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(Foto: Editora Globo)

 

Se na safra 2019/2020 a área plantada com soja no Brasil cresceu, parte foi com o desmatamento de áreas de Floresta Amazônica. É o que mostra o balanço anual do monitoramento da Moratória da Soja, divulgado nesta segunda-feira (14/12) pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), feito com base em imagens de satélite do bioma e dados de desmatamento divulgados pelo Ibama. 

O aumento do plantio de soja nessas áreas foi de 23% (equivalente a 20,2 mil hectares) em relação à safra 2018/2019, com 108,4 mil hectares em desacordo com o pacto firmado pela indústria de não adquirir grãos produzidos em áreas desmatadas após junho de 2008. “Apesar de ter uma retomada em relação ao ano passado, as taxas são muito distintas do que se tinha de deflorestamento antes de 2008”, defendeu Bernardo Pires, gerente de sustentabilidade da Abiove, ao comentar as taxas de desmatamento nos 102 municípios monitorados pelo programa. 

Em 2019 foi registrado o segundo ano consecutivo de alta nessa taxa, se aproximando de 4 mil quilômetros quadrados ao ano. Em 2008, contudo, os números apontam para um índice de desmatamento anual de quase 6 quilômetros quadrados, segundo monitoramento feito pela associação. 

“Isso mostra que realmente faz muito efeito essa política comercial de desmatamento zero. Aliás é o único programa do mundo operacional de desmatamento zero. Muita gente anuncia desmatamento zero pra 2025, 2030 e a gente já faz operacionalmente há 14 anos”, destacou Pires.

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Quando considerada a área total de soja plantada no bioma Amazônico, de 5,4 milhões de hectares, a área em desconformidade com a moratória da soja representou cerca de 2% desse montante na última safra, correspondendo por 1,5% do desmatamento total registrado no bioma após 2008, quando foi firmada a Moratória. Com base nesses números, a Abiove defende que a soja foi um vetor “pouco significativo ou quase insignificante” no desmatamento da Amazônia.

“Quando a Moratória iniciou, em 2006, havia 1 milhão de hectares com soja na Amazônia e hoje tem 5,4 milhões de hectares. Ou seja, a área aumento 4,4 milhão de hectares e apenas 108 mil foi identificada em áreas desmatadas após 2008. Ou seja, o produtor realmente usa áreas já consolidadas”, explicou o gerente de sustentabilidade da Abiove.

Estados

Por Estado, Rondônia foi o que, percentualmente, mais aumentou a área de soja em desacordo com a Moratória, com 4,5 mil hectares desmatados em 2019/2020 – avanço de 54% na comparação com 2018/2019. Em seguida vem o Mato Grosso, com 85 mil hectares (25% a mais que na safra passada) e Pará, com um avanço de 10,5% e uma área de 14,2 mil hectares desmatados de 2008 até 2009.

“O produtor realmente usa áreas já consolidadas, por vários motivos. Motivos econômicos, porque é mais fácil usar uma área aberta. Também por questões jurídicas, para evitar embargos com o Ibama, e também dificuldade comercial com o pacto da moratória da soja”, observa Pires.

Para 2020/2021, a entidade espera mais uma produção recorde de soja no país, de 132,6 milhões de toneladas, a despeito das más condições climáticas registradas em diversas regiões produtoras. “Consideramos que ainda é um pouco cedo pra fazer qualquer revisão, principalmente pra baixo em função de clima. A gente entende que existe ainda um tempo que precisamos pra observar a concretude disso”, destacou Daniel Furlan, economista chefe da Abiove.

Com um processamento 1,8% maior, de 45,8 milhões de toneladas, a entidade projeta uma produção de 34,9 milhões de toneladas de farelo de soja e 9,2 milhões de toneladas de óleo – crescimento de 2,6% e 2,3%, respectivamente.
Source: Rural

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