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(Foto: Mapa/Divulgação)

 

Para municiar produtores e empresas com informações precisas sobre a relação entre condições climáticas e plantio, o Departamento de Engenharia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), braço de pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) no setor agrícola, lançou um novo hub de inovação para o mercado agro: o Esalq-Clima.

Com o auxílio do TempoCampo, sistema de inteligência artificial, o produtor pode entender as variáveis para uma produtividade negativa, como a temperatura ou determinada ação de manejo, por exemplo. Para chegar aos resultados, o sistema utiliza o Coeficiente de Produtividade Climática (CTC), onde softwares descrevem a fisiologia da planta e avaliam o quanto as condições climáticas têm potencial para influenciar na safra daquele ano.

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Dessa forma, é possível fazer projeções sobre a produtividade para o ano e traçar práticas de manejo, como o controle de pragas e doenças. No caso da cana, a tecnologia contribui para definir o uso de maturadores, o que aumenta o teor de açúcar na planta. Já para a soja e o milho, permite saber se a condição climática é favorável para o uso de herbicidas.

“A gente formalizou uma iniciativa que já existe dentro da instituição, de tentar criar um centro de inteligência que faça a análise do impacto do clima na agricultura. Funciona como uma espécie de guarda-chuva para o mercado, onde as atividades climáticas relacionadas ao campo ficam centralizadas nesse hub”, explica Fábio Marin, professor da Esalq, que trabalha na empreitada ao lado do pesquisador Felipe Gustavo Pilau.

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Entre os serviços, a equipe da Esalq oferece o Boletim CampoTempo, com informações diárias sobre temperatura e umidade, onde o custo varia de acordo com o tipo de serviço ou a cultura. De acordo com a instituição, agricultores que não contam com estação meteorológica próxima à propriedade também podem utilizar a ferramenta, já que os dados são obtidos através de satélite.

Outro serviço é o Índice de Vegetação da Diferença Normalizada (NDVI), técnica de sensoriamento remoto através de satélites. No NDVI, o produtor visualiza, através de mapas, a situação em cada ponto do talhão, como ataques de pragas ou se não houve germinação da planta.

Se o clima foi bom e ele não conseguiu uma boa produtividade, é porque há alguma coisa errada na parte de manejo. Então, ele precisa prestar atenção e rever suas práticas

Fábio Marin, professor da Esalq

 

Aplicação no campo

Uma das parceiras do projeto, a Nova América Agrícola utiliza as ferramentas como o CampoTempo há cerca de três anos. Localizada em Tarumã, município a cerca de 450 quilômetros de São Paulo, a fazenda possui 38 mil hectares de cana e 2,5 mil hectares de soja, além de outras culturas em menor escala.

Em 2020, os produtores decidiram adiar o início da semeadura, do dia 1 para 20 de outubro, por conta da previsão de baixos volumes de chuvas, conta o coordenador de planejamento da Nova América, Alysson Jalles. "Percebemos que o volume de chuvas seria pouco para atender a necessidade do solo, por conta da perda d'água com a evaporação. Então, jogamos um pouco para a frente com o objetivo de evitar redução de produtividade", afirmou.

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Na propriedade, as ferramentas são utilizadas para o planejamento da safra. No caso da cana, é possível fazer uma estimativa de produtividade. Para a soja, é útil para acompanhar o andamento da produção em cada estágio de desenvolvimento.

A agricultura do século 21 não pode ficar à mercê de informações. A gente tem que tomar decisões embasadas em dados, e essa tomada de decisão tem impacto positivo para a lavoura

Alysson Jalles, coordenador de planejamento da Nova América

 

Para estruturar o hub de inovação lançado de forma oficial no começo de setembro, a Esalq conta com a parceria de grandes empresas do setor agrícola, como a Raízen e a BP Bunge Bioenergia, braço de açúcar, etanol e bioeletricidade da Bunge. Segundo o pesquisador, a pressão de custos no mercado de cana-de-açúcar tem facilitado a adoção de novas tecnologias por parte das usinas, cultura com o maior uso do serviços.

“A aceitação já é muito grande porque eles percebem que isso traz valor na economia de insumos e na produtividade na safra. Depois da crise que o setor atravessou (nos anos recentes), os produtores passaram a recorrer mais à tecnologia”, finalizou Marin, da Esalq.
Source: Rural

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