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ONU FOME (Foto: Agência Brasil)

 

 

 

 

 

 

 

 

O impacto da crise do coronavírus tem atingido de maneira substancial países da América Latina e do Caribe, o que pode levar 83,4 milhões de pessoas à extrema pobreza em 2020. Isso é o que aponta o relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) divulgado nesta terça-feira (16/6).

Além deste contingente à beira da extrema pobreza, mais 215 milhões de pessoas na pobreza podem terminar o ano na linha da pobreza, o que tende a agravar o problema da fome nas regiões.

“Na América Latina, podemos ter um revés histórico na luta contra a fome. Podemos perder o que alcançamos em quinze anos em apenas alguns meses. Milhões de pessoas podem passar fome. Essa é a seriedade do problema atual”, alertou o representante regional da FAO, Julio Berdegué.

Por isso, os órgãos propõem a criação de um auxílio por meio de duas grandes propostas: uma renda básica de emergência e a concessão de crédito para pequenos, médios e grandes produtores rurais.

A primeira medida custaria de 0,06% a 0,45% do PIB regional com duração de seis meses. “Esse auxílio poderia ser em forma de transferências monetárias, cestas básicas ou cupons de alimentos para toda a população em situação de pobreza extrema”, explicou a secretária executiva da Cepal, Alicia Bárcena. Já a segunda medida sugere aumento da oferta de créditos mais flexíveis e de investimentos não reembolsáveis para o setor produtivo agropecuário.

Apesar de afirmar que, por enquanto, não há problema no fornecimento de alimentos na América Latina e Caribe, a concessão de crédito a produtores visa evitar falhas na cadeia de alimentos e manteria pagamentos de diferentes setores da agropecuária funcionando.

Para os produtores de pequeno, médio e grande portes, FAO e Cepal propõe um aumento de pelo menos 20% na carteira média dos últimos três anos, que somariam cerca de US$ 5,5 bilhões para créditos em condições favoráveis financiadas por uma linha especial de bancos multilaterais e bancos de desenvolvimento. Já para a agricultura familiar, é proposto um kit de investimento básico equivalente a US$ 250 por núcleo a um custo de US$ 1,7 bilhão na escala regional.

Brasil

Em relação ao Brasil, Berdegué destacou que o contágio pelo coronavírus ainda não mostrou impacto sobre o sistema alimentar. Exatamente por isso, ele ressalta a importância de manter o apoio à agricultura familiar e ampliar programas de alimentação escolar.

“É fundamental que se mantenham os programas de apoio à agricultura familiar, de compras públicas da agricultura familiar e de alimentação escolar. É todo um conjunto de medidas e programas que tinham se convertido em um modelo que muitos países olhavam com interesse", disse.

Bárcena citou iniciativas como o programa Fome Zero e o auxílio emergencial, já em voga. “O governo manifestou que o pacote de ajuda fiscal chega a 12% do PIB, o que é muito alto, mas não há dúvida de que não implementou as mesmas políticas de contenção e isolamento que o resto da região, e isso também tem consequências”, ponderou.

O representante da FAO no Brasil, Rafael Zavala, explicou que a FAO e a CEPAL lançam recomendações aos países, mas que cabe aos governos decidir o que será aplicado ou não, inclusive adaptando as recomendações às respectivas realidades. Em entrevista à Globo Rural, ele ressalta que é importante manter as políticas que já foram adotadas, principalmente no Nordeste, onde há o maior desafio de insegurança alimentar.

“O maior desafio atualmente é a atuação direta nas comunidades que suspenderam suas maiores fontes de renda. Também é preciso que o país busque a continuação de programas como o de transferência condicionada, a exemplo do Bolsa Família, o Programa de apoio à Agricultura Familiar, o incentivo a compra de produtos provenientes da agricultura familiar e o programa de alimentação escolar”, sugere Zavala.
Source: Rural

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