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(Foto: Getty Images)

 

*Publicado originalmente na edição 415 de Globo Rural (maio/2020)

Os laboratórios, equipamentos e pesquisadores que, até a chegada do novo coronavírus ao Brasil, trabalhavam para o agronegócio estão, agora, auxiliando o país na realização de testes e detecção do Covid-19.

A estrutura pertence aos laboratórios da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) e da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA). A oferta de cooperação ao SUS partiu do Ministério da Agricultura e incluiu 84 estruturas para realizar 76 mil testes diários de transcrição reversa seguida de reação em cadeia de polimerase, o RT-PCR, ou simplesmente PCR.

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Esses laboratórios, realocados de acordo com a necessidade do Ministério da Saúde em diversos Estados, estão localizados em 42 instalações de pesquisa agropecuária e são utilizados para a análise de amostras genéticas de animais e plantas.

A estrutura de laboratórios de pesquisa cedida pelo Ministério da Agriculura possui certificação de biosseguridade, um conjunto de procedimentos destinados a evitar a entrada de agentes infecciosos (vírus, bactérias, fungos e parasitas) em amostras genéticas de plantas e animais.

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Tereza Cristina, Ministra da Agricultura

De acordo com o ministério, 62 dos laboratórios cedidos têm nível de biossegurança NB1, que permite a manipulação de material biológico e a análise de amostras; 18 possuem o nível de biossegurança NB2, com capacidade de realizar ensaios científicos; quatro unidades, o nível de biossegurança NB3e; e outros quatro com estrutura robotizada para preparo de amostras e realização de ensaios.

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Exemplos do campo

Assim como foi instituído no hospital de campanha na capital baiana (o Hospital Espanhol, reativado para tratar exclusivamente dos casos do novo coronavírus no Estado), a câmara de desinfecção também é largamente utilizada em frigoríficos e granjas.

No campo, a câmara é chamada de “entrada limpa”. É um cubículo onde qualquer pessoa que adentrar o recinto, usando roupas especiais, passa por um corredor onde se pulverizaa solução de hipoclorito de sódio. Objetos também são desinfetados.

No hospital de campanha da Bahia, o método começou a ser usado para ajudar os profissionais de saúde a não serem contaminados pelo novo coronavírus.

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Contribuições da Embrapa

Durante a pandemia, pesquisadores da Embrapa Florestas, no Paraná, estão utilizando a nanocelulose do tipo microfibrilada (MFC) de pínus e eucalipto como um eficaz espessante e emulsificante no preparo de álcool antisséptico e álcool em gel, produtos utilizados na linha de frente no combate ao novo coronavírus.

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), a demanda global por esse produto cresceu dez vezes em relação ao ano passado, o que resultou em alta demanda e alta de preços.

A Embrapa utiliza diferentes formulações para produzir álcool 70% com nanocelulosede pínus e de eucalipto com o espessante, em substituição ao carbopol. A celulose branqueada passa por um processo de desfibrilação mecânica, que resulta na suspensão aquosa de nanocelulose, que tem propriedades de um gel e é capaz de substituir o carbopol na emulsificação.

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“Começamos com a polpa de pínus porque ela dá origem a uma suspensão de nanocelulose com maior viscosidade que a de eucalipto. Mas logo em seguida testamos a polpa de eucalipto e adaptamos formulações”, explica o pesquisador da Embrapa Washington Magalhães.

A MFC foi produzida com a colaboração da área de pesquisa e desenvolvimento da Klabin, que possui uma planta piloto de produçãode MFC capaz de obter um grau de desfibrilação adequado à produção do álcool em gel.Cem litros do produto foram enviados para postos de fronteira do Paraná e de Santa Catarina.

Como funciona a biossegurança no campo

 

(Foto: Getty Images)

 

A biossegurança é uma questão de saúde pública. Plantas e animais doentes geram produtos (sementes, carne, leite, ovos e derivados) de baixa qualidadee que por vezes podem transmitir doenças para o consumidor.

O método de RT-PCR, que está sendo usado para detectar o novo coronavírus em humanos, é o mesmo utilizado em frangos, suínos e bovinos para identificação de salmonela, gripe suína e brucelose. As amostras genéticas dos animais são analisadas para evitar a propagação de vírus, bactérias ou fungos em produtos derivados como carnes, leite ou ovos.

O RT-PCR é utilizado na identificação de fungos em amostras genéticas de planta. O método permite identificar a presença de agentes infecciosos que possam propagar doenças em sementes e futuras plantas. 
Source: Rural

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