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Em recente encontro com Tereza Cristina, a ministra da Agricultura de Portugal, Maria do Ceu Antunes, manifestou apoio público à ratificação do acordo entre Mercosul e União Europeia (Foto: Nuno Antão)

 

A visita da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, a Portugal, no início deste mês, pode ter sido o primeiro passo de uma estratégia do governo brasileiro para defender a imagem do Brasil na União Europeia, com o objetivo de viabilizar a ratificação do acordo comercial com o Mercosul. Na ocasião, a ministra portuguesa da Agricultura, Maria do Ceu Antunes, manifestou publicamente o apoio do país à conclusão do acordo.

Oficialmente, o Ministério da Agricultura (Mapa) não confirma se há uma agenda internacional da ministra neste sentido. Mas a percepção de parlamentares, lideranças e representantes de setores do agronegócio é de que o governo brasileiro tentará buscar o apoio de países que, em suas visões, estariam mais inclinados a apoiar o acordo entre os dois blocos, mencionando entre eles Espanha, Itália e Alemanha.

“São países mais pragmáticos e que sabem a importância do amadurecimento dessas relações”, observa o deputado Evair Melo (PP-ES), integrante da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA). Segundo ele, a ministra foi escolhida para liderar as negociações devido às críticas relacionadas ao papel da agropecuária no avanço do desmatamento no país.

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“Ela pegou exatamente os países que são mais cordatos e compreensivos, que é o'caso de Portugal, para atrair a confiança dos outros”, explica o ex ministro da agricultura e ex presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal, Francisco Turra. Ele avalia que o governo delegou a Tereza Cristina a missão de defender o acordo devido ao seu perfil diplomático e o conhecimento do setor.

“Ela entende tanto da questão agrícola quanto da questão ambiental, domina tecnicamente muito bem ambos os assuntos, tem experiência do parlamento e, empoderada agora com a figura de ministra, com certeza tem um currículo que pode cumprir diplomacia em qualquer área”, concorda o deputado Evair Melo.

Oposição francesa

Procurar apoio de outros países ganha importância, principalmente, depois da França se manifestar publicamente contra o acordo Mercosul-União Europeia. A avaliação dentro do governo e do próprio setor agropecuário é de que a posição francesa é uma forma de protecionismo diante da alta capacidade produção agrícola do Brasil.

“Na questão agrícola, os franceses sempre tiveram uma posição dúbia. Então não é uma novidade esse tipo de manifestação agora", aponta Lígia Dutra, superintendente de Relações Internacional da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

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Ela avalia a postura do governo de Emmanuel Macron como jogada política para agradar seu público interno. “Vivemos um momento em que os governantes estão falando pro seu público interno. E claro que teve setores na França que ficaram insatisfeitos com o acordo, principalmente o agrícola”, lembra.

Além da proximidade diplomática com o Brasil, a escolha de Portugal como primeiro destino das viagens para reverter a imagem negativa do setor tem uma razão estratégica: o país assume, a partir do ano que vem, a presidência rotativa do Conselho da União Europeia pela quarta vez desde sua criação.

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“Na negociação desse acordo, Portugal e Espanha tiveram bastante protagonismo. Quando a gente pensa no comércio com a Europa, são duas portas de entrada importantíssimas para os nossos produtos”, avalia Lígia Dutra.

O roteiro por países mais próximos do Brasil também tende a ser seguido por entidades representativas do agronegócio. O objetivo seria reforçar os aspectos positivos da produção no país, como o Código Florestal e o elevado percentual de florestas nativas.

“Quanto mais aperfeiçoarmos a conversa com a União Europeia, mais nós vamos nos empoderar e nos capitalizar para fazer ao tratamento de outras questões que forem necessárias”, conclui o deputado Evair Melo.
Source: Rural

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