(Foto: Ana Cotta/CCommons)
Investidores em todo o mundo estão atentos à crescente importância do conceito ESG – do inglês “Environment, Social and Governance”, ou “Ambiente, Social e Governança”. O conceito foi gestado na Europa para viabilizar a medição de sustentabilidade e impacto social de investimentos, empresas e negócios.
ESG se materializa em um conjunto de critérios que ajudam os investidores a alinhar suas práticas às expectativas de seus acionistas e à busca de ganhos sustentáveis de longo prazo. A premissa por trás do conceito ESG é que investidores tenderão a apostar em empresas dispostas a aderir a um novo mundo, que valoriza a sustentabilidade e o impacto social.
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O crescente entusiasmo por ESG está associado a sinais de rompimento na velha lógica de que investidores não sacrificam seus retornos financeiros e empresas sempre trabalharão para maximizar esses retornos aos acionistas.
De acordo com o Relatório de Riscos Globais do Fórum Econômico Mundial, em 2008 os principais fatores de risco identificados por executivos em todo o mundo eram econômicos, como colapso do preço de ativos, elevação no preço de energia, incertezas com a globalização e a economia chinesa, etc.
Dez anos depois, quatro dos cinco principais fatores de risco identificados foram ambientais ou sociais: eventos climáticos extremos, desastres naturais, falha na mitigação das mudanças climáticas e escassez de água.
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A substituição de preocupações predominantemente econômicas por preocupações ambientais e sociais já está moldando estratégias corporativas em favor do conceito ESG. Especialistas em investimentos acreditam também que a riqueza tenderá a mudar para uma base de investidores socialmente mais conscientes, forçando empresas e negócios a buscar soluções ESG para clientes e constituintes cada vez mais exigentes em sustentabilidade.
Os padrões e métricas de classificação ESG ainda estão sendo refinados, mas ainda assim o mercado de investimentos sustentáveis aumentou acentuadamente na última década, alcançando valores estimados em mais de US$ 700 bilhões em ativos. E a expectativa é de que esse mercado cresça ainda mais à medida em se fortaleça a relação positiva entre o investimento ESG e o desempenho corporativo.
A agricultura está dentre os setores a serem mais impactados pela nova realidade de investimentos sustentáveis. Apesar dos riscos associados a desmatamento, uso imprudente de defensivos e fertilizantes, expansão exagerada de monoculturas, dentre outros, o setor agrícola tem, em especial no Brasil, enorme potencial para se destacar positivamente no fortalecimento e na consolidação dos investimentos sustentáveis.
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O Código Florestal Brasileiro, a expansão dos sistemas integrados associados a marcas-conceito como “carne carbono neutro”, e o fortalecimento da produção de bioenergia em associação a serviços ambientais qualificados, medidos e valorados – como é o caso do Renovabio, são alguns, dentre muitos exemplos que podem atrair investimentos sustentáveis na agricultura brasileira. Faltam ainda atitudes e narrativas demonstrando que a realidade ESG já chegou ao Brasil.
*Maurício Antônio Lopes é pesquisador da Embrapa
As ideias e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do seu autor e não representam necessariamente o posicionamento editorial da revista Globo Rural.
Source: Rural