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(Foto: Cláudio Neves/Portos do Paraná)

 

Em junho, dois meses antes de um lote de carne de frango exportado pelo Brasil testar positivo para Covid-19, a China já havia detectado o novo coronavírus em carne bovina brasileira enviada ao país.

A revelação foi feita nesta sexta-feira (14/8) pelo presidente da Câmara de Comércio Internacional Brasil-China (CCIBC), Charles Tang, em entrevista à Globo Rural. “Em todas estas ocasiões, o governo chinês pediu explicações. Os frigoríficos brasileiros suspenderam as exportações para a China por iniciativa própria, não foi uma imposição chinesa”, lembrou.

Tang ainda afirmou que, na época, o vírus também foi encontrado em uma tábua de corte de salmão importado da Noruega. “O caso também foi investigado com rigor, porque não se sabia como teve início a segunda onda de Covid-19 no país, mas hoje sabemos que não teve nada a ver com o salmão”, completou. 

 

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Procurada, a Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne Bovina (Abiec) preferiu não se manifestar. Segundo a Administração Geral de Aduanas da China (GACC), a primeira empresa brasileira a suspender os embarques de carne bovina ao país neste ano foi o frigorífico Agra, de Rondonópolis (MT). A interrupção foi em junho, de forma voluntária.

No dia 27 de junho, a China decidiu suspender as importações de carne bovina da Marfrig, de Várzea Grande (MT). As duas empresas foram as únicas unidades de carne bovina do Brasil com autorização de exportação suspensa. As autoridades chineses, entretanto, em nenhum momento fizeram referência a uma possível contaminação por Covid-19.

No total, sete unidades brasileiras deixaram de exportar para China desde junho, duas delas de forma voluntária: Agra, de Rondonópolis (MT) e JBS Aves, de Passo Fundo (RS). Até o momento, apenas o frigorífico Agra retomou as vendas para o país.

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Sobre o lote de asas de frango com coronavírus proveniente do frigorífico Aurora de Xaxim (SC), cuja detecção foi anunciada pelos chineses na quinta-feira (13/8), os representantes do setor no Brasil haviam indicado, inicialmente, que o documento emitido pelo governo da China continha erros de interpretação devido à tradução para o português e, por isso, poderia se referir à superfície da embalagem e não à carne.

“Eu consultei três vezes o documento e não há erro de interpretação. O documento afirma categoricamente que o vírus foi localizado em amostras da asa. Não foi na embalagem”, ressaltou Tang. “Ninguém sabe como foi parar lá, e é isso que vai ser investigado. É difícil afirmar onde este lote foi infectado", completou.

Charles Andrew Tang, presidente da Câmara de Comércio Brasil-China (Foto: Divulgação)

 

"Não é gripezinha"

Para o executivo, a presença de Covid-19 em frango brasileiro na cidade de Shenzhen não deve abalar o comércio entre os dois países, mas a China vai continuar investigando rigorosamente os lotes de proteínas congeladas e pedindo explicações às autoridades sanitárias de origem. 

“É que a China não trata a Covid-19 como uma gripezinha. Todas as linhas de pesquisa sobre o novo coronavírus estão sendo levadas em consideração”, declarou.

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Tang também afirmou que, mesmo que não existam evidências científicas de contaminação a partir de proteínas congeladas para seres humanos, como informou a Organização Mundial da Saúde (OMS), o governo chinês vai manter o rigor nas inspeções.

"É para evitar que novas ondas da doença aconteçam. Em qualquer detecção de coronavírus nestas cargas, serão exigidas explicações dos países de origem para que se possa entender o que está acontecendo”, disse o executivo. “A China está atuando de forma muito rigorosa para proteger a sua população”.

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Bons negócios

Na opinião de Charles Tang, o comércio de alimentos entre o Brasil e a China não deve ser afetado devido ao caso envolvendo o frango. A China é, atualmente, o maior parceiro comercial do Brasil. Em 2019, o saldo comercial foi de mais de US$ 21 bilhões.

“A verdade é que a China precisa comer, e o Brasil precisa exportar. O que pode acontecer, talvez, é que haja uma suspensão temporária até que se esclareça tudo. A China sabe o quanto o sistema sanitário brasileiro é rigoroso e a atuação do ministério é forte”, afirmou.

“O Brasil sempre será um importante fornecedor de alimentos para a China. Na Guerra Comercial com os Estados Unidos, a China percebeu o quanto necessita do Brasil. Não vai haver uma interrupção do comércio internacional por algo que ainda não se sabe como ocorreu, por isso é preciso investigar e eles vão fazer isso com rigor”, defendeu Tang. “O comércio internacional é um negócio sério, não depende do humor do presidente quando ele acorda”, destacou Tang.

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Prevenção

 

A Sede de Prevenção e Controle de Epidemias de Shenzhen vem emitindo alertas à população, com orientações e precauções sobre os riscos de infecção de carnes e frutos do mar importados. Todos os colaboradores que tiveram contato com o lote de frangos brasileiro contaminado já realizaram testes de Covid-19 e nenhum deu positivo.

Na Província de Shaanxi, onde está localizada Xian, as autoridades estão realizando testes em pessoas e locais por onde passaram os lotes de camarão importados do Equador. Os produtots eram vendidos em mercados locais.

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As autoridades chinesas também estão examinando todos os contêineres de carnes e frutos do mar que chegam aos portos chineses. Além dos frigoríficos brasileiros que foram suspensos em junho, outros sete abatedouros argentinos tiveram importações vetadas.

“Enquanto todas as possibilidades não forem excluídas, poderá haver essa suspensão porque a China está realmente muito preocupada com novos surtos”, disse Tang.
Source: Rural

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