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(Foto: Ernesto de Souza/ Ed. Globo)

 

Se em abril a entressafra de algumas culturas em meio a alta repentina na demanda levou à valorização nos preços de determinados alimentos, a colheita da safra de inverno em julho tem contribuído para pressionar as cotações no início do segundo semestre. De acordo com a prévia do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), calculada pela FGV, a batata-inglesa e o feijão figuraram entre as principais desvalorizações registradas nos dez primeiros dias de agosto, com quedas de 22,67% e 10,96%, respectivamente. No último mês, o preço dos dois produtos já havia registrado queda de 36,76%, no caso do tubérculo, e de 14,7%, no caso da leguminosa.

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“A partir de junho, se intensificou a safra das secas e se iniciou a de inverno, que, além de boa produtividade, a de inverno registrou um ligeiro aumento de área, o que justifica, por sua vez, a desvalorização do tubérculo”, explica João Paulo Bernardes Deleo, pesquisador do Cepea.

Segundo o Centro de Estudos, alguns produtores do Sudoeste Paulista também optaram por destinar parte dos tubérculos das primeiras lavouras que seriam armazenados para semente ao mercado, pressionando ainda mais as cotações. A média de preços para a batata asterix especial no atacado paulista, por exemplo, acumula queda de 21% em agosto após desvalorização de 39,9% em julho, segundo levantamento realizado pelo Cepea.

Feijão

Situação semelhante pressiona as cotações do feijão neste segundo semestre. “Em março e abril, a gente teve uma diminuição forte da oferta por conta da estiagem no Paraná e excesso de chuva em Minas Gerais e Goiás. Agora estamos num momento tranquilo”, explica Marcelo Luders, presidente do Instituto Brasileiro do Feijão e dos Pulses (Ibrafe).

De acordo com dados do Departamento de Economia Rural, da Secretaria de Agricultura do Paraná (Deral), Estado responsável por cerca de ¼ da produção nacional de feijão, o preço médio recebido pelo produtor paranaense pela saca de 60 quilos de feijão de cor, que inclui o carioca, registrou queda de 28,5% em julho.

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A desvalorização, contudo, não deve durar muito, já que a safra colhida até junho deve ficar abaixo do observado no ano passado. “O que estamos vendo é que em breve deve começar uma nova valorização do produto e ele tem potencial para atingir a inflação novamente,. E não há muito o que fazer porque os preços do mercado mundial estão acima do nacional”, explica Luders.

No Paraná, o Deral estima uma produção 5% menor nas três safras deste ano, com 581,4 mil toneladas. Para o próximo ciclo, o órgão prevê redução de 2% na área plantada do Estado, com uma produção 6% menor, de cerca de 300,4 mil toneladas.

“Com a valorização da soja no mercado internacional, as áreas que seriam destinadas ao feijão acabam sendo ocupadas por milho e soja. E como essas culturas têm as multinacionais envolvidas, que cuidam de financiar o produtor, o feijão vai perdendo espaço”, explica o presidente do Ibrafe.
Source: Rural

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