 30 ou R$ 40. E com a procura menor, ficou difícil não repassar a diferença de preços para o consumidor.

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Na banca em que Anderson trabalha, o preço da fruta varia entre R$ 6,00, R$ 8,00 e R$ 10,00, e ele diz que esses números mudam constantemente. Esta semana, no entanto, o feirante já notou uma maior quantidade de banana vindo das regiões produtoras, o que vai ajudar a segurar o aumento nos preços da fruta ainda neste mês.

“Tentamos sempre manter nesse valor para os clientes não se assustarem muito, e mesmo assim a gente tem sentido uma queda nas vendas”, afirma. Diminuição que também tem forte ligação com a queda do poder de compra da população.

Anderson de Souza, feirante da Benê bananas selecionadas (Foto: Maria Laura López)

Rodolpho Rabello, diretor da Associação Central de Fruticultores do Norte de Minas (Abanorte), sediada em Janaúba (MG), explica que o mês de março é de oferta menor da banana de Minas Gerais, já que o período é de entressafra. “Saem de 290 a 300 caminhões carregados de banana, o que na época da safra chega a quase 700 se formos considerar tanto a prata quanto a nanica.”

Em São Paulo, a safra começa entre março e abril, enquanto em Santa Catarina e Rio Grande do Sul a colheita da fruta deve acontecer no segundo semestre.

No caso da Bahia, a produção se mantém constante ao longo de todo o ano graças ao clima e ao sistema de irrigação. No restante do país as lavouras ainda dependem muito do clima.

“Santa Catarina, depois do Ciclone Bomba no final do ano passado, que atrapalhou a produção e elevou os preços da fruta, deve iniciar sua safra mais ou menos em junho ou julho. Então pode ser que a gente veja uma convergência de safras, e com o excesso de banana no mercado o produtor e o atacadista vão sentir mais a queda nos preços”, explica o representante dos produtores do Norte de Minas.

Brasil e Exterior

No entanto, esse tipo de cenário não é tão incomum. A dependência dos fatores climáticos influencia na oferta e impacta nos preços. “Esse ano existe a expectativa de que o frio pode não só chegar mais cedo como também mais forte”, ressalta Rabello. Ele também vê incerteza maior com a pandemia.

 “A banana é uma fruta acessível às classes A, B, C e D. Mas quando o preço chega nos níveis que chegaram no final de 2020 e início deste ano, não por imposição mas por uma realidade de mercado, as classes C e D acabam consumindo muito menos. Como eles vão comprar uma fruta que custa R$ 9,00/R$ 10,00 na feira ou no mercado?”, indaga.

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Em relação ao cenário externo, a postura é de cautela, afirma Edson Brok, que produz bananas no Ceará e é o brasileiro que mais exporta a fruta para a Europa. Em 2020, diz ele, eram esperados problemas maiores, mas a demanda de outros países se manteve firme no primeiro semestre e equilibrada com o mercado interno na segunda metade do ano passado.

Para 2021, o produtor avalia que as incertezas ainda são grandes. “Seguindo o que aconteceu no ano passado, as exportações devem se manter normais. No mercado interno é que ainda precisamos ver o que vai acontecer”, ressalta.

*Sob supervisão de Raphael Salomão, editor-assistente

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Source: Rural

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