Skip to main content

(Foto: Getty Images)

 

 

 

Assim como o Brasil, a Europa enfrenta os efeitos das medidas de prevenção e controle da Covid-19 sobre a economia, com redução da circulação de pessoas e fechamento de serviços não-essenciais.

Na cadeia do leite, a menor demanda provocada pela pandemia também desestabilizou o mercado no continente que abriga os maiores produtores e exportadores mundiais de produtos lácteos, levando a indústria a priorizar a produção de derivados menos perecíveis, como leite em pó, e aumentando os estoques na região.

saiba mais

Com oferta escassa, preço do leite sobe 9,8% e acirra disputa entre laticínios

 

“Como eles são grandes exportadores e há uma reserva grande sendo construída, a preocupação é que eles ofereçam subsídios para escoar esses estoques e manter preços dentro da União Europeia”, aponta o analista da Embrapa José Luiz Bellini.

Bellini participou, por teleconferência, da última reunião da Federação Internacional do Leite (FIL) e relata que há familiaridade entre o que aconteceu com o mercado europeu de lácteos e o que ocorreu no Brasil, onde a pandemia levou a um aumento repentino na demanda pelos leites UHT e em pó, gerando forte oscilação nos preços.

Porém, diferente do Brasil, onde o início da entressafra e os altos custos levaram a uma redução na oferta, a Europa enfrentou o pior da pandemia durante plena safra, contribuindo ainda mais para o crescimento dos estoques.

Tudo isso está acontecendo num momento em que é esperado que haja uma redução da economia global. E lácteos, de forma geral, têm uma elasticidade de renda muito grande. Se a renda diminui no mundo como um todo, provavelmente o consumo de lácteos também deve retrair

José Luiz Bellini, analista da Embrapa

 

Impacto nos preços

Com isso, há receio de que os aumentos do estoques europeus possam impactar os preços praticados no mercado interno brasileiro. “Estamos acompanhando o mercado, os preços estão reagindo, mas temos essa preocupação”, afirma Bellini.

Em maio, embora o preço médio pago ao produtor de leite brasileiro tenha caído 5%, o aquecimento do consumo após a liberação do auxílio emergencial na segunda quinzena do mês levou a “uma forte valorização de preços que tem se sustentado nesse início de junho”, aponta a nota de conjuntura publicada em junho pelo Centro de Inteligência do Leite (CILeite) da Embrapa.

saiba mais

Coronavírus pressiona os preços do leite ao produtor

 

O analista da Embrapa ressalta que, após as idas e vindas do mercado, a orientação das indústrias para os produtores brasileiros de leite foi para reduzir a produção. “Com isso, há uma possibilidade de redução mais acentuada na oferta de leite do Brasil, o que vai levar a preços mais altos para o produtor”, observa Bellini.

Ele também ressalta que, na Europa, o cenário é o inverso, já que o continente tem naturalmente um excedente de produção, dada a condição de exportador, enquanto o Brasil importa de 2,5% a 3% a mais do que produz.

saiba mais

Abraleite cria comissão nacional de produtores de lácteos orgânicos

 

Com o dólar em patamares recordes, contudo, o produto importado não tem encontrado competitividade ante o leite nacional, por enquanto. “O dólar tem nos ajudado, mas se a Europa der subsídio à exportação, isso vai criar uma competitividade artificial ao produto europeu”, diz o analista da Embrapa.
Source: Rural

Leave a Reply