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(Foto: Divulgação/Centro Europeu)

 

 

O agronegócio no Brasil teve condições bastante favoráveis este ano e foi o menos afetado pela crise mundial do coronavírus. As exportações representaram 46,6% do total do Brasil, e a produção de grãos atingiu 251,2 milhões de toneladas, sendo 132,2 milhões de toneladas só de soja, colocando o Brasil como o maior produtor do mundo.

Apesar do saldo positivo da produção de grãos em 2020, a armazenagem no país continua com um grande déficit – tanto em termos absolutos, quanto em comparação com outros países. A safra brasileira continua batendo recorde de produção e nossa capacidade estática de armazenagem não acompanha este crescimento.

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A armazenagem impacta diretamente a lucratividade da produção. Quando feita corretamente, resulta em melhor manutenção da qualidade dos grãos, aumentando o poder de negociação do agricultor, o que permite melhores ganhos no momento da comercialização da produção.

Quando se tem armazenagem própria, existe também a possibilidade de redução com custos logísticos, pois a produção não precisa ser escoada no momento da safra, o agricultor tem flexibilidade em aguardar o melhor momento para a contratação de fretes, assim como escolher o momento mais apropriado para a venda de seus grãos. A ausência de armazenagem compromete em até 15% a receita dos agricultores.

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Além das vantagens mencionadas, a armazenagem no Brasil já disponibiliza aos usuários tecnologias digitais de monitoramento e controle dos grãos, potencializando ainda mais os ganhos. As soluções digitais através de painéis inteligentes com acessibilidade na nuvem, possibilita monitorar e gerenciar, em tempo real, não apenas a armazenagem, mas também todos os equipamentos existentes nas unidades de beneficiamento de grãos.

Essa conectividade gera dados e informações de suma importância, permitindo ao produtor tomar as ações corretivas necessárias e no momento ideal, evitando erros operacionais e perdas no processo. Como sabemos, é nos pequenos detalhes que se faz a lucratividade de uma safra. Gerenciar e identificar possíveis falhas de equipamentos com antecedência evita grandes danos e prejuízos da produção.

Os avanços tecnológicos abrem caminhos para uma evolução significativa do setor de armazenagem, que há anos carece de inovações

 

As inovações tecnológicas no campo não param por aí. A termometria digital é mais uma solução que traz benefícios ao produtor. Além da simples instalação, o sistema de termometria digital faz a leitura da temperatura de forma muito mais rápida e precisa quando comparado à termometria analógica (termopares). Outra vantagem é que a termometria digital não requer calibração e não possui limitação no número de sensores a serem instalados no interior dos silos de armazenagem.

Outra inovação incorporada no pós-colheita é a automação do processo de secagem, etapa fundamental para a manutenção da qualidade dos grãos. Uma secagem mal realizada pode resultar em trincas e quebras de grãos, assim como ocasionar odor de cinzas no produto, tornando-o inviável para alguns mercados.

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A automação da secagem assegura os parâmetros ideais durante todo o processo, incluindo a temperatura de secagem e a umidade final desejada para os grãos. Dessa maneira, a automação proporciona uma melhor uniformidade do processo e, consequentemente, melhor qualidade no armazenamento.

A inovação no pós-colheita traz também ganhos indiretos, como a possibilidade de aumentar potencialmente o acesso às linhas de crédito. A tecnologia de monitoramento e gerenciamento atrelado à análise de dados com inteligência artificial, gera informações valiosas e mais controle e segurança sobre a etapas do pós-colheita. Isso tende a reduzir os riscos inerentes à atividade, dando mais visibilidade aos credores e, portanto, facilitando o acesso dos agricultores ao financiamento.

Os consumidores estão cada vez mais interessados e preocupados com a origem e qualidade de seus alimentos, o que demandará rastreabilidade e qualidade dos grãos

 

Os avanços tecnológicos abrem caminhos para uma evolução significativa do setor de armazenagem, que há anos carece de inovações. Incorporar o conceito da indústria 4.0 com soluções inovadoras, atreladas aos avanços em sensoriamento e mecanização, trazem inúmeros benefícios aos produtores rurais.

Além disso, os consumidores estão cada vez mais interessados e preocupados com a origem e qualidade de seus alimentos, o que demandará rastreabilidade e qualidade dos grãos. Consequentemente, o produtor que não usar a tecnologia a seu favor terá mais dificuldades em acompanhar o mercado e ofertar um produto de qualidade e rentável para o seu negócio.

*Tadeu Vino é superintendente comercial da Kepler Weber

As ideias e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do seu autor e não representam necessariamente o posicionamento editorial da revista Globo Rural.
Source: Rural

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