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(Foto: Divulgação)

 

Muito conhecida na medicina, a ressonância magnética também tem sido usada para melhorar a produção no campo. E é de São Carlos, no interior de São Paulo, que um equipamento nacional sai para os campos do Brasil e outros nove países em quatro continentes.

O equipamento SpecFIT, para aplicação na agroindústria, é desenvolvido desde 2016 pela startup Fine Instrument Technology (FIT) e pela Embrapa Instrumentação. A tecnologia contribui, por exemplo, para detectar percentuais de hidrogênio ou óleo, tornando-se uma ferramenta importante para ajudar o produtor na tomada de decisão. 

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De acordo com Daniel Consalter, diretor de pesquisa e desenvolvimento da FIT, apesar de estar disponível há alguns anos, o uso da ressonância magnética para avaliação de grãos de soja, amendoim ou palma ainda encontra resistência devido à falta de conhecimento sobre o funcionamento da tecnologia.

“Quem mais usa atualmente é o pessoal de solos, [o aparelho] fica mais no laboratório. O que vai mais para campo é destinado à análise de grãos e resíduos. No caso do grão, ele avalia o peso e, de forma rápida, fatores que o produtor busca melhorar. A proposta é que, se o produtor tiver essa análise antes do mercado, conseguirá precificar melhor seu produto”, diz Consalter.

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Sem revelar o preço, o diretor da FIT afirma que o equipamento é quase 50% mais barato do que o importado, além de dar menos "dor de cabeça" do que firmar um contrato e vê-lo ser contestado pelo peso do grão por falta de verificação prévia.

“É um investimento equivalente a montar um laboratório, mas poupa o produtor de ter problemas e vai ter valor agregado, pois ajuda a direcionar a melhor finalidade do grão, ver se compensa mais vender para uma extratora ou vender o grão direto”, esclarece.

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Como funciona

Consalter, que é doutor em Física, explica que a ressonância magnética é uma tecnologia que envolve magnetismo e radiofrequência. “Basicamente, você coloca a amostra dentro do ‘túnel’ de imã e os núcleos ficam preparados para receber radiofrequência. A amostra recebe essa frequência, com se fosse uma antena, e depois manda informações. No nosso caso, a gente vê níveis de óleo e água, por exemplo”, conta.

No caso do solo, é possível conferir a capacidade hídrica, o que é estratégico para a irrigação, uma vez que a ressonância permite saber se a água depositada no solo ficará retida, por quanto tempo, se será preciso irrigar mais ou menos vezes e, ainda, se a água “lavará” algum produto, como fertilizantes ou defensivos.

A análise atualmente demora cerca de três dias e, com a ressonância, esse resultado sai em horas. No caso do grão, você vê umidade e óleo, o que ajuda na decisão de destinar a soja para farelo ou óleo e ter uma rentabilidade mais planejada

Daniel Consalter, diretor de pesquisa e desenvolvimento da FIT

 

 

Já na soja, Consalter aponta que o preço do grão muda de acordo com o percentual de proteína, que varia entre 33% e 38%. Segundo ele, o produtor poderia vender a soja com teor proteico mais elevado se fizesse a análise, mas grande parte dos produtores não faz e vende para traders pela cotação do dia. "Estes traders fazem a análise, inclusive do valor proteico para poder exportar e conseguem um preço melhor se a soja tiver uma qualidade mais elevada", diz.

Não por acaso, nestes quatro anos em que está no mercado, a FIT tem como principais clientes as indústrias estratificadores de óleo, desde pequenas até grande porte, pois “qualquer gota desperdiçada é prejuízo e o ganho na assertividade é muito grande, com payback rápido”, relata o diretor da startup, ao revelar que 55% dos clientes está no exterior.

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Uso nacional

No Brasil, o trabalho de ressonância magnética é feito pela FIT com certificadoras, inclusive pela possibilidade de avaliar vários grão de uma única vez e ao mesmo tempo. No entanto, para Consalter, o próximo passo é despertar o interesse dos produtores e das cooperativas.

“O método já é certificado, não é uma tecnologia que vai dar um número em um papel, mas vai ter análise com base no ISO 10565”, garante.

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O diretor da FIT ainda afirma que o software para utilização é de fácil operação, apenas com o treinamento concedido pela própria empresa, adaptado à realidade de quem irá utilizar. “No final de uma semana, a pessoa está sabendo operar e não precisa de especialista. Ele precisa de uma balança e o software vai dar todos os números”, resume.

Além da soja, Consalter afirma que a ressonância magnética também já vem sendo utilizada para amendoim, palma e mamona. Outra finalidade é detecção de adulteração em produtos, desde sementes até a composição do suco de uva.
Source: Rural

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