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Químicos usados para combater os gafanhotos são extremamente tóxicos para abelhas, peixes e não fazem bem à saúde humana (Foto: Divulgação)

 

Diferente da Argentina, o Brasil tem muito a perder com a invasão dos gafanhotos. As nuvens de insetos que ameaçam cruzar a fronteira são originárias de regiões em que a atividade agrícola é fraca ou quase inexistente. Segundo o entomologista Jerson Guedes, que é professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e faz parte da força-tarefa de monitoramento dos insetos, esses bichos vivem isolados e eventualmente formam nuvens migratórias.

“Por algum motivo da fisiologia do inseto, eles passam a se juntar e a nuvem vai aumentando à medida que avançam para a fase adulta. Eles mudam de cor, mudam a capacidade de se alimentar, o jeito de se comunicar e formam as nuvens. Isso é eventual e não está ligado a desequilíbrios. Eles vêm de uma região que não tem agricultura, não tem uso de inseticidas. Possivelmente, há milhares de anos é assim”, disse o professor em entrevista ao CBN Agronegócios desta terça-feira (21/07).

As nuvens observadas neste ano, segundo o entomologista, possuem comportamento muito semelhante às ocorridas nas décadas de 1940 e 1950, quando gafanhotos entraram pelo sul do Brasil e chegaram a São Paulo entre agosto e setembro. Na época, a atividade agrícola era muito inferior à atual e as técnicas de controle, rudimentares.

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Hoje fala-se em usar os aviões agrícolas carregados de inseticidas para atuar contra os gafanhotos caso eles cheguem ao Brasil. Mas essa estratégia não tem eficácia garantida, segundo o professor da Universidade de Santa Maria. Além disso, é preciso considerar que os produtos químicos usados para combater os gafanhotos são extremamente tóxicos para abelhas, peixes e não fazem bem à saúde humana também, embora sejam do tipo piretróide, composto encontrado em produtos domésticos para eliminar insetos.

“Em alguns países do norte africano, se faz voos com os insetos voando – os aviões voam mais alto que as nuvens de insetos. Mas o Brasil não tem experiência nesse tipo de ação”, conta Guedes. Segundo ele, ação ideal consiste em duas fases. “Primeiro, quando o inseto sai para a fase jovem, quando não voa e são saltões. Esse combate de jovem só é feito lá na região originária dessas nuvens, na Argentina. Quando fica adulto e tem essa característica migratória e gregária (se juntam e voam), o combate deve ser feito quando a nuvem pousa”.

Ouça abaixo a entrevista com o entomologista, que falou ainda sobre uso de produtos biológicos contra os gafanhotos e da possibilidade de formação de novas nuvens a partir das atuais: 

Source: Rural

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