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Área queimada em Altamira (PA), próximo à rodovia BR-163 (Foto: Emiliano Capozoli/Ed.Globo)

 

Líder nacional de emissões de gases de efeito estufa, o Pará também é o estado que mais emitiu avisos de desmatamento no Brasil no primeiro trimestre de 2021, de acordo com dados do Deter, ferramenta de monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Ao todo, o Estado acumula 288 quilômetros quadrados no período.

Os três municípios que mais desmataram entre janeiro e março são: Novo Progresso (59,75 km²), Altamira (57,87 km²) e São Félix do Xingu (46,63 km²). Novo Progresso e São Félix do Xingu apresentaram alta de 35,5 e 52,5%, respectivamente. Em Altamira, houve redução de 38,7%.

Os números se referem ao desmatamento e degradação, quando não apenas houve a derrubada de árvores para abertura de áreas, mas também o empobrecimento gradual da floresta devido ao corte seletivo.

A capacidade dos desmatadores é maior do que a capacidade que se tem de reprimir

Mauro O' de Almeida, secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará

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Em entrevista à Globo Rural, Mauro O' de Almeida, secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará, alega que conseguiu reduzir o desmatamento em 14% nas áreas estaduais em 2020, em comparação com 2019, mas não tem conseguido avançar no combate por falta de apoio do governo federal.

“De acordo com Lei Complementar 140 (Lei Complementar 140/2011), a gente tem o dever de fiscalizar aquilo que a gente licencia, e como o Pará tem mais de 60% das áreas federais, nós não íamos dar conta de fazer também nas áreas federais o que fazemos nas estaduais. Nós temos a clareza de que não vamos conseguir baixar o desmatamento sem o apoio do governo federal”, afirma. 

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O secretário avalia que medidas como a Garantia da Lei e da Ordem (GLO) na Amazônia, bem como a Operação Verde Brasil, organizada pelo vice-presidente Hamilton Mourão, não foram suficientes para o comando e controle do desmatamento.

Com todo aquele GLO, Verde Brasil, não foi suficiente

Mauro O' de Almeida, secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará

“Com todo aquele GLO, Verde Brasil, não foi suficiente. A estratégia era muito cara, utilizava, sobretudo, aeronaves e o dinheiro acabou. A gente fez poucas ações conjuntas, e aí fomos cuidar da nossa parte, das áreas do Estado”, explica Almeida.

A aplicação do dinheiro, segundo ele, precisa ser melhor planejada e destinada. “Para você trabalhar com aeronaves, precisa atuar em municípios com estrutura para recebê-las. Mas os municípios que têm essa estrutura estão longe do desmatamento e aí se gasta muito dinheiro. É preciso mudar essa estratégia”, defende.

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O secretário também reconhece que “a capacidade dos desmatadores é maior do que a capacidade que se tem de reprimir, sem que haja operações conjuntas”.

O que acontece no Estado, pela perspectiva de Almeida, faz parte de um processo histórico de ocupação da Amazônia. Uma mudança de cultura precisa ser acompanhada de negócios atrativos e conscientização do produtor rural.

“A partir da ocupação da Amazônia, incentivou-se o desmatamento e a pecuária, e não se observou singularidades da Amazônia e do Pará, em termos de floresta, o que ela representa, como ela se constituía e se preservava, e chegamos até o agora, seja com a mineração, com a agricultura, a pecuária”, diz.

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O Estado tem um plano para zerar a emissão líquida de gases de efeito estufa, mas o prazo foi alterado de 2030 para 2036. De olho na Cúpula do Clima, convocada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, o secretário almeja que o Brasil assuma uma postura de compreensão sobre as exigências que o mercado internacional tem feito.

“Eu espero que o governo federal faça a leitura correta do que está acontecendo no mundo e entenda, definitivamente, que mudanças climáticas e preservação na natureza, combinadas com a nova forma de produção, vieram para ficar e não podem ser negadas. Quanto mais for negada esta realidade, mais a gente vai sofrer”, conclui.

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Source: Rural

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