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**reportagem publicada originalmente na edição de junho/2020 de Globo Rural

Se no mercado interno a demanda por grãos e carnes continua abalada por causa das medidas de isolamento social, no comércio exterior o Brasil fortalece seu papel de principal fornecedor de alimentos. O ganho de espaço no cenário internacional é atribuído à alta do dólar, que torna os produtos brasileiros competitivos e/ou mais “baratos” para o comprador estrangeiro, ao aumento da demanda dos principais clientes, que começam a voltar às compras após a quarentena imposta pela pandemia do novo coronavírus, e, por fim, porque outros importantes players mundiais estão enfrentando dificuldades de suprir o apetite dos importadores. Nos Estados Unidos, os estoques de soja estão em patamares não muito confortáveis e a produção de carnes despencou com a paralisação de grandes frigoríficos, com funcionários infectados pelo novo coronavírus. Criadores norte-americanos se veem obrigados a sacrificar animais nas propriedades e os consumidores deparam com prateleiras sem carnes nos supermercados. A Argentina, outro importante fornecedor mundial de soja e milho, também tenta driblar os problemas provocados pela pandemia e pela crise de endividamento. O país vizinho elevou as tarifas de exportação de grãos, tirando competitividade dos produtos.

Enquanto isso, o Brasil vem embarcando volumes recordes de grãos e carnes nos primeiros meses deste ano. Dados levantados pela Associação Nacional de Exportadores de Cereais (Anec) mostram que, de janeiro a maio de 2020, as exportações brasileiras de soja chegaram a quase 50 milhões de toneladas, mais precisamente 49,7 milhões de toneladas. E, com base no ritmo dos embarques dos portos na primeira semana de junho, a projeção da entidade aponta para um total de 60,5 milhões de toneladas de soja no primeiro semestre do ano. 

Além do volume, chama a atenção a distribuição das exportações brasileiras por portos. O fluxo de soja e milho cresce muito tanto no sistema Sul e Sudeste como no chamado Arco Norte, conjunto de portos que vai de Rondônia a Salvador.

Somente o Porto de Barcarena, no Pará, exportou quase o mesmo volume que o tradicional  Porto de Paranaguá (PR), o segundo maior do país. Em Santos, maior porta de entrada e saída de mercadorias da América Latina, o ritmo de embarques também segue acelerado (confira os detalhes das exportações porto a porto mais abaixo).

Custos

Ao mesmo tempo que o dólar alto valoriza os grãos brasileiros e estimula as vendas externas do país, pressiona os pecuaristas, que dependem de soja e milho para a nutrição animal. Segundo o sócio-diretor da Athenagro, Maurício Palma Nogueira, a escalada nos preços dos grãos no Brasil deve reduzir os ganhos e margens da cadeia de carnes. “Não acredito que consista numa ameaça que inviabilize a produção, mas irá impactar as margens, aumentando a exigência gerencial dos produtores”, disse ele em reportagem publicada no site da revista Globo Rural.

Sobre as carnes, aliás, o Brasil também vem registrando desempenho histórico nas exportações. No mês de maio, o país colocou nos navios, em média, 7,76 mil toneladas de carne bovina in natura por dia (+37%) e fechou o mês com o total de 155,13 mil toneladas – um recorde.

Principal destino dos produtos brasileiros, a China vem elevando substancialmente suas compras de grãos e carnes.

Embarques brasileiros e as portas de saída

DE JANEIRO A ABRIL (EM MIL TONELADAS)

(Infográfico Filipe Borin)

 

A participação dos portos do Arco Norte  nas exportações de soja passou de 23%, em 2017, para 29%, em 2020

(Infográfico Filipe Borin)

 

Os embarques do cereal pelos portos do Arco Norte representaram 31% das exportações brasileiras de milho

(Infográfico Filipe Borin)

 

Comparação entre Brasil e China

(Infográfico Filipe Borin)

 

(Infográfico Filipe Borin)

 

(Infográfico Filipe Borin)

 
Source: Rural

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