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(Foto: Divulgação)

 

Embora seja apontada como uma das soluções para fazer frente à crescente cobrança internacional por sanidade e sustentabilidade na produção, a automação de frigoríficos no Brasil – e em outros países em desenvolvimento – ainda esbarra no custo.

Com mão de obra abundante e especializada, investir milhões em uma estrutura de produção altamente tecnológica pode não ser tão atrativo para empresas menores, voltadas ao abastecimento de mercados regionais.

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“Pelo conhecimento que a gente tem, a mão de obra no Brasil ainda é barata. Encontramos esse obstáculo para avançar com a automação”, observa Júlio Alves, gerente de equipamentos da Sealed Air no Brasil.

Responsável por empregar cerca de meio milhão de pessoas no Brasil, o setor de proteína animal está longe de ser um mercado uniforme. Junto com multinacionais de capital aberto, convivem milhares de pequenas empresas.

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“A indústria frigorífica bovina ficou muito tempo ultrapassada em relação a suínos e aves, principalmente aves, mas de um tempo pra cá a automação vem sendo utilizada com bastante escala na indústria bovina”, aponta Carlos Alberto Schneidewind, proprietário da Better Beef, em Rancharia, interior de São Paulo. 

Com uma linha de produção totalmente automatizada na parte de embalagem e separação, a empresa já conta com alguns braços mecânicos que ajudam no processo de desossa, ainda feito de forma “muito artesanal”, segundo o próprio empresário.

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A verdade, contudo, é que a Better Beef é uma exceção. “Vamos dizer que estamos em um processo embrionário. Não consigo precisar o percentual, mas é muito baixo. São muito poucos os frigoríficos que têm sistema totalmente automatizado”, destaca João Paulo Kronhardt, diretor da Mesal Máquinas e Tecnologia.

Ele lembra que, além da capacidade de investimento dos frigoríficos, a modernização da produção no país também passa por uma adaptação do consumidor a cortes mais padronizados. “Como fornecedor, vejo que a parte da desossa, com todo esse emprego de mão de obra que tem hoje, tem muito a trabalhar para automatizar”, reconhece.

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Além do custo, a baixa flexibilidade das linhas de produção automatiza, quando comparada à mão de obra humana, também pesa na decisão dos frigoríficos. Marcelo Suzuki, responsável global pelo centro de competência para a cadeia da proteína animal da Siemens, explica que essas estruturas têm uma capacidade máxima de produção e que, para aumentá-la, é preciso fazê-lo em “lotes”.

“Por isso, fica essa briga entre investir em máquinas ou em pessoas, qual é o mais barato, qual é o menor custo. Não chegamos nesse nível ainda, de dizer que temos uma linha inteira que não precisa de gente, mas é possível”, ressalta o executivo.

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Para o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Indústria de Alimentação e Afins (CNTA), Artur Bueno de Camargo, é uma questão de tempo para a automação avançar no setor, conforme os custos com a mão de obra aumentem no país.

“Não tenho dúvidas de que, na hora que eles conseguirem a automatização por um custo realmente menor, isso vai acontecer”, explica o sindicalista, que compara o processo da indústria frigorífica à mecanização da produção de cana-de-açúcar no país.

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“Era um trabalho praticamente escravo e, na medida que fomos exigindo água potável, refeição, transporte e fornecimento de ferramentas e equipamentos de segurança, foi encarecendo a mão de obra até compensar, realmente, a mecanização”, lembra Camargo.

“Embora a mão de obra seja barata, ela está ficando escassa também. Vemos plantas em Santa Catarina onde os frigoríficos precisam buscar seus colaboradores em cidades que ficam a 200 quilômetros de distância todos os dias. Isso mostra que essa mão de obra já está começando a ficar mais escassa e, portanto, mais cara”, conclui Alves.
Source: Rural

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