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O Brasil, país que mais produz plástico na América Latina, contribui com mais de 325 mil toneladas de lixo plástico para o oceano. (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

 

Talheres, pratos, copos, sachês e canudos descartáveis que acompanham quase sempre as entregas de comida pronta por aplicativo têm incomodado grande parte das pessoas que fazem seus pedidos para serviços de entrega. É o que aponta uma pesquisa da Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec), na qual 72% dos participantes sinalizaram querer receber seus pedidos sem os itens de plástico. Além disso, 15% dos afirmam já terem deixado de solicitar esse material por causa da quantidade de itens de plástico.

Encomendada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e pela ONG Oceana, a pesquisa “Percepções sobre o plástico entre usuários de aplicativos de delivery” encabeça o movimento que pede que os aplicativos de entrega de comida se comprometam com a redução da quantidade de plástico descartável e ofereçam ao consumidor opções livres do material.

O Pnuma e a ONG estão à frente da campanha #DeLivreDePlástico. “Os aplicativos de entrega de refeição têm papel fundamental na transição para uma economia circular do plástico e na eliminação dos itens descartáveis desnecessários. Além de serem vetores da intensificação do delivery, sua capacidade de influência sobre a cadeia de valor coloca os aplicativos como importantes agentes dessa mudança.”, afirma o coordenador da campanha Mares Limpos no Pnuma, Vitor Leal Pinheiro, em comunicado.

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Resultados 

A pesquisa mostrou também que a sociedade entende que os aplicativos devem participar de iniciativas de desestímulo ao uso do plático descartável: 86% dos pesquisados declaram que essas empresas têm tanto ou mais responsabilidade do que os restaurantes. Para 56% dos clientes, aplicativos e restaurantes têm a mesma responsabilidade e 30% acham que os aplicativos possuem um papel fundamental.

Ainda segundo a pesquisa, 77% dos consumidores acreditam que os aplicativos deveriam se comprometer com metas de redução de itens de plástico descartável nos pedidos de refeições prontas. Para a maior parte dos participantes da pesquisa (82%), as empresa deveriam oferecer esses itens apenas quendo demandadas, não para todos os clientes.

Somam 88% os internautas que não gostariam de receber algum item de plástico em seus pedidos de delivery. Nessa questão, os consultados poderiam assinalar um ou mais itens. Canudos e mexedores de bebidas lideraram as menções (53%); seguidos por talheres, como garfos, facas, colheres (52%); e copos de plástico (47%). 

Além disso, mais da metade dos respondentes gostaria que as sacolas de plástico (59%) e os recipientes de isopor (52%) fossem substituídos por materiais alternativos e menos poluentes. 

“Os dados da pesquisa mostram que o consumidor quer alternativas livres de plástico, mas para isso é necessário que as empresas as ofereçam seu serviço sem plástico sem custo adicional. É direito de cada cidadão optar por não poluir e ajudar a preservar o meio ambiente”, afirma a gerente da campanha pela redução da poluição por plásticos na Oceana, Lara Iwanicki, no comunicado.

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Em meio a essa preocupação dos consumidores, empresas do setor sinalizam a adoção de iniciativas a favor de um delivery mais sustentável. A iFood, por exemplo, anunciaou a criação de um programa com o objetivo de eliminar a poluição por embalagens plásticas das suas operações e tornar-se neutra na emissão de carbono até 2025.

Uma das açõe sinclui apresentar aos consumidores soluções que visam estimular hábitos considerados mais sustentáveis. E criou um selo em seu aplicativo para reconhecer as boas práticas nos restaurantes cadastrados.

Em comunicado da empresa, Gustavo Vitti, vice-presidente de Pessoas e Soluções Sustentáveis afirma que essas iniciativas contribuem para a redução dos itens de plástico, muitas vezes enviados sem que o cliente peça e, consequentemente, descartados.

“Nos primeiros testes que fizemos, 90% dos consumidores utilizaram o recurso, o que resultou na redução de dezenas de milhares de talheres e mostra o desejo do usuário em receber menos resíduos nas suas casas”, explica o executivo.

Impactos ambientais na pandemia

Em 2020, a pandemia de Covid-19 aumentou drasticamente a demanda por delivery de alimentos no Brasil. Segundo levantamento da startup Mobills Labs, só o iFood atingiu 48 milhões de entregas por mês em 2020 e um crescimento de 63% no número de estabelecimentos cadastrados. O aumento dos pedidos fez crescer também o consumo de itens descartáveis plásticos.

O Brasil, maior produtor da América Latina, produz anualmente 3 milhões de toneladas de plásticos de uso único, dos quais 13% são produtos como pratos, copos, talheres, sacos plásticos e canudos. Isso equivale a 200 bilhões de itens por ano. A maioria não é reciclada, pois não tem valor econômico para a cadeia e, portanto, transforma-se em lixo e poluição. Assim, o país contribui com mais de 325 mil toneladas de lixo plástico para o oceano.

“A pandemia nos apresentou novas responsabilidades. Precisávamos usar ainda mais nossas ferramentas, nosso potencial de inovação, e promover soluções transformadoras que revertam os impactos socioambientais típicos de uma operação de delivery”, afirma o executivo do iFood, no comunicado da empresa.

Ainda de acordo com o executivo, a empresa pretende também incentivar o desenvolvimento de embalagens feitas de fontes renováveis. “Queremos transformar toda a cadeia de fornecimento de embalagens sem plástico no Brasil. Fomentando a cadeia nacional, da produção até a comercialização e logística, oferecendo assim, um preço competitivo às indústrias que já existem mas não possuem escala de produção e demanda”, diz.
Source: Rural

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