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Imagens comparativas sobre a região de São Félix do Xingu, no Pará (Foto: Reprodução/Planet)

 

Cerca de um mês depois de a Polícia Federal anunciar um contrato de R$ 49 milhões para acessar dados de satélite da empresa Planet Labs, o governo da Noruega liberou o acesso às mesmas imagens de graça. Qualquer pessoa que tenha acesso à internet poderá observar, em alta resolução, a situação de florestas tropicais de 64 países, incluindo a Amazônia, por meio de uma parceria entre a Iniciativa Internacional de Clima e Florestas da Noruega (NICFI, sigla em inglês), a empresa Kongsberg Satellite Services e a Airbus.

“A Planet tem o orgulho de fazer parceria com o NICFI para disponibilizar gratuitamente imagens de satélite de alta resolução dos trópicos para os usuários, promovendo o objetivo do NICFI de reduzir e reverter a perda da floresta tropical, combater as mudanças climáticas, conservar a biodiversidade e facilitar o desenvolvimento sustentável”, afirma a empresa em seu site.

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Em poucos cliques, é possível conferir imagens de satélite sobre o Brasil e, por exemplo, ter um comparativo da situação de São Félix do Xingu (PA) entre 2019 e 2020. No entanto, o cientista Carlos Nobre alerta que ter acesso às imagens não significa saber avaliá-las. É preciso uma equipe técnica competente, assim como acontece com os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que também cede imagens gratuitas para consulta pública.

“Lógico que acesso gratuito aos dados é uma coisa que ninguém reclama. A grande questão é que para fazer análises rigorosas é preciso de uma comunidade científica muito estruturada. A quantidade de dados gerados pela Planet é gigantesca, são terabytes de dados por dia. Não vem tudo pronto, é preciso que muitos especialistas analisem e tirem as conclusões”, diz.

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Para Luiz Aragão, chefe da Divisão de Observação da Terra e Geoinformática do Inpe, o instituto brasileiro foi pioneiro em abrir dados e a compra de novas imagens não se justifica. "Nós temos já a capacidade demonstrada de fazer a avaliação de desmatamento, queimadas, e ao mesmo tempo o orçamento do Inpe vem sendo reduzido. É um dilema comprar mais satélites e não investir na capacidade de processar esses dados", afirma.

Em entrevista à Globo Rural, Gilberto Câmara, diretor do secretariado do Grupo de Observações da Terra, órgão vinculado à Organização das Nações Unidas (ONU), também já havia alertado que a compra destas imagens não era necessária. O ex-presidente do Inpe (2006-2013) disse que “o documento [de pedido de compra] da Polícia Federal não traz nenhuma evidência que [a aquisição] seja necessária”.

Questionada pela reportagem, a Polícia Federal não retornou.
Source: Rural

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