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Entre 1998 e 2012, o sul da Amazônia registrou 27 dias a menos de estação chuvosa (Foto: Thinkstock)

 

 

O cuidado com o solo é um ponto fundamental para garantir a disponibildade hídrica. Uma terra sudável consegue reter mais água e realizar a evapotranspiração das plantas, o que contribui para o ciclo regular de chuvas. No entanto, as mudanças de uso da terra provocadas pelas queimadas e o desmatamento, como os vistos em biomas como a Amazônia e o Pantanal, têm alterado cada vez mais a disponibilidade hídrica no meio ambiente, afirmam especialistas.

Dados do setor de Clima e Recursos Naturais da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) apontam que, no mundo, mais de três bilhões de pessoas em áreas agrícolas de todo o mundo estão sofrendo com a baixa umidade do solo. E que, até 2050, a demanda global de água aumentará de 20% a 30%.

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Wagner Carvalho, especialista em eficiência hídrica, diz que o Brasil possui 11% de toda a água doce do planeta, e, mesmo sendo o país com maior reserva hídrica do mundo, sofre com o desabastecimento. “As queimadas destroem a flora e reduzem a capacidade do solo de absorção de água quando chove, pois a vegetação foi perdida. O solo sofre a erosão e fica menos apropriado para recomposição vegetal da superfície”, explica.

Como solução, ele sugere o telemonitoramento de água via internet nos processos de irrigação, “apontando pontos de desperdício e áreas com maior consumo, permitindo o recebimento de alarmes pelo smartphone informando vazamentos.”

Samuel Barrêto, gerente Nacional de Água da The Nature Conservancy (TNC) Brasil, reforça a importância do manejo responsável do solo e da água. “Elementos presentes nos caules, nas plantas, são essenciais para capturar o nitrogênio em estado gasoso, já que ele atua diretamente na fotossíntese”, diz. Uma vez que as plantas ficam escassas, diz ele, o nitrogênio se mistura com outros elementos e o ciclo de chuva é afetado.

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Em 2019, a Universidade Federal de Viçosa constatou que o sul da Amazônia registrou 27 dias a menos de estação chuvosa entre 1998 e 2012. “Hoje, o número deve ser ainda maior”, comenta Argemiro Teixeira, pesquisador associado ao Centro de Sensoriamento Remoto da Universidade Federal de Minas Gerais, que participou dos estudos, à época. “Esse cálculo foi feito com base em anomalias climáticas, tirando efeitos de mudanças climáticas de larga escala, como La Niña, e isolamos características de desmatamento”, detalha.

Barrêto menciona que o pico de inundação no Pantanal também tem mudado. “A gente não tem certeza se está mudando o regime de precipitação, mas temos reparado que essas médias estão alterando muito”, diz. Ele ainda exemplifica que árvores funcionam como ‘bombas de água’: “Impactando o uso do solo, você quebra essa bomba de água na atmosfera.”

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Outro fenômeno consequente do acúmulo de nitrogênio no ar é a chuva ácida. Componentes, como partículas ou gases, são liberados para atmosfera e podem se deslocar por correntes de ar, chamadas de rios voadores, para lugares que não necessariamente são poluidores. Como ocorrido em 2019, quando as partículas advindas de queimadas na Amazônia foram registradas em São Paulo.
Source: Rural

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