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Brasil produziu 3,2 milhões de toneladas de feijão em 2020 (Foto: Ernesto de Souza/ Ed. Globo)

 

Nesta quarta (10/2), Dia Mundial dos Pulses, o vice-diretor da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) para a América Latina, Lenni Montiel, publicou em suas redes sociais a importância dessas sementes nutritivas para tornar a agricultura mais sustentável e combater a fome no mundo. “Os pulses são pequenos, mas podem desempenhar um papel essencial na realização dos objetivos do desenvolvimento sustentável.”

Mas, afinal o que são pulses? Quem responde é o Ibrafe (Instituto Brasileiro do Feijão): “São as leguminosas secas como o feijão, ervilha, lentilha e o grão-de-bico. A palavra pulses vem do latim e significa sopa grossa."

O Dia Mundial dos Pulses foi estabelecido pela Assembleia Geral das Nações Unidas para aumentar a conscientização das pessoas sobre os benefícios nutricionais desses alimentos e sua contribuição para sistemas alimentares sustentáveis ​​e um mundo sem fome.

O Brasil produziu 3,2 milhões de toneladas de feijão em 2020, é um dos maiores produtores mundiais, mas ainda engatinha na produção das outras leguminosas secas e também na exportação. O feijão carioca, o mais plantado no país, não tem mercado externo.

Marcelo Lüders, presidente do Ibrafe, diz que cerca de 95% da produção é para o consumo interno. As exportações, no entanto, vêm crescendo nos últimos anos, especialmente de feijões dos tipos caupi e mungo. No ano passado foram embarcadas cerca de 115 mil toneladas de feijão para Vietnã, Índia e Paquistão. Pela primeira vez, segundo Lüders, o Brasil exportou feijão preto. A carga de apenas 5.346 toneladas foi transportada por via seca para a Venezuela.

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O Seminário Dia Mundial dos Pulses, promovido nesta quarta pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA),  apontou que o Brasil tem potencial de aumentar muito suas exportações de pulses especialmente para a Índia, o maior consumidor mundial desses produtos. Em 2020, a Índia importou do Brasil 48 mil toneladas de feijão.

Dalci Bagolin, adido agrícola do Brasil no país asiático, disse que a Índia compra 2 milhões de toneladas de pulses, mas a maior parte (75%) são produtos que o Brasil ainda não oferta, como grão-de-bico e lentilhas. Segundo ele, das 600 mil toneladas importadas de feijão mungo e caupi, o Brasil participou com menos de 10%.

“Os protocolos para importação do Brasil estão abertos, o país cumpre os requisitos fitossanitários e tem uma inteligência de mercado na Índia construída com as exportações de caupi. Precisa aproveitar.”

Ele acrescentou que o consumo por lá está estagnado em 25 milhões de toneladas pela alta de preço dos pulses e porque os indianos com melhor renda estão se voltando para as proteínas animais. Por outro lado, o crescimento vegetativo da população é enorme e cresce também o uso de pulses em alimentos processados.

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Na China, o mercado para os pulses brasileiros ainda tem que ser aberto, segundo o adido agrícola do Brasil naquele país, Jean Manfredini. Ele disse que a soja necessária para a cadeia crescente de produção de carnes, está deslocando a produção de pulses, o que abre cada vez mais a necessidade de importação.

“Está na mesa de negociações a importação de feijão caupi do Brasil. O feijão mungo deve entrar em breve, mas outros produtos como gergelim e amendoim são muito demandados pelos chineses e poderiam ser uma chance de mercado para o Brasil.”

A Índia, com a segunda maior população do mundo, ocupa apenas a 10ª colocação no ranking de exportações anuais brasileiras, com US$ 979,2 milhões. A China, líder do ranking, é responsável por US$ 34 bilhões.

Ricardo Arioli, presidente da Comissão de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA, diz que o Brasil ainda não sabe vender seus produtos no exterior e precisa ter uma posição mais proativa no mercado internacional.

Rastreabilidade

Um dos maiores problemas da produção de feijão no Brasil, segundo Marcelo Lüders, do Ibrafe, é o uso de sementes piratas, que chega a 90%. Para combater isso e tornar a produção mais segura, o Ibrafe trabalha com instituições de pesquisa como a Embrapa e o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) para implantar um sistema de rastreabilidade. O presidente do Ibrafe diz que as sementes certificadas, além da segurança, garantem uma produtividade de 15 a 20% maior. 

“Nunca houve tantos elos da cadeia envolvidos na questão da rastreabilidade do feijão como produtores, grandes cerealistas, setor de varejo e de defensivos. Em três ou quatro anos, devem entrar em vigor os protocolos.” Lüders acredita que consumidor consciente não vai deixar de pagar R$ 1 a mais pelo quilo se tiver garantia de qualidade e procedência do feijão.

Preço

A saca de feijão carioca ultrapassou os R$ 300 e a da variedade preto está perto de R$ 350 nas últimas semanas, segundo dados do Ibrafe. Lüders afirma que, apesar de parecer um preço alto, a saca está com valor inferior ao preço histórico na paridade com a soja, com quem compete por área. A conta é a seguinte: uma saca de feijão vale 2,43 de soja. Nesta primeira safra (o feijão tem três), a área plantada de feijão caiu 43%.
Source: Rural

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