Skip to main content

(Foto: Foto: Reprodução/ Aprosoja)

 

Após enfrentar atrasos para ser iniciada, a colheita de soja na safra 2020/2021 acelerou no Mato Grosso, mas passou a representar um desafio logístico. Com a concentração dos trabalhos em fevereiro e chuvas mais intensas que o normal, o escoamento da oleaginosa tem esbarrado em gargalos na infraestrutura viária e de abastecimento.

O caminhoneiro Edson Oliveira Filho, que atende a sojicultores do leste mato-grossense, conta que, em um dia ensolarado, chega a perder dois fretes enquanto aguarda no pátio da Louis Dreyfus, na cidade de Canarana.

Segundo ele, as filas nas últimas duas semanas têm sido longas. Oliveira afirma que, em situação normal, conseguiria realizar três viagens por período de trabalho para fazendeiros da região, que correm contra o tempo para cumprirem seus contratos.

saiba mais

Atraso na colheita de soja trava plantio de algodão em Mato Grosso, aponta Conab

Colheita de soja avança pouco no Brasil e agrava atraso no plantio de milho e algodão

 

Em nota à Revista Globo Rural, a Louis Dreyfus Company (LDC) declara que os grãos entregues em sua unidade de Canarana têm chegado mais úmidos, por causa do tempo chuvoso, exigindo maior tempo de secagem antes de serem armazenados. A companhia ressalta que, nesta sexta-feira (26/2), "a situação já foi normalizada na unidade”.

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Mato Grosso teve uma precipitação acima da média em fevereiro deste ano, com acumulado de chuvas de 270 milímetros ante 130 milímetros em 2020.

O contratempo se dá, entretanto, em um período decisivo para os produtores rurais do Estado. Eles já temem que os seguidos atrasos possam resultar na perda da janela de oportunidade para o início da segunda safra.

Segundo a Associação dos Produtores de Soja e Milho do Mato Grosso (Aprosoja-MT), as filas para descarregar a soja se estendem não apenas na região leste do Estado, mas também em Querência e Alta Floresta, cidades no norte e nordeste. 

saiba mais

Agroconsult projeta safra de soja do Brasil em 134 milhões de toneladas

Brasil caminha para safra recorde de soja, embora clima ainda desafie colheita

 

Pedido de melhorias

A Aprosoja-MT pede às empresas responsáveis pelo armazenamento da oleaginosa que se mobilizem para agilizar o fluxo aumentando o horário de funcionamento e mão de obra à disposição.

“Assim, o produtor, que está tentando cumprir e honrar todos os seus compromissos, não ficaria no prejuízo por questão da ineficiência de terceiros”, afirmou Fernando Cadore, o presidente da entidade.

Ainda de acordo com Cadore, o produtor se modernizou nos últimos anos, e “as tradings não seguiram o ritmo”. A associação pede, em vista disso, que as indústrias de óleos vegetais façam parcerias com os armazéns mais aptos a suportarem o fluxo nas cidades que enfrentam gargalos no escoamento.

“Os produtores mato-grossenses já tiveram prejuízos com o atraso do plantio causado pela seca em outubro de 2020, que retardou o início da colheita, pondo em risco a realização da segunda safra na janela apropriada”, sublinha.

saiba mais

Novo líder da Aprosoja-MT defende investimentos em previsão climática

Aprosoja-MT questiona patente da soja Intacta RR2 da Monsanto

 

Outro lado

Procurada pela Revista Globo Rural, a Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove) justifica os eventuais atrasos no descarregamento de soja nos municípios do Vale do Araguaia, na região Leste de Mato Grosso, devido à janela mais curta de colheita de soja e as intensas chuvas em fevereiro.

De acordo com a entidade, a oleaginosa têm chegado aos armazéns com uma umidade média entre 17% e 18%, chegando a picos de 27%, enquanto o normal é atingir, quando muito, 16%. Por isso, os grãos precisam passar mais tempo dentro de secadores.

Segundo a associação, o atraso na chegada das chuvas entre outubro e novembro do ano, ao postergar o plantio e concentrar o período de colheita, aumentou os volumes colhidos em fevereiro, agora transportados sob chuvas intensas.

A Abiove diz “garantir que a indústria está apta a acolher a oferta crescente de soja vinda dos produtores e tem realizado investimentos constantes em infraestrutura. As empresas estão trabalhando continuamente para beneficiar os grãos entregues e normalizar o tempo de descarga o mais breve possível”.

saiba mais

Abiove cria sistema para monitorar cumprimento de contratos de venda de soja

Blairo Maggi é eleito presidente de Conselho da Abiove

 

Entraves logísticos

Embora tenham opções de portos em Tocantins, Pará e Acre para escoar a produção, os sojicultores das regiões norte e nordeste do Mato Grosso têm enfrentado dificuldades com as rodovias, deterioradas pelo tráfego intenso de veículos pesados, e pelas chuvas de verão.

Na última semana, a Revista Globo Rural mostrou longos congestionamentos enfrentados por carretas carregadas do grão na BR-158, na altura do entroncamento com a rodovia estadual MT-322.

A Aprosoja/MT já havia expressado preocupação com a situação dos agricultores do Vale do Araguaia, na região leste e nordeste do Estado, por causa de um trecho não asfaltado de 121 quilômetros.

Fernando Cadore veio a público mais uma vez defender que o produtor precisa de estrutura para cumprir seus compromissos: “Depois de quatro ou cinco dias de chuva, quando abre o tempo e as condições ideais chegam, o produtor não consegue operacionalizar a colheita porque os armazéns não conseguem receber a soja”, reitera.
Source: Rural

Leave a Reply