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Batatas sementes produzidas pela startup CBA Sementes, que agora recebe aporte financeiro e colaboração de uma rede de anjos investidores (Foto: CBA Sementes/Divulgação)

 

Há cerca de cinco anos, o engenheiro mecatrônico e fundador da startup CBA Sementes, Lucas Moreira, vinha explorando o mesmo sistema produtivo experimentado pela Nasa, a aeroponia, no cultivo de batatas sementes, que permite a exploração da hortaliça de forma mais sustentável.

Em 2021, após uma extensiva pesquisa sobre aportes financeiros e de rede de colaboração para alavancar os resultados, a startup conseguiu o apoio da Gávea Angels, um clube de anjos investidores liderados por membros da Harvard Angels.

“A entrada deles (dos anjos investidores) vai permitir atingir os nossos objetivos, principalmente o de ser reconhecido como produtores de batatas sementes de excelência e qualidade”, explica Moreira, que elaborou um plano de multiplicar em cinco vezes o crescimento já adquirido, até o final deste ano, com o aporte conquistado – o valor não foi informado por ele. 

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O apoio é vital para o futuro da maioria das startups. E, neste contexto, ganham força as redes de anjos investidores, que são associações sem fins lucrativos reconhecidas por concentrar um significativo smart money (dinheiro inteligente). Além do capital financeiro, seus associados contribuem com suas redes de contatos, parceiros e estratégias para suas investidas.

Os membros dos clubes de anjos são empresários, profissionais liberais, diretores de corporações que têm total liberdade de escolher as startups que querem participar das análises e das rodadas de investimento.

Sob a tutela desse grupo, as startups podem romper fronteiras locais, nacionais e até internacionais. Suas investidas-alvo são startups operacionais, altamente escaláveis, com fundadores competentes para liderar a empresa para uma nova fase de crescimento acelerado e com expertises complementares entre si.

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Segundo Maria Rita Spina Bueno, diretora executiva da Anjos do Brasil, rede em atuação no país, que congrega mais de 460 pessoas investindo em startups, a primeira coisa que o empreendedor precisa fazer para buscar novas parcerias com anjos é organizar a casa e preparar um orçamento mínimo e detalhado do que pretende fazer com o investimento.

“A partir daí, pode buscar redes minimamente estruturadas, com boas práticas, composta por pessoas que tenham diferentes expertises, para que possam discutir como fazer esse tipo de investimento”, explica Maria Rita, observando que, hoje, as redes são facilmente localizadas por redes como LinkedIn ou pelo Google.

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No caso da CBA Sementes, o trabalho começou como uma startup familiar, numa fazenda piloto em Divinópolis (SP), com a proposta de fazer uma produção disruptiva de batata semente de alta qualidade através da aeroponia.

A técnica testada pela Nasa para produzir alimentos no espaço consiste no cultivo da hortaliça com com até 98% a menos de água, que é reutilizada, bem como redução de mais de 70% do uso de nutrientes e defensivos agrícolas.

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As batatas sementes crescem mais livres, multiplicando a quantidade e com a menor presença de patógenos, o que resulta ganho de produtividade, qualidade, sustentabilidade e economia para o produtor. Hoje, a empresa atende players como a PepsiCo, com clientes em todas as regiões do país. 

Em outubro do ano passado, a empresa foi escolhida pelo time do Thought For Food The 2020 Challenge Finale, durante o World Food Day da ONU, e premiada com o título The Most Investable Company (A melhor empresa para se investir) dentre cerca de 5 mil startups de 172 países. O intuito era escolher as ideias mais inovadoras que ajudem a segurança alimentar e oferta de alimentação de qualidade no mundo até 2050.

Dinheiro + expertise

 

O produtor de grãos, Bernhard Kiep, também é um anjo investidor que colabora com startups ligadas ao agro (Foto: Arquivo Pessoal)

 

O potencial da empresa de batatas chamou atenção da Gávea Angels, uma das mais de 20 redes de anjos investidores em atuação hoje no Brasil. Produtor de grãos e pecuária de leite em Araçoiaba da Serra e Itaberá (SP), Bernhard Kiep é um dos membros do Harvard/Gávea Angels que liderou a rodada de investimentos que aprovou o aporte para a CBA Sementes.

“Sei das dificuldades de multiplicação de sementes de batata. Por isso, quando o Lucas veio com a proposta dele, percebi que ele trabalhou durante um bom tempo nisso e conseguiu fazer uma forma de multiplicar a semente de forma disruptiva”, afirma Kiep.

 

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Desde 2020, a Gávea passou a participar de quatro empresas, além da CBA Sementes. Segundo Kiep, as startups que já estão numa fase de evolução, com ideias consolidadas, carteira de clientes ativa e conhecimento do seu mercado, podem procurar clubes de anjos investidores que estejam em consonância com seus ideais para alavancar os negócios.

"Participar de uma empresa que prescreve uma evolução disruptiva tão clara para o mercado agrícola que, no futuro, poderá produzir mais, com economia de recursos e de forma mais sustentável, é um grande diferencial para investir nosso capital”, diz Kiep.

Nosso compromisso é realmente entrar nas empresas, entender bem essa ideia, o mercado e o empreendedor, e ver como podemos ajudá-los. Não apenas no aporte financeiro, mas como direcionar a ter sucesso. É um aporte financeiro com mentoria

Bernhard Kiep, empresário e membro do clube de anjos Harvard/Gávea Angels

 

 

 

Redes de anjos

 

Maria Rita, da Anjos do Brasil, também faz uma convocação para estimular pessoas que tenham algum tipo de capital para que possam começar a investir em inovação que contribua para o desenvolvimento do país.

“Muita gente pensa que é preciso ser milionário para ser anjo, mas não. Com R$ 20 a R$ 50 mil por ano, já dá para montar um portfólio. É uma maneira dos investidores diversificar suas carteiras e se envolver num ecossistema interessante”, ressalta.

Em geral, os aportes financeiros direcionados a cada startup variam de R$ 300 mil a R$ 1 milhão, a serem investidos de 12 a 18 meses. Segundo Maria Rita, o valor é o suficiente para a empresa crescer bastante e geralmente é direcionado para marketing, tecnologia para desenvolver o produto ou equipe de vendas.

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Ela ressalta ainda que, embora os investimentos em startups sejam de alto risco, pois não são se tratam de uma renda fixa, os investidores têm tido um bom retorno financeiro, além de benefícios como troca de conhecimentos por fazerem parte de uma rede especialistas em várias áreas.

A executiva destaca ainda a importância do olhar para a diversidade dentro e fora das redes de investidores. “Inovar é fazer algo diferente, dar uma nova solução para um problema. Pessoas diferentes, pensando juntos, trazem resultados muito melhores. É função de todos nós estimular mais a participação de mulheres, afrodescententes, empreendedores de periferia”, conclui.
Source: Rural

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