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Aves não resistiram ao calor em granja localizada em Bastos (SP) (Foto: Arquivo/Granja Kakimoto)

 

A forte onda de calor que atinge diversas regiões brasileiras desde o final de setembro causou um prejuízo de grandes proporções ao avicultor Sérgio Kakimoto, de 54 anos. A estimativa é que a Granja Kakimoto, localizada em Bastos (SP), município a cerca de 540 quilômetros de distância de São Paulo, tenha perdido entre 40 mil e 45 mil animais de postura da última semana para a atual.

“Em 2012, houve um de pico de calor elevado que gerou uma mortalidade muito grande, mas em apenas um dia. Desta vez, eu ainda não tinha presenciado o que aconteceu, é algo ímpar”, disse Kakimoto à Globo Rural. A propriedade pertence à família desde os anos 1970.

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o município bateu 41,4º C no último sábado (4/10). A previsão para esta terça-feira (6/10) era de 42ºC, e a mínima, 27º. Nesta quarta (7/10), pode fazer ainda mais calor, com temperaturas variando entre 27º e 43º. O tempo quente só deve começar a arrefecer no sábado (10/10), quando a meteorologia indica variação entre 20º e 34ºC.

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Diante da situação climática, Kakimoto avalia que as perdas cheguem a 70 mil galinhas até o final de semana, cerca de 10% da produção, que varia entre 700 mil a 800 mil animais. A consequência é uma produção menor de ovos: de 48 mil a 50 mil caixas de 30 dúzias por mês, para 38 mil caixas.

“O problema começou há uma semana e parece que vai se estender até sexta-feira. Serão praticamente 10 dias de calor intenso. Se chovesse um pouco, eu estaria mais tranquilo. Mas nós não temos previsão, e essa falta de umidade favorece o aumento da temperatura”, lamenta o produtor.

Para tentar contornar o impacto do calor intenso e da falta de umidade, ele tem tentado umidificar a granja com água. “Quando a temperatura externa está em 41ºC, a galinha troca calor com o ambiente externo, mas, acima disso, ela começa a receber calor”, explica. “Além disso, a ração inicia um processo de fermentação dentro da galinha e, junto à rajada de ar quente, ela não consegue suportar, entra em fadiga e morre durante a noite mesmo.”

Perdas do produtor podem chegar a cerca de 70 mil galinhas, cerca de 10% da produção da granja (Foto: Arquivo/Granja Kakimoto)

 

Sérgio Kakimoto faz ainda um alerta aos demais produtores. Água demais no ambiente produtivo sem ventiladores adequados pode agravar o problema. “Tem gente que joga água para amenizar o calor. Só que, às vezes, você joga água e, sem vento, a galinha começa a cozinhar. Uma vez que você joga água, tem que ter ventilação”, diz. “É necessário tentar diminuir a temperatura. Não dá para baixar muito, mas uns 2ºC ou 3ºC é possível.”

Segundo ele, a reposição das aves perdidas nesse período deve levar até dois meses, tempo em que demoraram para atingir um estágio satisfatório. Além disso, as galinhas que resistem ao calor perdem parte da sua capacidade reprodutiva. “As aves que passam por essa adversidade devem ter problema energético. Até recuperar o peso e gordura, vai levar algum tempo”, prevê.

De acordo com a Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo (SAA), Bastos é o município com a maior produção de ovos do Estado, responsável por 36% do total, com cerca de 5 bilhões de unidades por ano. Sérgio Kakimoto acredita que não deve ser o único impactado e que outros produtores também acumulam prejuízos.

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Junto às perdas, soma-se os elevados custos com ração animal, como soja e milho, desde o ano passado – o que foi agravado pela valorização do dólar frente ao real durante a pandemia do coronavírus. O cenário se desenha para uma perspectiva de aumento da cotação dos ovos para o consumidor.

“A mortalidade é transversal, vai pegar um pouco de cada produtor e todos irão perder. Acredito em um impacto de 10 a 15% da sua produção (local). Se, devido ao calor,  todos perderem essa mesma quantidade, no final haverá um reajuste nos preços”, avalia.

Procurada, a Associação Paulista de Avicultura (APA) não comentou o assunto.
Source: Rural

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