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InvestSP informou ter recebido demanda para exportação de 8 mil toneladas de milho para o Bahrein  (Foto: Ernesto de Souza/ Ed. Globo)

 

A InvestSP, agência de fomento e promoção de investimentos do Governo de São Paulo, está mapeando empresas exportadoras com interesse em vender produtos do agronegócio para o mercado árabe. A iniciativa vem sendo viabilizada a partir de uma demanda recebida da Autoridade Árabe de Investimento e Desenvolvimento Agrícola (AAAID), formada por representações de 21 países e sediada no Sudão, explica a diretora do escritório da agência do governo paulista em Dubai, nos Emirados Árabes, Silvia Pierson.

“Por conta do coronavírus, há uma preocupação deles com segurança alimentar. E eles nos passaram uma lista de produtos que, para eles, são emergenciais. Queremos pegar essa lista e conseguir os exportadores”, explica Silvia, em entrevista via internet à Globo Rural.

O escritório da InvestSP nos Emirados Árabes é recente. Foi inaugurado em fevereiro deste ano, durante missão do governador de São Paulo, João Doria, a Dubai. Silvia explica que, desde então, vêm sendo discutidas parcerias de negócios, como a articulação para as exportações de produtos agropecuários.

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Já a Autoridade Árabe é bem mais antiga. Foi estabelecida em 1976, tendo como principal objetivo a garantia de segurança alimentar. Seus 21 integrantes somam um capital de US$ 1,1 bilhão, de acordo com o site oficial da instituição. As maiores participações são de Arábia Saudita, Kwait e Emirados Árabes. Diante dos problemas trazidos pela pandemia de coronavírus, a AAAID informou que está promovendo uma iniciativa para contribuir com o abastecimento de países árabes com commodities e produtos básicos.

Segundo a diretora da InvestSP em Dubai, Silvia Pierson, a lista informada pela Autoridade Árabe para atender os mercados locais inclui produtos como carne bovina, leite, ovos, trigo, laticínios, açúcar, frutas, verduras e óleos vegetais. E há discussões ainda relacionadas a outros produtos, como massas. “As carnes precisam ter certificação halal”, diz. “Em alguns desses produtos, somos menos competitivos, mas estamos tentando viabilizar negócios”, acrescenta.

O primeiro processo em andamento, segundo a instituição, prevê a exportação de 8 mil toneladas de milho para o Bahrein. A partir dessa demanda, foram abertas inscrições para empresas exportadoras. Silvia Pierson pontua que o fato de São Paulo não estar entre os maiores produtores de alguns dos itens demandados pelos árabes não impede a InvestSP de viabilizar os negócios. Segundo ela, produtores e empresas têm escritórios comerciais no Estado, de onde negociam com clientes estrangeiros.

“Grande parte dos produtores tem um escritório ou presença de vendas em São Paulo, por onde escoa a produção ou negocia as exportações. O setor de alimentos e bebidas é prioritário para o nosso escritório. Já era antes da crise e virou número um depois”, diz.

Agro nas exportações paulistas

O agronegócio tem participação relevante nas exportações do Estado de São Paulo. No primeiro trimestre deste ano, segundo o Instituto de Economia Agrícola (IEA), respondeu por 34,9% do total. As vendas externas do setor totalizaram US$ 3,47 bilhões (+1,8%) e as compras de produtos de outros países somaram US$ 1,28 bilhão (+4,1%) no período.

Complexo sucroalcooleiro, carnes (especialmente a bovina) e complexo soja lideram a pauta de exportações do agronegócio paulista, de acordo com o IEA. Os maiores destinos são China, União Europeia e Estados Unidos. Entre países com representação na Autoridade Árabe para Investimento e Desenvolvimento Agrícola, Arábia Saudita, Marrocos, Argélia e Iraque estão entre os 20 principais compradores.

Segundo Silvia Pierson, o trabalho da InvestSP se limita a mapear empresas interessadas, de acordo com os critérios das representações dos países árabes. As informações são enviadas, mas quem faz a seleção final dos fornecedores é o comprador.

Para ela, receber de início uma demanda não tão grande, caso do milho a ser exportado para o Bahrein, servirá como um bom teste, tendo em vista a possibilidade de virem solicitações maiores. Além de divulgar essa iniciativa, explica Silvia, a InvestSP está mapeando exportadores de outros produtos.

“Estamos fazendo a divulgação e as empresas estão se inscrevendo. Haverá várias oportunidades, até porque são 21 países. Vamos receber com mais frequência e faremos a divulgação”, diz Silvia.

Preocupação com crise

Tamer Mansour, secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB), explica que há uma preocupação geral dos países árabes com estocagem de alimentos, em meio a temores de uma crise maior com o avanço da pandemia de coronavírus. A própria entidade também tem recebido, ao menos nos últimos 20 dias, demandas desses países e articulado aproximações com importadores brasileiros.

“Isso não acontecia antes. Está acontecendo agora porque os governos sentem a necessidade de começar a estocar alimentos, temendo que possa acontecer uma crise mundial caso essa epidemia se prolongue por mais tempo e possa afetar a produção. Por isso, começaram a encaminhar essas demandas para nós e outras entidades”, explica.

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Segundo Mansour, os pedidos são apresentados não apenas no âmbito da Autoridade Árabe de Desenvolvimento e Investimento Agrícola. Há também contatos diretos de representantes dos governos locais. O executivo afirma que a Câmara Árabe já recebeu pedidos de Arábia Saudita, Marrocos, Emirados Árabes e Egito. Entre os produtos demandados, estão carne de frango, leite em pó, soja e açúcar.

A CCAB, informa o seu secretário-geral, formou um comitê estratégico para atender as solicitações em conjunto com entidades, cooperativas e empresas. Segundo ele, está sendo organizado uma espécie de workshop para distribuir e divulgar os pedidos e a expectativa é de retorno rápido da parte de exportadores.

“Recebemos demandas de todos os países árabes. O nosso trabalho é facilitar, colocar essas empresas exportadoras em contato diretor com os governos dos países. Acreditamos que isso vai dar uma boa aumentada nas exportações brasileiras de produtos agrícolas para países árabes”, avalia Mansour.
Source: Rural

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