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Bartolomeu Braz, presidente da Aprosoja (Foto: Fredox Carvalho/Sistema FAEG)

 

Após anunciar seu desligamento da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), a  Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja) revelou em entrevista à imprensa, nesta quarta-feira (30/9), que está articulando uma união de "entidades da produção legal”.

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Segundo Bartolomeu Braz, presidente da Aprosoja, diferente do que estava ocorrendo por meio da Abag, “o objetivo é organizar entidades que estão produzindo e preservando”. Apesar de dizer que não revelaria quais são estas entidades, ele mencionou a Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) e a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa).

O presidente da Aprosoja disse que apenas 4% do território nacional é usado para plantio de soja, o que considera suficiente para tornar o país “campeão de produção com um modelo sustentável”. No entanto, relatou que a condução das pautas pela Abag distorcem a imagem do produtor e prejudicam a reputação do setor no exterior.

“Foi uma decisão tomada dentro das 16 Aprosojas, porque a entidade [Abag] estava denegrindo a imagem do nosso produtor. Nós não fomos a primeira entidade do agro a sair. Dentro da Abag, as organizações [não governamentais] estavam nos vencendo. Então, não vimos como continuar dentro”, explicou.

Questionado se o desligamento  pode acarretar reflexos à imagem do Brasil no exterior, Bartolomeu disse estar seguro que o rompimento não prejudica nenhum ponto. “Ao contrário, estamos querendo melhorar essa imagem”, destacou.

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Ainda sobre a forma como a Abag tem tratado o produtor rural, ele ressaltou que o agricultor precisa ser beneficiado pelas áreas que preserva e não ser punido por desmatamento e queimadas ilegais, que não retratam a grande parte dos sojicultores.

“O produtor rural tem muita floresta dentro da propriedade e esse tipo de coisa a gente tem que valorizar, e não dizer que ele será punido, dificultando o acesso ao crédito”, enfatizou. 

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Bartolomeu Braz, presidente da Aprosoja

Como forma de reconhecer o trabalho para Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal, o presidente da Aprosoja admitiu que a entidade está procurando desenvolver projetos de pagamento por serviço ambiental, “para que essas reservas continuem sendo preservadas”, mas sem o produtor pagar a conta sozinho.

Queimadas

Bartolomeu Braz foi categórico ao dizer que quem mais sofre com as queimadas é o produtor rural, não apenas pela perda da palhada que faz a cobertura de solo, mas pelo tempo que leva a recuperação das áreas. “Quando a gente perde a palhada por esses incêndios criminosos, perdemos de cinco a dez sacas de soja por hectare e demoramos cerca de cinco anos para recuperar essas áreas”, estimou.

Para ele, é importante que o produtor ilegal seja punido. “Se tiver produtor plantando sem o licenciamento, tem que ser punido. Temos que ser francos”, disse. Ainda assim, ele enfatizou que há propriedades que desmatam dentro da legalidade e acrescentou que “qualquer um pode exercer seu direito de propriedade dentro do Brasil”.

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Regularização fundiária

O presidente da Aprosoja admitiu que a complexidade do desmatamento e das queimadas ilegais se deve à falta de regularização fundiária e ao avanço do Cadastro Ambiental Rural (CAR). Na visão dele, a ausência de soluções para estes dois temas, somado à moratória da Amazônia, provoca atrasos à região e deixa seus respectivos Estados à mercê das ilegalidades.

Bartolomeu Braz se mostrou favorável a explorar economicamente as áreas da Amazônia Legal, respeitando a legislação. “A própria moratória inibe o desenvolvimento econômico da região e dos Estados da Amazônia Legal. Os governadores de Rondônia, Roraima, Maranhão, Pará, Tocantins estão nos procurando para pedir ajuda, pois são áreas que não são do bioma Amazônia em si”, disse.

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Outro entrave, segundo ele, é o CAR. Para Braz, enquanto quase 100% dos produtores de soja associados já têm o cadastro, há dificuldade em outras cadeias produtivas, principalmente devido ao alto custo para pequeno produtores.

“Temos que organizar o sistema de monitoramento, e isso é um custo do governo, que precisa melhorar. Estamos vendo com os órgãos do governo para ter apoio estrutural
e econômico”, disse. Assim, ele acredita que a regularização ambiental poderá avançar, inclusive porque é “importante saber o que é desmatamento legal e o que é ilegal”.

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Source: Rural

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