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Soja no Porto de Paranaguá (Foto: Nájia Furlan/Portos do Paraná)

 

Depois da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) revisar sua projeção de exportações de soja para fevereiro, nesta semana, o diretor-geral da entidade, Sérgio Mendes, reconhece que existe a possibilidade do mínimo previsto para o mês não se cumprir. Ele fez a avaliação baseado em informações que considera mais conservadoras, que afirma ter recebido ainda na quinta-feira (18/2) por parte de participantes do mercado.

A Anec vem atualizando semanalmente suas projeções de exportação, levando em conta o line-up, o cronograma de embarques dos navios nos terminais portuários brasileiros, usando como referência as informações da agência marítima Cargonave. O relatório mais recente, da última quarta-feira (17/2) indicou uma expectativa de embarques entre 6 milhões e 7,99 milhões de toneladas de soja em grão. O anterior também considerada um piso de 6 milhões de toneladas, mas indicava um máximo de 7,63 milhões. 

Sérgio Mendes, no entanto, adota uma postura mais cautelosa. Fala na possibilidade de embarques mínimos de 5 milhões de toneladas de soja, um milhão abaixo do mencionado no relatório da entidade. 

“Estou considerando o número do mercado. Vamos ficar mais conservadores em relação a esse mínimo e o line-up é o line-up. Aquele número, de 6 milhões, tenho a impressão de que não será cumprido”, diz Mendes. “O line-up é um número muito bom quando está navegando às mil maravilhas. Mas começa a ter estoque de passagem baixo, preço alto e atraso na colheita, tem que tomar cuidado porque pode ter navio esperando, mas não ter soja para carregar”, alerta.

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As previsões da Anec vêm sendo feitas em meio a dificuldades no escoamento da produção de soja da safra 2020/2021. O fluxo de mercadorias até os portos vem sendo afetado pelo atraso na colheita e congestionamentos em vias importantes de escoamento da produção, especialmente no Centro-oeste do Brasil.

Com a soja demorando mais a chegar nos terminais, o ritmo de exportação do Brasil está menor neste ano. Em janeiro de 2021, foram exportadas 49,498 mil toneladas de soja em grão. No mesmo mês em 2020, 1,397 milhão, de acordo com o sistema Agrostat, do Ministério da Agricultura (Mapa).

Em fevereiro, o volume ainda está aquém do ano passado. Até a segunda semana do mês, foram 550,96 mil toneladas. Pela média diária (55,09 mil toneladas), é 79,16% a menos que no mesmo mês em 2020, segundo o Ministério da Economia.

A safra de soja 2020/2021 é estimada em 133,817 milhões de toneladas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), e tem sido marcada por um elevado volume de comercialização antecipada da produção. Em Mato Grosso, por exemplo, chegou a 71,76% do previsto, de acordo com dados divulgados pelo Instituto de Economia Agropecuária do Estado (Imea), no início deste mês. 

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Questionado sobre eventuais riscos de não cumprimento de contratos, por conta do atraso na colheita da soja, Sérgio Mendes, da Anec, afirma que, até o momento, a situação está sob controle. Mas admite que já existe uma preocupação com a possibilidade de pagamento do chamado demourrage, a taxa cobrada quando há demora nas operações de carga e descarga do navio no porto.

“Estamos exportando menos apenas por conta do atraso na colheita. As condições comerciais são boas”, diz Mendes, destacando que os preços estão em níveis elevados e a demanda segue firme. “Por enquanto, a situação está sob controle, mas a demourrage é uma preocupação”, acrescenta.
Source: Rural

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