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(Foto: Reprodução/TV Globo)

 

 

 

Atualmente em discussão no Ministério da Agricultura, a liberação para a importação de gado vivo do Paraguai para contornar a falta de animais prontos para abate no Brasil teria pouca ou nenhuma capacidade de influenciar nos preços da arroba brasileira, cotada atualmente em patamares recordes.

Com um rebanho equivalente a cerca de 6% do efetivo de bovinos existente atualmente no Brasil, o país pode ver a sua arroba, atualmente 16% mais barata, alinhar-se aos preços brasileiros em pouco tempo – anulando possíveis ganhos com a abertura das importações.

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“Como o rebanho do Paraguai é muito menor, a partir do momento que você começa a comprar gado do Paraguai é muito provável que ocorra o aumento da arroba paraguaia também”, destaca o analista de pecuária da Stonex, Caio Toledo.

Segundo dados do governo do Paraguai, em 2019 o país possuía um rebanho de 13,8 milhões de cabeças de gado. O volume corresponde a menos da metade do volume de abates registrados no Brasil naquele ano, de 32,45 milhões de cabeças de gado.

 

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“Caso isso aconteça e a gente de fato importe gado bovino do Paraguai, vai ser algo de curtíssimo prazo e que a médio prazo o próprio mercado vai entender o que está acontecendo, sem perdurar por muito tempo”, observa Toledo.

Segundo ele, o pedido de liberação das importações pela indústria tem mais efeito simbólico do que econômico sobre a cadeia, sinalizando que a situação no mercado brasileiro teria chegado ao limite. “Em termos práticos, não sei se vai funcionar tanto. Acho que é muito mais uma mensagem do que algo que de fato vá acontecer”, observa o analista.

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E o recado foi dado já na balança comercial de janeiro, quando as importações brasileiras de bovinos e bubalinos vivos registraram crescimento de 202,4% ante igual período do ano passado, com 6,3 toneladas. Um número pequeno, mas que sinaliza uma procura.

No acumulado de 2020, foram 26,3 toneladas, pouco mais que o dobro do registrado em 2019. Os números, segundo a diretora-executiva da Agrifatto Lygia Pimentel, refletem a diferença de preços do Brasil em relação a seus pares na América do Sul. Segundo ela, o atual cenário favorece a procura por animais de outros países, o que pode representar riscos sanitários ao Brasil.

Para importar formalmente é necessário estar a par das exigências sanitárias, e isso inclui vacinação contra febre aftosa. Mas a gente sabe que informalmente a fronteira seca favorece o trânsito de animais de tempos em tempos.  E o risco maior está aí

Lygia Pimentel, diretora-executiva da Agrifatto

Reação no campo

A questão sanitária também é a principal preocupação dos pecuaristas brasileiros, que não receberam bem a notícia de uma possível abertura do mercado interno ao gado paraguaio.

“A gente é contra essas medidas porque tivemos um trabalho intenso de sanidade, com o trabalho grande que o Ministério da Agricultura, para tirar a vacinação e fazer a gente voltar tudo atrás e correr riscos de doenças, principalmente aftosa”, diz o presidente da Associação de Criadores de Gado do Mato Grosso (Acrimat), principal Estado produtor do país.

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Segundo ele, o setor não foi consultado sobre a possibilidade de abertura das importações de gado paraguaio. “O que chama atenção é principalmente o aspecto sanitário. O mercado é livre e cada um tem que procurar o que é melhor. Mas não existe animal pronto porque não tem animal pronto mesmo. Tivemos dois anos de seca violenta”, destaca o pecuarista.

Segundo o Ministério da Agricultura, caso seja aprovada, a autorização para importação de gado vivo do Paraguai será válida para qualquer empresa que cumpra os requisitos sanitários estabelecidos pelo Brasil junto ao governo paraguaio – sem definição de cotas ou limites de volume.

“O Paraguai é um país reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como livre de febre aftosa com vacinação em todo o seu território. Dessa maneira, cumpre, plenamente, todas as exigências brasileiras para a importação de carne bovina”, afirmou a pasta em nota.
Source: Rural

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