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(Foto: Claudio Neves/APPA)

 

Apontada pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) como terceiro maior comprador mundial de milho a partir do próximo ano, a China deve passar de uma importação de 7,6 milhões de toneladas do grão para 13 milhões de toneladas, segundo o órgão americano.

Motivada pela recomposição do seu rebanho de suínos após o avanço da peste suína africana no país, a demanda chinesa deve criar, no Brasil, um novo patamar para os preços do grão durante a colheita da safrinha – quando a maior oferta tenderia a pressionar as cotações no mercado interno.

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“Com um primeiro semestre em que o cenário internacional vai estar com preços elevados em relação aos últimos anos devido à demanda da China, uma perspectiva de que câmbio permaneça acima de R$ 5 e um contexto de estoques mais apertados, o primeiro semestre tende a manter o nível elevado de preços que temos visto atualmente”, explica Victor Ikeda, analista de grãos do Rabobank.

Em suas previsões para esta nova temporada, o banco aponta um volume ainda maior que o USDA para a importação de milho do país: 24 milhões de toneladas, ante uma média 3,8 milhões nos últimos 10 anos.

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Ikeda explica que o aumento repentino da demanda chinesa está relacionado não só à recuperação do rebanho de suínos e ao aumento da produção de aves no país, mas também a uma queda na produção local que comprometeu os estoques a níveis abaixo de 70% da demanda interna.

“O grande ponto é que, nesse ciclo 2020/2021, eles tiveram uma perda de produção na safra de cerca de 5%. Isso poderia deixar os estoques deles num patamar inferior a 70% do seu consumo, o que, para eles, é um nível de segurança alimentar”, aponta o analista.

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Apesar dos efeitos sobre as cotações brasileiras, Ikeda explica que o beneficiário direto da demanda chinesa tende a ser os EUA, levando as exportações do país para 66,7 milhões de toneladas, um crescimento de mais de 47% ante o registrado em 2019/20.

“Isso também levou a uma mudança muito drástica de cenário. Inicialmente, havia uma perspectiva de que os EUA teriam o maior estoque em mais de 30 anos e, agora, a nossa perspectiva é que eles tenham o menor estoque de passagem de milho desde o ciclo 2013/14”, explica o analista.

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Ikeda também ressalta que o cenário internacional eleva os patamares mínimos de preço no Brasil, ainda que o milho safrinha se desenvolva em perfeitas condições climáticas.

“Ainda é cedo para avaliar as perdas de produtividade causadas pelo atraso no plantio da soja, mas, obviamente, isso vai deslocar uma área maior da safrinha para perto do final ou até mesmo fora da janela de plantio – o que pode impactar a produtividade caso realmente as chuvas cortem como historicamente cortam no segundo trimestre”, alerta Ikeda.
Source: Rural

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