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Pecuária: crescimento da cadeia de carnes supera o da agricultura.  (Foto: Ricardo Benichio)

 

Nos primeiros quatro meses da Safra 2020/2021 (entre julho e outubro), o volume contratado em crédito rural no Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob) somou R$ 6,4 bilhões. O valor foi 36,4% maior do que o registrado no mesmo período do ano safra anterior, quando R$ 4,7 bilhões foram concedidos em crédito pela instituição.

O Sicoob tem a expectativa de liberar até R$ 16 bilhões em crédito rural no Plano Safra 2020/2021. O valor está cerca de 33% maior do que os recursos cedidos no ano-safra anterior, quando foram disponibilizados aproximadamente R$ 12 bilhões.

Segundo Raphael Santana, gerente de agronegócios da instituição, no cooperativismo de crédito, tem havido um forte movimento, especialmente nesta safra, de um cenário de muito otimismo do produtor com o agronegócio e a produção.

“Notamos o produtor cada vez mais interessado em crédito para investimento, isso é um bom indicador de que ele está otimista com os próximos anos, afinal, quer mudar seu padrão tecnológico, comprar novas máquinas, etc“, explica Santana.

A carteira do Sicoob está dividida da seguinte forma: 66% em operações de custeio; 25% em operações investimento; 8% em operações de comercialização; e 1% em operações de industrialização. Para o ano-safra 2020/2021 essa composição deve se manter.

“O crédito de custeio não mostra o otimismo do campo, mas o investimento sim, está crescendo muito e se movimentando muito nessa safra. O produtor está crescendo muito nisso, trazendo inovação tecnológica pra sua atividade”, afirma o gerente.

Inovagro

Este ano, o programa Inovagro, que incentiva inovação e tecnologia nas lavouras, já ultrapassou a liberação em toda a safra anterior, apesar de ainda ter uma demanda baixa. Já foram R$ 105 milhões liberados em crédito nos primeiros quatro meses do ano-safra 2020/2021, um crescimento de 29% em relação ao total da temporada 2019/2020 (R$ 74 milhões).

“O produtor está crescendo muito nisso, trazendo inovação tecnológica pra sua atividade. Se tivesse mais recursos do BNDES, com certeza, esses R$ 105 milhões teriam sido ultrapassados há muito tempo. Há várias operações aguardando recomposição do limite para que possamos liberar mais” comenta Santana.

Em comparação com a safra passada, isso se deu porque os produtores estão buscando mais linhas de inovação tecnológica e adaptando suas atividades com energia renovável. Nesses casos, o carro-chefe são suínos e aves. É uma linha propícia, como citei anteriormente, à construção de galpões.

Pecuária

Do total do volume disponibilizado, R$ 4,5 bilhões (70%) foram destinados ao custeio, dos quais R$ 2,2 bilhões (aproximadamente 50%) para custeio pecuário.“Proporcionalmente, a pecuária vem crescendo mais do que agricultura, que também cresce, mas a pecuária cresce mais”, explica Santana.

Além disso, na avaliação do gerente, a pandemia reforçou o desempenho positivo que a pecuária já vinha tendo. Do ponto de vista do produtor, a pecuária foi afetada positivamente, já que aumentou o preço das carnes pros consumidores finais.

“A tendência que estamos percebendo é que a pecuária de corte, gado de corte, acaba sendo um carro-chefe, mas o financiamento de aumento de plantel de aves e suínos vem crescendo muito. Esse foi até um movimento que nós fizemos, nos aproximamos mais de grandes players da agroindústria, financiando produtores pra fazerem investimentos necessários pra aumentar a produção, no caso dos frangos e suínos principalmente”, salienta.

De acordo com Santana, nesta safra, tem crescido muito os financiamentos de expansão de planteis de suínos e aves e para galpões. Neste segmento, a demanda é maior do que a oferta de crédito. “Os produtores buscam equipamentos pra colocarem nos galpões e não é só alvenaria, a construção; eles querem equipamentos, ventiladores, bebedouros, informatização, que a agroindústria exige pra fazer integração com indústria”.

No caso da construção desses galpões, trata-se de linhas especiais que acabaram logo no início da safra e os bancos têm dificuldades em colocar nos mesmos moldes do BNDES, com prazos maiores e taxas muito baixas.

“Nosso grande desafio é criar linhas-espelho, já que a demanda está maior do que a oferta nesse caso. Custeio tem recursos em abundância, mas recurso de investimento acabam rapidamente”, afirma.
Source: Rural

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