Skip to main content

Celi Mattei, responsável técnica na Sementes Webber (Foto: Diogo Zanatta/Ed. Globo)

 

*Publicada originalmente na edição 425 de Globo Rural (abril/2021)

Com recém-completados 38 anos à frente da área que é o coração da empresa de sua família, Celi Webber Mattei não esconde a satisfação que o trabalho lhe proporciona nem o prazer de dividir com as novas gerações de mulheres do agro sua experiência profissional.

Graduada em agronomia na Universidade Federal de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, em 1982, ela é a responsável técnica pela produção de sementes da Sementes Webber, que tem sede em Coxilha (RS) e é uma das mais importantes do segmento no Sul do País.

A empresa, que produz sementes de soja, trigo, milho e cevada, além de comercializar grãos, foi fundada em 1956 pelo pais de Celi, Setembrino e Dirce Webber. Seu irmão Lisandro cuida da administração do negócio e a irmã Eni, também agrônoma, preside o Centro Cultural e de Assistência Social Ilso José Webber, uma Oscip (organização da sociedade civil de interesse público) criada pela empresa e que desenvolve ações sociais e educacionais voltadas aos funcionários e a moradores de baixa renda de Coxilha.

saiba mais

Evento online destaca liderança feminina no agronegócio

O agro é delas: como as mulheres têm transformado o setor no Brasil

 

Por sua trajetória – de pioneirismo e superação -, Celi se tornou uma voz influente entre mulheres do agronegócio nos últimos anos, participando de congressos, grupos de discussão, fazendo palestras e ganhando prêmio. Mas, de fato, já faz algum tempo que a empresária vem plantando essa semente.

A partir de 1999, após um curso de capacitação rural, “começou a movimentar a cabeça para outras coisas”, como ela mesma diz. Isto é, passou a olhar o papel das mulheres como protagonistas e lideranças no agronegócio no País. Quatro anos mais tarde, foi convidada
para participar da diretoria do Sindicato Rural de Passo Fundo (RS). Lá, ajudou a fundar a comissão de produtoras. Chegou a ser vice-presidente da entidade e hoje é suplente no conselho fiscal.

Para Celi, a busca pelo conhecimento e pelo autoconhecimento são fundamentais para crescer na atividade e na vida pessoal, assim como ter propósito. “Desde que você esteja firme, sabendo o que faz, tendo esse conhecimento, não tem o que te impeça de fazer e de crescer”, diz.

saiba mais

Ministério reforça alerta para não plantar sementes de origem desconhecida

Análise aponta que 47% das "sementes misteriosas" têm risco ao país, diz governo

 

Ela conta que os pais, Setembrino e Dirce, hoje com 85 e 83 anos, respectivamente, chegaram à região de Coxilha em 1955, e inicialmente produziam gado, suínos, e depois trigo e soja. “Eles sempre nos incentivaram a estudar. Diziam que um dia a gente ia cuidar” do negócio, conta, acrescentando que, antes de optar por agronomia, aventou cursar psicologia.

A empresária estudou numa época em que mulheres eram raridade no curso de agronomia. “Era uma profissão mais masculina e, talvez, na cabeça do meu pai, eu fosse só trabalhar no escritório. Acabou que não foi só escritório. É campo, é plantio”, conta.

Ser uma das poucas mulheres no curso foi o menor dos desafios da gaúcha. Com apenas 20 anos, cursando a universidade e grávida da primeira filha (Celine, que é especial), ela ficou viúva. Mas não esmoreceu. Dois anos mais tarde, casou-se novamente, com João Celso Mattei. Teve o segundo filho (Rafael, que é agrônomo) poucos dias depois de apresentar o Trabalho de Conclusão de Curso e poucos dias antes da formatura em agronomia, em dezembro de 1982. Cinco anos mais tarde, teve Raquel.

A mulher vai ocupar seu espaço ao lado dos homens, não precisa ficar à frente e não precisa ficar atrás

Celi Mattei

Muita coisa mudou desde que Celi começou na atividade. Sobretudo, há hoje muito mais mulheres no agronegócio, porque elas têm se preparado e estudado para isso. “A mulher avançou. (…) Acho que a mulher vai ocupar seu espaço ao lado dos homens, não precisa ficar à frente e não precisa ficar atrás. Pode muito bem ser ao lado”, defende.
Source: Rural

Leave a Reply