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Mapa do MT em que os pontos vermelhos são focos de queimadas e a área azul são imóveis inscritos no Cadastro Ambiental Rural (Foto: Divulgação/ICV)

 

Mato Grosso teve 1,7 milhão de hectares queimados entre janeiro e 17 de agosto, segundo levantamento do Instituto Centro de Vida (ICV) baseado na plataforma Global Fire Emissions Database, da norte-americana NASA e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O documento aponta que 874 mil hectares afetados no período estão em imóveis inscritos no Cadastro Ambiental Rural (CAR). De acordo com Vinícius Silgueiro, coordenador do Núcleo de Inteligência Territorial do ICV, os números indicam que há a associação do fogo à limpeza da área para uso agropecuário. “A gente não pode dizer que esse é o caso específico de toda essa área, mas a finalidade, em geral, é essa”, aponta.

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Para ele, a quantidade de áreas inseridas no CAR, ao menos, é um indicativo de que é possível chegar na origem de quem praticas as queimadas. “O CAR mostra que essa fiscalização e responsabilização são possíveis. Os dados são abertos, o Ibama também dispõe, o Ministério Público pode utilizar, Secretaria de Meio Ambiente também. Então, aumentar a punição é algo fundamental para trabalhar com as metas de desmatamento e incêndios”, diz Silgueiro.

Pantanal

O Mato Grosso está localizado entre três biomas, mas é o Pantanal o mais afetado, com 560 mil hectares. “Uma área de vegetação nativa queimada nove vezes superior ao quantitativo de desmatamento na região dos últimos dois anos”, conforme explica o instituto, em nota técnica.

Silgueiro destaca que a degradação do Pantanal acontece 95% em áreas de vegetação nativa. “Apenas 5% coincidiram com áreas que já tinham sido desmatadas até 2019. É algo que não se tinha registro antes desse ano”, diz. Em relação aos outros biomas, ele explica que as queimadas em vegetação nativa no bioma Cerrado são proporcionais a 67% do território e, na Amazônia, a 47%.

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É no Pantanal mato-grossense, também, que está o município mais afetado pelas queimadas, segundo o coordenador do Núcleo de Inteligência Territorial do ICV. Poconé é o epicentro dos focos de calor com 312 mil hectares degradados.

Todo esse prejuízo causado à natureza também acarreta em perdas para o próprio produtor rural, segundo Paula Bernasconi, coordenadora do Programa de Incentivos Econômicos para Conservação. Ela explica que a floresta, naturalmente, é úmida o suficiente para resistir às queimadas, “mas com a degradação prévia e a grande parte das árvores que já foi retirada, isso acaba deixando a floresta com resistência menor e o solo vai perdendo a capacidade nutricional”. Paula ainda diz que, em anos com estiagem muito maior, é mais suscetível que o fogo da pastagem passe sem controle para a vegetação.

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Source: Rural

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