Skip to main content

(Foto: Site Santo Augusto Urgente)

 

Levantamento da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal da Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul divulgado nesta quinta-feira (3/12) aponta que focos de gafanhotos foram identificados em seis municípios na região noroeste do Estado.

A análise não descarta a ocorrência de mais surtos nas cidades vizinhas e em outras regiões do Estado. Os municípios com relatos de focos são Santo Augusto, São Valério do Sul, Chiapeta, Coronel Bicaco, Campo Novo e Bom Progresso.

saiba mais

Gafanhotos atacam lavouras de soja no RS e agricultores já sofrem prejuízos

Mais duas cidades registram focos de gafanhotos no Rio Grande do Sul

 

A equipe de técnicos e fiscais que está na região desde domingo (30/11) identificou gafanhotos em 76,3% das áreas agrícolas vistoriadas e em 100% das matas nativas. Foram vistoriados 4.740 hectares, sendo 2.726 de mata nativa e 1.975 de áreas agrícolas com cultivo de soja, milho e culturas de inverno.

Nas lavouras, foi observada uma incidência média de 58,26% e uma intensidade de desfolha média de 0,35%. Segundo o levantamento, os danos são pequenos até o momento e as áreas agrícolas com mais focos apresentam desfolhamento de 10%, especialmente na bordadura com as matas nativas.

Vídeo mostra gafanhotos atacando soja no RS

 

 (Imagens: Site Santo Augusto Urgente)

“Com a manutenção de altas temperaturas e estiagem prevista devido ao fenômeno La Niña, conclui-se haver possibilidade de agravamento da infestação. É possível a necessidade da adoção de controle emergencial nas áreas agrícolas, resguardados os remanescentes naturais e devidamente observada a prevenção à saúde humana”, diz o relatório dos técnicos.

Chuva

Os técnicos esperam que a volta das chuvas após uma seca de 90 dias e o controle natural da cadeia alimentar possam amenizar os focos de gafanhotos. A chuva começou na tarde de quarta-feira (2/12) e registrou mais de 70 mm.

saiba mais

Argentina confirma novas nuvens de gafanhotos muito perto da fronteira com o RS

 

Ricardo Felicetti, chefe da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal, diz que a chuva já deu uma amenizada na mobilidade dos insetos, que também estão sujeitos ao controle por seus predadores naturais.

Ele suspeita que o aparecimento em grande número dos gafanhotos possa ser resultado de algum desequilíbrio e reforçou que, embora em alta quantidade, os insetos não são migratórios e não formam nuvens como os que atingiram a Argentina.

Mapa de focos e infestação de gafanhotos no RS

(Foto: Reprodução)

 

Sem químicos

 

 

Segundo o fiscal estadual agropecuário Alonso Duarte Andrade, que está na região com mais dez colegas, além de continuar monitorando os focos, concentrados em um raio de 5 km e espalhados em perifocos que atingem 30 km, a equipe está visitando prefeituras, sindicatos e entidades da região para tranquilizar os produtores, que ficaram muito assustados com notícias falsas disseminadas pelas redes sociais.

Vladimir Antonio Vetoratto, prefeito de São Valério do Sul e produtor rural, conta que avistou gafanhotos na sua propriedade e teve medo de perder as lavouras de soja e milho. “Tenho 61 anos e nunca vi uma infestação como essa. Me assustou muito. Falaram até em apocalipse, em castigo bíblico. Felizmente, os técnicos me tranquilizaram. Por enquanto, não tive prejuízos, mas estou alerta porque não sabemos como lidar com essa praga.”

saiba mais

Argentina quer usar satélites e radares meteorológicos para prevenir ataque de gafanhotos

 

 

Ele conta que os insetos vieram da reserva indígena de Inhacorá, de 2.800 hectares, que faz divisa com o município e já tem árvores de sua mata nativa 100% desfolhadas. “Chega de coisa ruim neste ano. Já tivemos coronavírus, seca, geada fora de época, perda de lavouras de milho", afirma.

O município teve quatro casos de Covid-19 no primeiro semestre e agora vive a segunda onda, com 30 registros de transmissão comunitária, após mais de 90 dias sem registrar nenhuma contaminação.

Os insetos foram identificados como adultos da espécie Zoniopoda iheringi e ninfas de Chromacris speciosa, ambas da família Romaleidae, que não tem hábitos migratórios, por nota técnica emitida na quarta-feira (2/12) pelo Comitê de Emergência Fitossanitária.

saiba mais

Vídeo mostra gafanhotos "bloqueando" estrada no interior da Argentina

 

Ambas as espécies estão sendo mantidas no Laboratório de Manejo Integrado de Pragas da UFSM para estudos e, segundo a nota, está momentaneamente descartada a infestação pela espécie Schistocerca cancellata, que é migratória e se espalhou pela Argentina.

O órgão é composto por técnicos da Secretaria da Agricultura do Estado, Ministério da Agricultura, Laboratório de Manejo Integrado de Pragas da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Embrapa Clima Temperado e Emater/RS-Ascar.

“Tratam-se de espécies endêmicas, de ocorrência natural e que normalmente não são pragas de importância agrícola. A preferência de hospedagem das infestações está centrada nas áreas de mata nativa e vegetação espontânea”, diz a nota.

saiba mais

Segunda onda pode trazer gafanhotos ao Brasil como há 74 anos, alertam especialistas

 

 

De acordo com o entomologista Jerson Guedes, que faz parte do Comitê de Emergência Fitossanitária, é necessário esperar o efeito das chuvas fortes que atingiram a região e, como ainda não há nível de dano econômico, não se justifica o uso de agrotóxico nas lavouras de soja da região.

Guedes disse ainda que, embora haja produtos químicos registrados para a cultura, não há registro para controle dessas espécies. Caso haja a necessidade de aplicação para controle na lavoura, a compra deverá ser autorizada pelo Ministério da Agricultura pela portaria 208/2020, que trata das medidas emergenciais de controle para pragas nestes

saiba mais

Saiba por onde andam as nuvens de gafanhoto e por que o "sumiço" pode ser perigoso

 

 

Guedes ressaltou, ainda, que as espécies identificadas se alimentam basicamente da vegetação arbórea nativa, podendo desfolhar completamente árvores da espécie Ateleia glazioveana, conhecidas vulgarmente como “timbó”.

Em propriedades visitadas pelo corpo técnico em São Valério do Sul na quarta-feira, a vegetação ao redor estava desfolhada enquanto as lavouras de soja estavam praticamente intactas, sem a identificação de danos econômicos.
Source: Rural

Leave a Reply