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Volume de soja certificada vendido no primeiro semestre foi de 1,5 milhão de toneladas (Foto: Thinkstock)

 

O volume de soja certificada no Brasil cresceu 35% no primeiro semestre, em comparação com o mesmo período do ano ano. Os dados são da Mesa Redonda sobre Soja Responsável (RTRS, sigla em inglês), que em 2019 já tinha registrado volume recorde de venda, chegando a 4,5 milhões de toneladas da oleaginosa.

Em entrevista exclusiva à Globo Rural, Cid Sanches, consultor externo da RTRS no Brasil, aponta que o total vendido foi 1,5 milhão de toneladas nos primeiros seis meses de 2020, e estima que até o final desse esse ano o volume chegue a 5 milhões de toneladas. A progressão para o segundo semestre, diz ele, se deve ao fato de as auditorias presenciais voltarem a acontecer, algo que foi interrompido devido à pandemia da Covid-19.

“Lógico que temos o gargalo da pandemia, porque ficamos quase quase meses sem nenhuma auditoria, sendo que as presenciais para novos produtores voltaram agora em agosto e aqueles que precisam da renovação começaram a ser feitas de forma remota recentemente”, conta.

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Ele explica que são quase 300 mil hectares preparados para a certificação anualmente, já que a RTRS precisa ser renovada todos os anos. Com base em 2019, a área equivale a cerca de 220 produtores, mas a elevação do território a ser certificado também impulsiona esse número, que pode chegar a 250 sojicultores, estima Sanches.

Quanto ao perfil dos produtores, o foco se mantém no Cerrado, “onde os dois principais estados que têm volume são os estados que vão mais crescer, Mato Grosso e Maranhão, respectivamente”. Fora do Cerrado, o interesse está crescente nas cooperativas do Paraná. O consultor estima que devam fechar negócio com pelo menos três grupos de produtores filiados a três cooperativas diferentes. No perfil de produção mundial, o Brasil detém 75% do volume de soja certificada no mundo.

Aquicultura

Um dado interessante levantado por Sanches é que de janeiro a julho houve grande demanda de soja certificada pelo setor de aquicultura, como salmão, tilápia e camarão. “Os compradores são tradings que ficam na América Central e Latina e compram a soja para o criador de peixe utilizar como razão”, explica. 

Enquanto em 2019 o total do grão vendido para o setor foi de 190 mil toneladas, apenas no primeiro semestre de 2020 já houve a venda de 135 mil toneladas “e a estimativa é que o número continue crescendo no segundo semestre, possibilidade de ultrapassar o volume do ano anterior”, segundo ele.

Sustentabilidade

A exigência de rastreabilidade de compradores internacionais também está refletindo na RTRS. Se há dois anos os principais clientes se concentravam no Norte Europeu, agora isso está se espalhando, de acordo com Cid Sanches, para países como Polônia, Finlândia, Turquia, Japão e América Latina. “Quando eles se tornam membros, já começam a adquirir essa soja e isso, inclusive, movimenta a concorrência entre empresas dentro do próprio país”, ressalta.

Para ele, o que acontece também é que o aumento da compra de soja certificada advém da pressão de acionistas, já que empresas que são membros da RTRS, como as tradings, compram de todos os tipos de produtores, mas os acionistas da própria empresa demandam mais compras com certificação. “Essa exigência crescente chega também no campo e o produtor mais antenado vai atrás disso”.

Para Cid Sanches, esse pode ser “o novo normal” da soja no mercado internacional, pois empresas e produtores vêem benefícios em se certificar.
Source: Rural

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