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Queimada no estado do Pará, na rodovia BR-163 (Foto: Emiliano Capozoli/Ed.Globo)

 

Poderia ser no Qatar, o maior emissor de gases de efeito estufa (GEE) per capita do mundo, mas é na realidade brasileira de São Félix do Xingu, no Pará, que cada morador emite 225 toneladas de dióxido de carbono equivalente por ano. O número é quase 22 vezes mais que a média de emissões brutas per capita do Brasil e seis vezes mais que a do próprio país árabe.

Os dados foram revelados pelo Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG)  uma iniciativa da organização  Observatório do Clima, em um estudo inédito voltado para as emissões municipais, considerando os 5.570 municípios brasileiros entre 2000 e 2018.

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De acordo com o estudo, o alto índice do poluente na cidade paraense está diretamente ligado às práticas assíduas de desmatamento. Apenas em 2018, São Félix do Xingu registrou 29,7 milhões de toneladas brutas de CO2 equivalente, sendo 25,44 milhões de toneladas devido a mudanças de uso da terra e 4,22 milhões de toneladas de CO2 e decorrente da pecuária.

Segundo dados do Prodes, ferramenta do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a taxa de desmatamento de todo o estado do Pará, em 2018, foi de 2.744 km².

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Amazônia

Dos dez municípios com maior emissão bruta no País, sete estão localizados na Amazônia, informação que o relatório também correlaciona com o desmatamento e as queimadas. As outras cidades são São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Serra (ES).

Ranking dos 10 municípios com maior fonte de emissão de GEE em 2018 (Foto: Reprodução/SEEG)

 

Ana Toni, diretora executiva do Instituto Clima e Sociedade, esclarece que o objetivo do estudo não é formar um ranking entre piores e melhores, mas dar instrumentos para estados e municípios tentarem chegar à neutralidade da emissão de carbono. “Os instrumentos agora estão na mão de todo mundo e o mais importante é pensar em políticas públicas”, diz.

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Também em 2018, o setor da agropecuária foi a maior fonte emissora de GEE dos municípios brasileiros, um total 3.666 municípios ou 65,8% do território nacional. Os principais municípios neste recorte são Pará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Rio Grande do Sul.

Renata Potenza, coordenadora de Projetos da Iniciativa Clima e Cadeias Agropecuárias no Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), defende que o Brasil tem aptidão e precisa explorar com mais amplitude a agropecuária de baixo carbono, para que a produção seja aliada à proteção ambiental.

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Clima

Para Márcio Astrini, diretor executivo do Observatório do Clima, o relatório é uma ferramenta para pensar as mudanças climáticas no Brasil e auxiliar estados e municípios a criar mecanismos para reduzir as emissões, inclusive pensando em compromissos com o Acordo de Paris. “Qualquer solução de clima que queiramos ter passa pelos municípios”, reitera.

Fatores como regeneração de áreas protegidas, remossões por vegetação secundária e mudanças de uso da terra, como a alteração da agropecuária para a recuperação de pastagem, tem auxiliado no sequestro de carbono.

O campeão de remoções de CO2 da atmosfera é Altamira, no Pará, com mais de 22 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente sequestrados. "Este número chama atenção para o enorme potencial que o Brasil tem para recuperação e o reflorestamento", reforça Bárbara Zimbres, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e contribuinte do SEEG.

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Source: Rural

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