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(Foto: Getty Images)

 

Um mapeamento inédito sobre o impacto da Covid-19 nas startups do agro mostra que 44% das agtechs aumentaram seu valor de mercado em meio à pandemia e que a maioria lançou novos produtos e serviços (55,8%) e manteve ou elevou suas receitas (65,4%).

Divulgado com exclusividade pela Globo Rural, o levantamento feito pelo AgTech Garage, hub de inovação sediado em Piracicaba (SP), ouviu 104 empresas do setor entre os dias 3 e 19 de agosto. CEOs das startups foram a maioria dos entrevistados (81,7%).

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A maioria das companhias relatou um movimento de aceleração da digitalização rural como consequência da Covid-19 (72,1%) , com destaque para gestão remota (51%) e assistência técnica à distância (34,6%). O levantamento aponta que 49% implementaram novos canais de distribuição e 52,9% já tinham o digital como principal meio de venda.

"Se pensarmos em uma assistência técnica veterinária, onde é preciso operar um animal ou fazer inseminação, obviamente é a presença necessária. Entretanto, se analisarmos a sofisticação da observação de campo, de crescimento da cultura e produtividade, cada vez mais será possível ter acesso a esse tipo de informação sem precisar estar na lavoura", afirma Marcelo Carvalho, co-founder do AgTech Garage.

As startups agiram rápido, e a rapidez para manobrar nesse ambiente de pandemia, onde não é possível visitar os clientes, fez com que essas empresas desenvolvessem novos serviços e produtos, o que é bastante considerável

Marcelo Carvalho, co-founder do AgTech Garage

 

Veja os principais resultados da pesquisa

 

 
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Desafios na operação

Apesar dos números indicarem um cenário promissor para as startups do agro, a conectividade ainda é um gargalo. Carvalho pondera que há problemas a serem resolvidos para chegar a um nível amplo e de excelência nas áreas rurais.

“Geralmente, é um produtor de menor porte que tem maior dificuldade. Daí a importância de arranjos locais, com cooperativas, empresas que tenham atuação em determinadas regiões e entidades para buscar soluções”, diz. “Sem dúvida, essa é uma área crítica. Não adianta ter ferramentas muito boas se o produtor não tem soluções para a internet. O passaporte para o mundo 4.0 é a conectividade", completa.

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Outro aspecto do levantamento é que a maior parte das agtechs com aumento de receita em comparação ao período pré-pandemia se encontram em estágio de crescimento em escala (64,3%), enquanto as que mais perderam estão na fase de tração (38,5%), onde já contam com um produto validado e métricas definidas, mas ainda buscam novos usuários.

Para o co-founder do AgTech Garage, o movimento representa um amadurecimento do ecossistema das startups. “Há liquidez, dinheiro para investimento. Ainda mais com juros cada vez menores. Mas os investimentos vão ser direcionados para aquilo que mais faz sentido ou já está validado. Os fundamentos continuam, independente da pandemia ou não. O processo dos investidores ficarem mais exigentes já estava acontecendo e agora aumentou”, diz Carvalho.

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Além do desenvolvimento de produtos ou serviços visando a manutenção ou aumento do faturamento, 50% das startups implementaram ferramentas para avançar em termos de produtividade, como sistemas de videoconferência, loja virtual ou e-commerce, website ou novos recursos de gestão.

Por outro lado, uma forma eficiente de corte de gastos foi a adoção do home office por quase a totalidade das companhias (90,4%), o que impactou diretamente na redução de custos de infraestrutura para a maior parte das entrevistadas (57,7%), com despesas como aluguel e condomínio.

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Faturamento e fluxo de caixa

Da parcela de 27,9% das startups que apontam redução no faturamento durante o período de isolamento social, a maior parte está no mercado de cana-de-açúcar (25,5%), setor que tem enfrentado dificuldade nos últimos anos. Todavia, segmentos com bons resulados correspondem, em menor proporção, pelo recuo, casos de soja (14,5%) e milho (10,9%).

“No caso de cana, a gente imagina que é uma conjuntura do mercado, onde houve a queda na demanda por combustíveis e a redução no preço internacional do petróleo. Muita gente de cana segurou, enquanto as outras áreas não tiveram esse cenário. Das empresas que participaram da pesquisa, 30,8% atuam com milho e 39,4% com soja. Então, é algo normal, considerando que a maior parte das empresas atua nessa área”, explica Marcelo Carvalho.

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Há uma pulverização quando o aspecto é a disponibilidade de caixa das empresas de tecnologia para o campo. Entre as entrevistadas, a maior parte possui caixa para um período de até 6 meses (51,5%). Por outro lado, 31% disseram ter recursos para entre 6 meses a um ano.

“Podemos ter empresas que já receberam aporte e outras que não receberam e precisam gerar dinheiro. Isso é um problema estrutural se você tem uma descontinuidade muito grande de receita. Um exemplo são as empresas que trabalham em shopping center. Como esses espaços ficaram fechado muito tempo, elas tiveram uma dificuldade enorme”, avalia Carvalho.

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Por fim, o executivo fundador do AgTech Garage entende que a redução de custos como a locação de imóveis para a estrutura física deve permanecer após o isolamento social. "Nós estamos vivendo uma situação única. Então, é uma experiência que está sendo construída. Acredito que modelos de negócios que consigam aumentar a eficiência com a redução de custos ou novas formas de fazer negócios tendem a permanecer", afirma.

Marcelo Carvalho questiona, no entanto, a viabilidade do home office por período definitivo. "Eu tenho uma séria dúvida. É um sistema que tem ganhos, mas perdas também, como a falta de relacionamento e interação. A mesma coisa é a questão da venda. Será que o concorrente vai conseguir mais de forma presencial? Ninguém tem a resposta. Mas penso que teremos um modelo híbrido para o melhor funcionamento das atividades”, finaliza.
Source: Rural

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