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(Foto: Reprodução)

 

Uma campanha internacional apoiada por inúmeras entidades da sociedade civil denunciando o papel do governo de Jair Bolsonaro no crescimento do desmatamento no Brasil incomodou entidades e representantes do agronegócio nesta sexta-feira (4/9).

Com um pedido explícito de boicote ao presidente, o site “defundbolsonaro” apresenta links para uma petição do Greenpeace em defesa da Amazônia e para um documento assinado por outras 62 entidades com cinco medidas para conter a crise ambiental no bioma amazônico.

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“O governo de Bolsonaro levou a destruição da Amazônia a níveis insuportáveis. É responsabilidade da nossa geração detê-lo. Os incêndios na Amazônia não são incêndios florestais. São atos criminosos apoiados pela administração Bolsonaro e pelos grandes negócios”, afirma o material da campanha, que também traz imagens apresentando de forma irônica membros do governo.

Com a imagem da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, em chamas, o texto diz “Conheça a musa do veneno”, em uma referência ao uso de agrotóxicos no país. Também aparecem o vice-presidente Hamilton Mourão, apresentado como “o vice-presidente mais quente do mundo”, e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, “o seu pior inimigo que você nunca ouviu falar”.

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Relações abaladas

 

A abordagem adotada incomodou entidades representativas do agronegócio, que saíram em defesa do governo. “A mencionada campanha não contribui para as soluções que temos perseguido, pois extrapola os limites do respeito, adotando atitude sem funcionalidade construtiva, a não ser a de insuflar ainda mais, o que só interessa às franjas radicais que vivem desse ambiente de conflagração permanente”, aponta nota assinada pelos presidentes da Associação brasileira do Agronegócio (Abag), Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e Indústria Brasileira de Árvores (Ibá).

Na opinião do professor da USP e da FGV, Marcos Fava Neves, a campanha foi um “golpe abaixo da cintura” e deve abalar o diálogo do setor com a sociedade civil organizada. Ele também destacou a representação da ministra da Agricultura. “Uma senhora bem educada, formada… Acha que tem cabimento fazer uma imagem dela com o cabelo queimando? Precisaria mais respeito. Isso é irresponsável”, aponta o professor especializado em planejamento estratégico no agronegócio.

Isso coloca a economia e o emprego do Brasil em risco. Querem fazer isso porque não gostam do presidente? Então tomem atitudes contra o presidente, mas não misturem a causa ambiental e da produção de alimentos nisso

Marcos Fava Neves, professor da USP e da FGV

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Reação desproporcional

 

Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima, diz que ficou surpreso com a reação do setor. “Não esperávamos essa reação por parte do agronegócio brasileiro porque a campanha em nenhum momento ataca o setor, mas sim faz uma convocatória para pressionar o governo federal”, explica Astrini. Segundo eles, as notas de repúdio denotam apoio do agronegócio ao governo Bolsonaro, o que ele considera “preocupante”.

“Essa postura de defesa incondicional do governo é preocupante porque o que está gerando mal estar pra imagem do Brasil não é um vídeo lançado por ONGs, mas o aumento do desmatamento, a fala do ministro do meio ambiente pra 'passar a boiada' e a retirada da fiscalização ambiental no pantanal e na Amazônia”, destaca o secretário executivo do Observatório do Clima. Segundo ele, o setor deveria se unir às pressões contra as ações negativas do governo relacionadas ao meio ambiente – e não defendê-lo.

Gostaria muito que eles ficassem indignados quando o Ministério do Meio Ambiente fala que vai tirar a fiscalização da Amazônia e do Pantanal, porque esses são os momento que prejudicam a imagem do Brasil lá fora, não é meme de internet

Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima

 
Source: Rural

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