A atemoia é mais doce e tem menos sementes que a fruta-do-conde (Foto: Divulgação)
Problemas logísticos causados pela pandemia de coronavírus farão chegar às prateleiras dos supermercados uma fruta pouco conhecida pelos brasileiros: a atemoia.
Resultado do cruzamento entre a cherimoia e a fruta-do-conde, ela é um fruto híbrido, com produtividade de cerca de 5,6 mil toneladas ao ano. Segundo a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), 80% da produção brasileira é exportada.
O Canadá é o principal mercado da fruta, que também agrada Inglaterra, Holanda e Rússia. Porém, neste ano, a atemoia não vai chegar aos países importadores devido ao cancelamento de voos – ela tem um tempo de prateleira relativamente curto e, por isso, não pode ser transportada por navio.
saiba mais
Pandemia do coronavírus trava o envio de frutas frescas para o Canadá
A mudança mudou os planos de produtores da fruta. François Bonaventure, proprietário da Fazenda Bona, cultiva atemoia há 23 anos e colhe cerca de 500 toneladas ao ano, exportando 40% deste volume. Diante do novo cenário, agora ele já pensa em formas de aumentar o interesse do cliente nacional.
“Exportamos um pouco nas duas primeiras semanas de março, mas o transporte paralisou. Cerca de 97% deve ficar no mercado interno, a não ser que reabra o mercado para exportação nos próximos dois meses”, explica em entrevista à Globo Rural.
Bonaventure acredita que a abundância da fruta no Brasil atraia o consumidor, principalmente pelo preço, que deve ser mais acessível. Para isso, ele conta com a ajuda da Benassi, empresa de importação e distribuição de frutas, legumes e verduras.
Preço ao consumidor
Bruno Benassi, responsável pela gestão da sede da empresa em São Paulo, estima que o preço da atemoia, que antes variava entre R$ 10 e R$ 12 o quilo no ponto de venda, caia pela metade. “Neste ano, vejo um cenário possível e provável que pode chegar aí a cerca de R$ 5, R$ 6 reais o quilo. Enxergamos isso pelo volume de oferta, mas isso pode não se concretizar”, pondera.
saiba mais
Coronavírus leva à redução da área de plantio de hortaliças
Chuva atrapalha colheita e preço do limão tahiti sobe 31%
As margens de lucro da Benassi também foram reduzidas, diz Bruno, para que o produto possa ter um preço acessível e o produtor também não tenha mais prejuízo. “Ele [o produtor] tem mais volume, então vai gastar mais com embalagem, mão de obra e transporte, grupos que são onerosos. Para não ter tudo isso e também dificuldade para escoar, nós fizemos nossa parte e acreditamos que ajude na disseminação da fruta”.
A Benassi comercializa na Ceagesp 132 toneladas de atemóia por ano, concentradas entre março e junho, quando ocorre a safra da fruta. Mas, para se ter uma ideia do volume deste ano, apenas essa empresa estima receber 400 toneladas de seus fornecedores, sem mencionar outros agricultores no Paraná, na Bahia e em São Paulo, principal Estado produtor, que representa 44% da produção brasileira.
Lições aprendidas
A fazenda da Bonaventure, que fica entre as cidades de Paraisópolis e Conceição dos Ouros, no sul de Minas Gerais, tem 30 hectares de atemoia e mais cinco hectares formando pés, já que a fruta é perene, como o café.
Devido ao impacto do coronavírus, Bonaventure aprendeu a lição. “Vai ficar o legado para ser mais atento ao mercado interno, incluindo o alto padrão estético da atemoia. A ideia, daqui pra frente, é não colocar todos os ovos na mesma cesta”, admite.
Conhecida no Canadá como ice cream fruit, ou fruta de sorvete, em português, a atemoia é caracterizada pelo alto nível de doçura. Assim como outros produtores, Bonaventure espera que ela também seja aceita pelo paladar dos brasileiros.
saiba mais
Preço de frutas, verduras e legumes dispara na quarentena
Plataformas digitais conectam agricultores e consumidores em "feiras online" de alimentos
Curiosidades da atemoia
(Foto: Divulgação)
A atemoia pode ser consumida in natura e a dica para escolher a fruta madura é reparar se as linhas entre os gomos estão mais claras. Se estiverem, está no ponto para comer. Porém, o tempo de prateleira do fruto é relativamente curto e, de acordo com Bonaventure, dura em média de sete a 10 dias.
O produtor também explica que, diferente da fruta-do-conde, a atemoia tem menos sementes, mais poupa e é mais doce. Há uma escala que mede a doçura dos alimentos, chamada Brix. Enquanto a banana, que já é doce, chega a 20 graus, a atemoia às vezes chega a 30 graus.
Por ter uma polpa cremosa, a fruta também pode ser ingrediente para bolo, mousse e suco.
saiba mais
Dicas para manter os alimentos frescos por mais tempo
Source: Rural