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(Foto: Joel Silva/Globo Rural)

 

Após uma perspectiva inicial de queda superior a dois digítos nas vendas em 2020 e em meio à estagnação da economia por conta da pandemia de coronavírus, o setor de máquinas agrícolas mudou os prognósticos para 2020.

Em vez de retração, Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) agora estimam repetir as vendas de 2019 ou até mesmo crescer 3% em 2020.

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A confiança vem de sinais de reação à crise em junho. Nesta segunda-feira (6/7), a Anfavea anunciou que as vendas de máquinas agrícolas e rodoviárias foram 0,9% maior em junho do que no mês anterior, com 3.910 unidades. 

O número é mais próximo do registrado em março, quando foram vendidas 4.140 máquinas, e 62,6% maior do que em abril, quando os impactos da crise econômica ficaram mais claros. Entretanto, na comparação com o mesmo mês de 2019, a queda foi de 9,6%, com 416 máquinas a menos.

A chegada do coronavírus foi um período estranho. Tivemos que fechar as fábricas por 20 dias. A agricultura não parou, mas tudo isso gera um certo receio no setor. No entanto, o anúncio da retomada econômica na China e o crédito no Plano Safra geram mais confiança para que o produtor faça investimentos

Alfredo Miguel Neto, vice-presidente de agronegócios da Anfavea

 

A projeção de crescimento feita neste momento para as vendas é próximo do estimado pela própria Anfavea em janeiro, cuja a expectativa era de expansão de 2,9% na comercialização de máquinas e equipamentos, para 45 mil unidades em 2020.

No acumulado do primeiro semestre, o resultado das vendas de máquinas agrícolas teve queda de 1,3%, com 254 unidades a menos, para 19.642 máquinas. No entanto, o prejuízo é bem inferior ao sofrido pela indústria automobilística, por exemplo – o setor teve redução de 38,2% nas vendas, cerca de 500 mil unidades a menos.

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Faturamento maior

A manutenção do mercado de máquinas agrícolas em 2020 também influenciou para o aumento do faturamento de 0,6% entre janeiro e maio, para R$ 6,4 bilhões, segundo a Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA) da Abimaq. Apenas em maio, o crescimento na receita foi de 17% sobre abril, com o total de R$ 1,4 bilhão.

Quando saíram os resultados de abril, ficamos muito temerosos, porque foi um mês muito ruim. Em maio, as vendas cresceram 17% sobre o mês anterior.  E aí, se você olhar o acumulado do ano, ainda estamos crescendo em termo de vendas

Pedro Estevão Bastos, presidente da CSMIA da Abimaq

Com o cenário favorável, Bastos acredita que a receita do setor deve ter aumento em torno de 3% em 2020. “Claro que é uma perspectiva, que ainda tem as variáveis de câmbio e clima. Mas, olhando as variáveis hoje, é de um faturamento igual ou pouco maior”, afirmou. “É que o acumulado ainda é levemente positivo, não estamos arrastando algo para complementar no segundo semestre”, explicou o presidente da CSMIA.

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Produção em escalada

 

Na avaliação do vice-presidente de Agronegócios da Anfavea, Alfredo Miguel Neto, as vendas em maio e junho demonstram a recuperação do setor sucroenergético. Para ele, a retomada gradativa dos preços do etanol no mercado interno deu fôlego para o aumento de 225% nas vendas de colhedoras de cana-de-açúcar em junho sobre o mês anterior, totalizando 52 unidades.

Além disso, a manutenção das exportações de grãos, com a produção recorde acima de 250 milhões de toneladas na última safra, também foi um aspecto considerável durante a pandemia. A venda de colheitadeiras de grãos subiu 130,8% em junho na comparação com maio, para 734 unidades. 

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Por outro lado, segundo a Anfavea, a queda de 31,6% nas exportações de máquinas (perda de 1.883 unidades) influenciou negativamente para a retração de 22,6% na produção (5.589 máquinas a menos) entre janeiro e junho, na comparação com igual período de 2019.

Tivemos queda de maneira geral na América do Sul, principalmente para Colômbia e Peru e, fora do continente, para o Japão. Por outro lado, basicamente crescemos na Argentina, em função de uma safra positiva mesmo em meio à desconfiança sobre o cenário econômico no país

Alfredo Miguel Neto, vice-presidente de agronegócios da Anfavea

A análise da Anfavea é que o bom desempenho do campo impacta setores que estão indiretamente ligados à cadeia agrícola, caso da indústria de caminhões. As vendas dos veículos de grande porte recuaram 19,1% no primeiro semestre, com 37,9 mil unidades, mas cresceram 85,8% de maio para junho, com 9 mil unidades. 

Prazo mais curto

 

Sem as tradicionais feiras agrícolas devido à pandemia, o entendimento da indústria de máquinas agrícolas é que os riscos são maiores. Só nas últimas semanas, foram canceladas a Agrishow e a Expointer,  com faturamento no último ano de R$ 2,9 bilhões e R$ 2,6 bilhões, respectivamente.

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Segundo Pedro Estevão Bastos, da CSMIA, há exatamente um ano eram oito semanas de pedidos em carteira, ante cinco semanas em 2020. “A nossa carteira de pedidos está curta. Quando você faz uma feira, há um grande movimento de pessoas de fabricantes com compradores, e você alonga a carteira de entrega. Essa redução foi a falta da feira. Nós estamos sendo obrigados a correr atrás das vendas todo mês”, explicou.
Source: Rural

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