Skip to main content

Feira drive-thru em Goiânia (GO) (Foto: Divulgação)

 

Com a dificuldade para escoar alimentos desde meados de março por conta da pandemia de coronavírus, produtores e feirantes tiveram de se reinventar. Foi aí que surgiu uma ideia para garantir a venda ao consumidor sem riscos à saúde: as feiras drive-thru.

Semelhante ao comércio das redes de fast-food, onde os consumidores se dirigem  até o local de carro, fazem o pedido, pagam e retiram os lanches sem descer do veículo, o modelo virou uma alternativa para evitar aglomeração e mater uma distância segura entre as barracas dos feirantes para vender vendido frutas, legumes, hortaliças e até flores.

saiba mais

Plataformas digitais conectam agricultores e consumidores em "feiras online" de alimentos

 

No começo de abril, Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Secretaria da Agricultura de Goiás realizaram um projeto piloto em Goiânia, a capital do Estado. Para promover esses eventos, a CNA lançou um guia com orientações gerais aos feirantes.

Entre as medidas, estão manter distância de 1,5 metro entre as barracas, embalar alimentos em sacos plásticos, com quantidades previamente estabelecidas, além do uso de máscaras e álcool em gel pelos vendedores. Para os consumidores, a orientação é dar preferência ao uso do cartão na hora do pagamento, evitando contato com os feirantes.

No caso de perecíveis, a gente teve relatos de agricultores que perderam entre 90% a 100% da produção em uma semana. De certa forma, com essas feiras drive-thru, eles voltaram a comercializar

Matheus Ferreira, coordenador de inovação do Sistema CNA/Senar

Após ter funcionado em Goiânia, o modelo começou a ser replicado por outros municípios em diversas regiões do país. Segundo a CNA, Estados como Bahia, Tocantins e Mato Grosso do Sul já usaram o modelo. Outros centros, como Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo e Maranhão, se organizaram para ter o drive-thru hortifrutigranjeiro.

Sucesso em Bebedouro

(Foto: Divulgação)

 

Uma das cidades em que o projeto teve boa receptividade foi Bebedouro (SP), a 384 quilômetros da capital paulista. Tradicional produtor de laranjas, o município realiza, aos domingos, uma feira em frente à prefeitura, com participação de 100 a 120 feirantes. Em média, cerca de 2,8 mil consumidores vão às compras.

Por lá, a feira drive-thru começou com 40 feirantes cadastrados pela prefeitura. O local escolhido foi o Parque da Família, um antigo sambódromo. Com o entusiasmo dos agricultores, esse número aumentou para 60 expositores, oferecendo produtos variados, como frango caipira, milho, ovos, frutas, hortaliças, queijo, chá e banha de porco.

"Percebi que muitos produtores estavam desesperados para ter um espaço. Então, foi uma forma de colaborar com eles, porque muitos alimentos são perecíveis", afirma o prefeito Fernando Galvão.

(Foto: Divulgação)

 

Ao entrar na feira drive-thru em Bebedouro, todos os carros e motos passam por um arco de desinfecção à base de amônia, doado pela Coopercitrus, a cooperativa de produtores local. O espaço é dividido entre as barracas e os veículos. Os motoristas fazem a escolha dos produtos em uma fila à esquerda, enquanto há uma faixa livre à direita para quem está de saída.

Neste primeiro momento, o número de feirantes foi limitado para priorizar os produtores de Bebedouro – antes da crise, o município rebia agricultores de cidades vizinhas, como Viradouro, Pirangi, Monte Azul Paulista, Taquaral e Taiúva. "A ideia é que a feira permaneça enquanto durar a pandemia, mas existe a possibilidade do projeto permanecer após a quarentena", diz o prefeito.

Plano B para flores

 

Apesar dos bons resultados, o modelo drive-thru não é uma garantia de sucesso. Em Atibaia (SP), a 66 quilômetros da capital paulista, produtores de flores tentaram adotar o sistema. Mas, por conta do tumulto e das aglomerações, a tentativa não deu certo.

A alternativa da prefeitura, então, foi dividir os produtores em dois grupos nos fins de semana que anteceram o Dia das Mães. Dos 64 agricultores, 37 ficaram no Centro de Convenções Victor Brecheret e os outros 27 foram para a Praça Santa Helena, próximo ao mercadão municipal.

(Foto: Divulgação)

 

De acordo com a prefeitura, o balanço foi positivo, com o destaque para as vendas de orquídeas. “Talvez possamos colocar o pessoal da produção de legumes, verduras e frutas”, afirma o secretário da Agricultura, Jorge Matsuda.

O novo esquema serve como teste para a tradicional Festa de Flores e Morango da cidade, que reuniu 100 mil pessoas em 2019 e tem a 40ª edição marcada para agosto e setembro.
Source: Rural

Leave a Reply