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Caminhão a gás fornecido pela Scania à PepsiCo. Companhia global de alimentos e bebida comprou 18 para renovar sua frota no Brasil (Foto: Divulgação/Scania)

 

A Scania e a PepsiCo anunciaram, nesta quinta-feira (4/6), uma operação de compra e venda de 18 caminhões movidos a gás natural e biometano, no maior lote vendido pela fabricante de veículos desde o lançamento desse produto. O negócio, que não teve o valor revelado, foi divulgado em entrevista via internet por executivos das duas empresas.

De acordo com a fabricante, é o maior lote comercializado desse tipo de veículo desde quando as vendas começaram, na Feira Nacional de Transportes (Fenatran) de 2019. Na semana passada, a empresa já havia entregue quatro unidades para duas transportadoras. Já são 23 unidades vendidas, e a expectativa para este ano é chegar a cem, uma avaliação que já considera os efeitos da pandemia de coronavírus sobre a economia do país.

“A gente não mudou a nossa meta. A pandemia não atrapalhou nesse sentido porque o interesse que veio dos grandes embarcadores e nossos clientes continua. Mantemos a previsão das cem unidades neste ano”, disse o vice-presidente de operações comerciais da Scania no Brasil, Roberto Barral.

Em nível global, a fabricante contabiliza cerca de 4 mil caminhões desse tipo vendidos. Os executivos da Scania ressaltaram que o veículo faz parte da estratégia da multinacional de reduzir em 50% as emissões de gases de efeito estufa em suas operações até 2025 e em 20% as emissões dos seus produtos até daqui cinco anos, meta definida neste ano.

Para este caminhão, a promessa da Scania é uma autonomia de cerca de 500 quilômetros com um tanque de gás natural, com 15% menos emissões. No caso do biometano, a emissão chega a ser 90% menor, de acordo com os dados dos testes feitos pela própria empresa. E o motor, projetado para esse combustível, é até 20% mais silencioso.

“A Scania investiu R$ 20 milhões na sua fábrica de São Bernardo (do Campo, no ABC Paulista), para trazer a tecnologia, preparar a fábrica e capacitar seus funcionários”, disse Barral, mencionando que, na Europa, por exemplo, há incentivos para o uso de combustíveis alternativos no transporte.

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Em todo o mundo, os projetos da montadora têm incluído a utilização de combustíveis alternativos. Isso inclui o biodiesel, que, no Brasil, é misturado ao diesel derivado de petróleo, etanol, além de gás natural e biometano. De acordo com Silvio Munhoz, o futuro será a eletrificação dos veículos, mas esta é uma meta ainda distante. Por isso, a necessidade de se trabalhar com outras fontes de energia.

Para dar um exemplo, o executivo explicou que, nas atuais condições do mercado brasileiro, um caminhão a etanol seria economicamente inviável, por razões fiscais e de eficiência. Diferente do modelo movido a gás, mesmo custando, em média, 30% a mais que o caminhão a combustível fóssil, o que justifica a ênfase dada pela fabricante ao produto.

“Temos claro que a eletrificação vai ser o nosso futuro, mas está um pouco longe”, disse Munhoz. “Cada país tem uma realidade econômica, social e ambiental. Nossa proposta é desenvolver várias alternativas e, dentro da realidade, cada mercado vai eleger a mais adequada. No Brasil, gás natural e biometano são a realidade disponível”, acrescentou.

Munhoz ressaltou que o principal desafio para a expansão do uso dos caminhões a gás no Brasil é garantir a infraestrutura de abastecimento. Segundo ele, empresas do setor de combustíveis têm discutido como ampliar a oferta, o que, do ponto de vista da Scania, poderia viabilizar negócios em várias partes do país, como, por exemplo, as regiões norte e nordeste.

“Temos mais de 2 mil postos que oferecem gás natural no Brasil. Tem uma estrutura instalada mais em alguns Estados, menos nos outros, mas existe a possibilidade de caminhões rodarem boa parte do Brasil utilizando gás natural”, disse ele. “Temos cadeias grandes trabalhando para viabilizar postos de abastecimento”, acrescentou.

Testando desde novembro

A PepsiCo vinha testando o novo equipamento desde novembro do ano passado, em rotas no Estado de São Paulo e no Sul do Brasil. Resultados apresentados pela empresa durante a coletiva indicaram uma redução de 15% nas emissões de CO2 em comparação com os caminhões a diesel e de até 97% no caso do Óxido Nitroso (NOx).

“Envolvemos nossos parceiros e contamos com o compromisso de seguir desenvolvendo a parte de abastecimento. Mapeamos e estamos colocando em rotas em que há possibilidade de abastecimento. Com o avanço do mercado, acredito que vamos ter muito mais postos”, explicou o diretor de operações da empresa, Eduardo Sacchi.

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Segundo Sacchi, a operação brasileira é a sexta maior da PepsiCo no mundo, com mais de cem centros de distribuição e cerca de 1,9 mil rotas de vendas. Ele explicou que o negócio com a Scania integra uma política de sustentabilidade que tem como meta global a redução de pelo menos 20% nas emissões de gases de efeito estufa até 2030. No Brasil, desde 2011, a empresa incluiu o biodiesel na matriz de transportes e vem trabalhando com veículos elétricos de médio porte.

“O Brasil está sendo pioneiro na iniciativa de gás natural, até pela disponibilidade do combustível. A ideia é liderar a agenda na América Latina e ir expandido para outros mercados, uma vez que se desenvolva estrutura para isso”, disse. “Essa renovação de frota vai contribuir significativamente para atingirmos as nossas metas”, acrescentou.
Source: Rural

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