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Pirarucu era criado em lago artificial em casa de casal que vivia em Goiânia (Foto: Arquivo pessoal/ Priscila Sales Abuchaim)

Vive em um parque municipal de Goiânia um pirarucu de quase dois metros de comprimento e 70 kg. O animal foi deixado em um lago artificial ainda em junho de 2020. O lago de cerca de 4 mil metros quadrados virou uma atração para os moradores da capital de Goiás, que vão olhar e alimentar o peixe no Parque da Liberdade, localizado no setor Jaó, conta a presidente do conselho de segurança (Conseg) do bairro, Adriana Reis Dourado.

A área de água disponível ao animal preocupa, no entanto, a Agência Municipal do Meio Ambiente (AMMA) de Goiânia, que promete retirar o peixe do local após receber denúncias de moradores das proximidades. Adulto, o animal pode atingir três metros de comprimento e pesar cerca de 200 quilos.

“Como trata-se de um exemplar ainda filhote, o lago onde ele foi deixado ficará pequeno para abrigá-lo. Por também não ser um animal nativo da região, a presença do pirarucu pode desequilibrar o ecossistema da unidade de conservação”, informa a agência.

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Ao Conseg, moradores relataram já ter visto o peixe atacar patos que visitam a região de tempos em tempos. O pirarucu alimenta-se de frutas, vermes, insetos, moluscos, crustáceos, peixes, anfíbios, répteis e até mesmo aves aquáticas. O exemplar que está no parque de Goiânia foi criado em cativeiro durante seis anos pelo casal Priscila e Cláudio Abuchaim, em sua residência mo município.

“Tem até pessoas do bairro falando sobre como ele é um peixe dócil, reconhece humanos, sabe quando é tratado. Ele se aproxima, chega nas pessoas achando que é ração”, diz Priscila.

O animal foi um presente dela ao marido, apaixonado por pesca. Mas Priscila e Cláudio tiveram de se mudar em junho, no começo da pandemia de Covid-19, e se viram “obrigados a soltar o animal, pois não havia espaço na nova casa, nem condições de transportá-lo por longas distâncias”.

O lago foi a solução encontrada pelo casal, que, antes de tomar a decisão, consultou Willian Costa, funcionário da Agência Municipal de Meio Ambiente de Goiânia. Ele aprovou a ideia.

O pedido de autorização é necessario, de acordo com a lei. A Amma destaca que “o abandono do animal é crime de introdução de espécie exótica na natureza sem licença ou autorização do órgão competente, de acordo com a Lei de Proteção à Fauna e o Decreto 6,514/08”. 

“Nunca houve introdução de pirarucu nos parques, mas outras espécies já foram deixadas nas unidades, como patos e piranhas”, acrescenta o órgão ambiental.

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Animal de estimação

Casal criava outras espécies peixes além do pirarucu, como uma pirarara, tilápias e carpas (Foto: Arquivo pessoal/ Priscila Sales Abuchaim)

 

 

A despedida foi difícil, relata Priscila.“Por ser um animal carnívoro, nós o alimentávamos pessoalmente, como se fosse um cachorro ou um gato. Por isso, a gente criou um apego extra com ele. Se pudéssemos, ele estaria com a gente, mas infelizmente não é possível”.

“Nós o compramos em uma fazenda especializada na venda de alevinos, próxima à Goiânia. Acho que não tinha sequer 20 centímetros”, recorda. Quando se mudaram, segundo Priscila, o peixe tinha entre 30 kg e 40 kg.

Ainda de acordo com Priscila, o casal criava outras espécies, incluindo uma pirarara, outro peixe amazônico que pode ultrapassar um metro e meio de comprimento. “Como ela ainda era menor, conseguimos deixá-la na casa de um amigo, onde tem um laguinho”, conta.

No caso do pirarucu, Priscila argumenta que, pelo tamanho e por sua grande demanda por oxigênio, seria impossível deslocá-lo em um trajeto tão longo quanto fez a pirarara. Levá-lo ao lago, a menos de um quilômetro da casa onde moravam, demandou o trabalho de três homens: Cláudio, seu irmão, além de um funcionário do casal. O peixe foi colocado em uma caixa d’água, transportada por uma caminhonete até o seu atual destino.

Além do Pirarucu, o parque recebeu tilápias, carpas e lambaris que o casal também criava no lago artificial da antiga residência.

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Plano é retirar do local

A Agência Municipal de Meio Ambiente de Goiânia (AMMA) informa que, com o auxílio do departamento de piscicultura da Universidade Federal de Goiás (UFG), pretende retirar o peixe do local. Até lá, o animal receberá abrigo em tanques específicos para a espécie na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da UFG.

Para a presidente do Conselho de Segurança do Jaó, Adriana Reis Dourado, é, de um lado, uma pena que o animal não possa ficar mais tempo no Parque da Liberdade, já que se tornou uma atração. De outro, afirma que o animal corre risco no lago e que o Conseg “não tem braços para vigiar o local 24 horas por dia”.

“A diretoria ficou preocupada, porque o lago é bem pequeno e tínhamos uma certa quantidade de pássaros, mas tivemos notícia de pessoas que vieram até aqui tentar caçá-los com espingardas chumbinho. Como o pirarucu virou notícia, pode vir gente mal-intencionada tentar pescar o animal”, ela declara.

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Ainda neste mês de abril, uma tempestade que passou pela região arrastou o pirarucu para fora do lago. Imagens feitas por vizinhos, veiculadas pela TV Anhanguera, afiliada da TV Globo em Goiás, registraram o momento.

Segundo Adriana, o animal está vivo no momento graças ao resgate de trabalhadores da construção civil empregados em uma obra ao lado do Parque da Liberdade. “O animal chegou a ficar se debatendo antes de ser salvo”, ela descreve.

Pirarucu pode ser criado em cativeiro

Técnicas de desenvolvimento aprimoradas nos últimos anos levaram a um aumento na variedade de peixes aptos a viver em cativeiro. Também foi possível adaptar o manejo de criações a regiões diferentes dos locais de origem das espécies, ampliando as oportunidades de geração de renda com a atividade para produtores em todos os cantos do país.

Típico dos rios que cortam a Amazônia, o pirarucu (Arapaima gigas) já alcançou outras moradas pelo território nacional. Há exemplares no Nordeste, Centro-Oeste e em parte do Sudeste. O pescado ainda tem a seu favor a característica de se dar bem em águas com diferentes níveis de pH e concentração de sais minerais.

Contudo, mesmo dotado de bexiga natatória altamente vascularizada, que é utilizada como pulmão, o pirarucu necessita de água com bom teor de oxigênio para não ter seu crescimento prejudicado.
Source: Rural

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