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Agricultora Andressa Bordin disse ter comprado trator rosa por questão de representatividade (Foto: Andressa Bordin/Arquivo pessoal)

 

O que seria um pontinho rosa no meio da lavoura de soja? Se você pensou em um trator, acertou. Mais especificamente, o trator 80 plus da LS Tractor da agricultora Andressa Bordin, de 29 anos, de São Martinho da Serra (RS).

Desde que começou a trabalhar no campo, a produtora de soja e arroz revelou a vontade de ter uma máquina rosa por uma questão de representatividade. “Para mostrar que era uma mulher que estava na lavoura porque, por aqui, não tem nenhuma mulher que trabalha assim na lavoura”, conta a produtora.

O serviço de customização de tratores para mulheres ainda é pequeno, mas dá sinais de que pode crescer. O trator da Andressa foi o primeiro a ser envelopado na cor rosa desde a chegada da LS Tractor ao Brasil, em 2014. “Depois dela, mais produtoras demonstraram interesse em ter tratores rosa”, diz Thaís Leite, analista de marketing da empresa.

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Tratores na cor rosa ficaram nacionalmente conhecidos em feiras agrícolas por todo o país como símbolo da campanha de combate ao câncer de mama feita por algumas montadoras. Além da LS Tractor, a Valtra e a New Holland também apresentaram máquinas rosas em eventos para chamar a atenção à prevenção da doença, em alusão ao outubro rosa.

Segundo a analista da LS Tractor, a customização pode ser solicitada no ato do pedido do trator ou mesmo já vir descrita no edital da licitação de órgãos públicos. “O valor sempre vai depender do modelo, pois o preço se altera conforme as dimensões do produto, assim como o valor da matéria-prima e a mão de obra, que muda de região para região”, explica.

 (Foto: Andressa Bordin/Arquivo pessoal)

 

 

 

 

A Valtra também fez uma campanha semelhante e que chamou a atenção da clientela feminina. A agrônoma Fernandes Pereira, de 25 anos, cafeicultora de Indianópolis (MG), viu uma máquina rosa da empresa em uma feira e se interessou.

“Quando surgiu a oportunidade de comprar um outro trator pra fazenda, conversei com o meu pai e ele achou ótimo ter um rosa aqui. Seria uma boa se as empresas investissem na customização de trator porque a que fiz tive que pagar do meu bolso”, sugere a agrônoma, que também comprou da LS Tractor.

Seria interessante as montadoras abrirem mão de deixar o trator como vem de fábrica e personalizar conforme o gosto do cliente

Fernandes Pereira, cafeicultora de Indianópolis (MG)

"Temos de uma série de opções hoje para o cliente pedir um produto combinado e, assim, ter um trator sob demanda. Em relação à cor rosa, ela não está disponível – temos apenas um único exemplar usando durante o ano nos eventos. Não existe essa possibilidade hoje ao cliente”, diz o diretor de vendas da Valtra, Alexandre Assis.

Presente de aniversário

 

A New Holland também teve um pedido especial da primeira customização de trator rosa depois de uma campanha semelhante. Neste caso, o pedido foi do marido da produtora rural Carmem Kramp, de 59 anos, que ganhou de presente de aniversário um T8 na cor rosa em outubro do ano passado.

Carmem Kramp ganhou um trator rosa em outubro do ano passado (Foto: Divulgação)

 

“Fomos ao quarto encontro das Mulheres do Agronegócio, em São Paulo, e tirei a foto de um trator rosa que tinha lá. Fiquei doente, internei e, quando saí do hospital, meu marido disse que iria comprar um trator rosa, porque eu faço aniversário em outubro e era o outubro rosa”, conta Carmem, que deixou há 14 anos a sala de aula como professora de química, física e biologia para se juntar ao marido no plantio de eucalipto.

Em Campo Novo do Parecis (MT), onde hoje a família planta can-de-açúcar, Carmem é a única mulher com trator rosa. Por isso, ela sugere que as empresas façam campanhas para que outras mulheres do campo possam personalizar seus tratores.

Hoje, as mulheres não vão mais atrás dos maridos como antigamente. Nós, mulheres do agro, andamos ao lado, eles pedem a nossa opinião, discutimos juntos. Ninguém faz nada sozinho

Carmem Kramp, produtora rural em Campo Nobo de Parecis (MT)

Para a agricultora Andressa, as montadoras deveriam focar no público feminino, especialmente para incentivar os jovens a permanecerem trabalhando no campo e, assim, diminuir cada vez mais o preconceito de gênero no setor.

"As mulheres estão cada vez mais nesse meio. Eu trabalho direto na lavoura com trator e, assim como eu, tem muitas. Incluir as mulheres seria até um incentivo para ficar no campo, pois tem um preconceito muito grande nessa área. As pessoas acham, até hoje, que comprei o trator (rosa) para tirar foto, que não trabalho nele. Eu vou arrumada, passo um batom e uma máscara de cílios para trabalhar. A gente se cuida, e as pessoas veem isso como se a gente não fizesse nada. É um preconceito muito grande”, conclui Andressa.
Source: Rural

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